Quinhentos anos após uma terceira guerra mundial sangrenta que levou a humanidade perto de sua extinção, o mundo se tornou um lugar totalmente diferente do que conhecemos atualmente.
Uma terra onde a tecnologia e os costumes primitivos andam lad...
Depois de pensar sobre o discurso de raiva do Carter e me recuperar, fui até o refeitório onde achei os recrutas reunidos em uma mesa.
— Pensei que não viria mais — Margot brincou de bom humor, eu havia percebido que ela estava verdadeiramente feliz ali.
E vê-la daquele jeito depois de tudo o que passou era simplesmente incrível.
— Tive uns... — enquanto me sentava, olhei em direção ao Carter que me fitava receoso sobre o que eu falaria a seguir —...contratempos.
— A comida daqui é divina — Victoria comentou maravilhada e eu sorri.
Passei meu olhar pelo restante da mesa e parei no Aiken, que sorriu de lado, provavelmente lembrando das mesmas coisas que eu, que também me fizeram sorrir e corar.
— Okay, o que aconteceu entre vocês dois? — Ayla perguntou ao ser a única a notar a nossa troca de sorrisos, fazendo todo mundo nos encarar.
— Nada — fui rápida ao responder e desviei o olhar para as minhas mãos sobre a mesa, as mexendo de maneira nervosa.
Ayla parecia ler a expressão corporal do irmão e, ao terminar de analisá-lo, ela pareceu ter tido um veredito.
— Vocês transaram! — Acusou surpresa, mas nem tanto, me fazendo a encarar assustada.
Como, diabos, ela sabia disso só olhando pro irmão?
— Espera, o quê? — Margot agora tinha os olhos levemente arregalados na minha direção.
— Pensei que estivesse de luto por causa do Amon, Ninka — Karl tentou me provocar.
— Desculpe, eu pensei ter escutado uma cobra falar — eu disse para ninguém em específico.
— Quanta maturidade! — ele reclamou, insatisfeito por quem ter sido ofendido no final das contas foi ele mesmo.
— Me desculpa se eu vou ser indiscreta, mas eu pensei que estivesse com o Carter — Victoria disse, fazendo o capitão, até então alheio à conversa, a encarar.
— Por que ela estaria comigo? — ele perguntou, parecendo incomodado com a exposição.
— Por causa daquele beijo, oras! — Victoria disse como se fosse o óbvio — Todo mundo achou que tivesse rolando alguma coisa e, sinceramente, eles dois foram uma surpresa — apontou com o indicador para mim e para o Aiken.
— Não pra mim — Ayla cruzou os braços e me encarou com os olhos semicerrados.
— Nem pra mim — Carter confessou e eu arqueei uma sobrancelha em sua direção.
Desde quando ele prestara atenção em mim e no Aiken?
— Nunca houve nada entre eu e o Carter — eu voltei ao ponto — A nossa relação sempre foi na base de liderança e implicância, e, se alguma vez nos sentimos atraídos um pelo outro, foi porque confundimos uma coisa com a outra. O beijo que vocês tanto gostam de lembrar foi uma saída para uma situação de crise e só. Nunca houve nada além disso.
— Foi quando confundiram uma coisa com a outra? Digo, quando se beijaram — Aiken quem perguntou, me olhando curioso sobre a resposta.
Até arrisco dizer que ele soava inseguro sobre aquele assunto.
— Foi — Carter respondeu por mim.
— Não os julgo, no fim do mundo é difícil termos relações ou conexão com alguém. Então é fácil confundir paixão por hormônios reprimidos. — Ayla disse, parecendo ter experiência própria sobre o assunto.
— Fale por você, o fim do mundo pra mim estava sendo bem produtivo na aldeia — Karl se gabou.
— Falou o que deixou a menina com quem transou para morrer — eu alfinetei, ácida — Aposto que se alguém te conhecesse de verdade, nunca sequer encostaria em você.
— Autch! — Margot fez uma careta de dor.
— Ótimo, todo mundo teve alguém nesse fim de mundo, menos eu! — Victoria reclamou, fazendo biquinho.
— Podemos resolver isso agora — Ayla a respondeu com um sorriso malicioso, fazendo a ruiva ficar da cor do cabelo.
Aiken gargalhou das nossas expressões chocadas ao mesmo tempo que surpresas.
— Olha o que você fez com eles — disse para irmã enquanto apontava para nós.
— Ué, mas eu tô falando sério — ela se virou para Victoria — Só me dá cinco minutos sozinha com você e eu te faço se sentir a pessoa mais amada do mundo.
— Aí meu deus! — a menina enterrou o rosto em chamas nas mãos.
Foi a nossa vez de gargalhar, Ayla era definitivamente a pessoa mais autoconfiante dali.
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