SEVENTY | BOSS

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O sol começou a se pôr e, quando as trombetas na aldeia tocaram, eu soube que os representantes das sete tribos haviam chegado.

— Chegou a hora — me levantei da minha cama e o Aiken, que estava do outro lado da casa de Olga, praticamente se projetou do meu lado para me ajudar a ficar de pé.

— Criança, eu te aconselho a permanecer aqui dentro por hora. Ver uma forasteira em nossas terras vai dificultar a conversa entre os líderes, então eu peço por paciência. — Olga disse diretamente para mim e eu suspirei, cedendo, porque sabia que ela estava certa.

— Tudo bem, mas, se eles demorarem, eu vou entrar — a avisei e ela assentiu, colocando o capuz de sua capa preta e indo para fora para recepcionar os convidados que estavam indo para a tenda de Wakanda.

Comecei a andar, mesmo que curvada por causa da dor do machucado na barriga, em direção a porta.

— Ei, ei, ei! Aonde você pensa que tá indo? Pensei que tivesse concordado com a Olga que o melhor seria esperar — Aiken se botou em minha frente.

— Mas eu vou esperar — o tranquilizei antes de concluir: — Escondida enquanto escuto a conversa do lado de fora da tenda.

Aiken acabou por sorrir.

— Você não vai desistir, né?

— E você lá já me viu ficar de fora de alguma coisa, Aiken? — coloquei as mãos na cintura e ele deu de ombros, concordando.

— Eu levo você — se dispôs a ajudar, passando o braço pelas minhas costas enquanto eu passava o meu pelo seus ombros.

Aiken e eu atravessamos a aldeia pelas sombras, tomando cuidado para não sermos pegos no flagra.

Os representantes ainda passavam por uma cerimônia de boas-vindas quando passamos perto de onde estavam, o que nos deu tempo o suficiente para prosseguirmos até a tenda e nos escondermos na sua traseira, onde havia uma mata que cobria metade de nossos corpos.

Agachados, então, esperamos. E eles não demoraram para chegar.

(...)

A reunião começou amigável, Wakanda não demonstrava urgência e levava a conversa na maior tranquilidade possível, perguntando sobre o estado de cada tribo e como estavam os seus respectivos representantes e seus familiares. Eles conversavam em sua língua mãe, então era um pouco difícil de acompanhar, mas, pelo menos, eu entendia algumas coisas, pena mesmo eu tinha era do Aiken que não entedia uma vírgula sequer. E continuou assim por um bom tempo, até um deles interromper Wakanda, perguntando sobre o verdadeiro motivo deles estarem ali. Como resposta, a mulher primeiramente o repreendeu pelo jeito como a tratou, mas explicou. Contou sobre um aviso de uma ameaça eminente e sobre como isso afetaria a aldeia. Quando os representantes entenderam que a ameaça se tratava da Capital, um alvoroço começou dentro da grande tenda. Todos começaram a falar juntos, ao que parecia, indignados. O que era compreensível, porque os aldeões nunca precisaram temer o Distrito e não começariam agora.

Vendo que aquela enrolação toda não daria em lugar algum, decidi intervir.

E foi por isso que marchei tenda a dentro, entrando como se fosse a dona do lugar.

eni ti o gbiyanju lati dahun ipade mimọ laarin awọn ẹya meje ati iya rę?— reconheci a voz do homem que interrompeu Wakanda naquela vez.

"Quem ousa interromper uma reunião sagrada entre as sete tribos e a sua mãe?"

O homem era negro de cabelo escorrido e usava um cocar de penas vermelhas e azuis que se estendia por toda suas costas, mas o que mais lhe caracterizava era as suas cicatrizes que estavam por todos os lados. Provavelmente presentes das guerras pelas quais já passou.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora