FIFTY ONE | LADIES FIRST

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Eu e o Aiken não tivemos como seguir os guardas, pois logo chegaram outros que nos fizeram voltar ao nosso trajeto até o quarto. E, quando entramos todos lá, tivemos uma surpresa:

— Estamos trancados — eu constatei ao tentar abrir a porta.

— O quê? — Carter veio até onde eu estava e forçou a fechadura, falhando ao tentar abrir a porta novamente.

— Por que nos trancaram? — Ayla perguntou em alerta. Troquei um olhar preocupado com o Aiken.

— Deve ser para selar o quarto e impedir que inalemos o vapor do remédio — Margot tentou justificar.

— Alexa! — eu chamei a inteligência artificial que se materializou em minha frente.

Jesus Cristo! — Karl colocou a mão no peito, assustado.

— Não, eu sou a Alexa — a mulher robótica o corrigiu e se voltou para mim — Me chamou, Srta. Baker?

— Pode me dizer o porquê de estarmos trancados?

— Para mantê-los seguros — ela respondeu, direta e vaga.

— Eu disse! — Margot deu de ombros.

— E quanto tempo ficaremos presos? — eu tornei a perguntar.

— Suponho que pelo restante da noite, Srta.

— E se quisermos ir ao banheiro? — Aiken quem perguntou, usando uma desculpa esfarrapada para verificar se tínhamos alguma chance de sairmos dali para procurarmos por respostas.

— Pedirei para que um guarda traga um recipiente onde possa fazer suas necessidades biológicas — ela o respondeu.

Ew! — Victoria fez uma careta de nojo.

— Isso também vale para comida? — Karl perguntou.

— Vocês já tiveram a refeição de hoje, Sr. Turner, então não — ela o respondeu.

— Ótimo! — o quase loiro ironizou.

— Isso é tudo, Alexa, obrigada — a mulher assentiu e sumiu.

— Bom, então só nos resta dormir — Carter decretou e ocupou uma cama.

— Estou mesmo precisando descansar — Victoria bocejou e esticou os braços, também indo ocupar uma cama.

Então, um a um, todo mundo foi deitando e dormindo. Eu, apesar de sentir o meu corpo cansado, não consegui pregar os olhos, mesmo depois que apagaram todas as luzes dos quartos e só restaram as vermelhas de emergência nos corredores.

— Ei — Aiken se pendurou de cabeça para baixo na sua cama para poder olhar para mim, que estava deitada na cama abaixo da sua — Não consegue dormir?

Balancei a cabeça em negação e ele se segurou para jogar lentamente o corpo ao meu lado na cama. Me espremi contra a parede para que nós dois conseguíssemos ficar ali.

— Não consigo parar de pensar nos guardas armados — eu o confidenciei em um sussurro, olhando para o suporte metálico da cama dele que servia de teto para mim.

— Nem eu — respondeu sincero — Se ao menos pudéssemos sair daqui, poderíamos ver o que de fato aconteceu.

O encarei.

— O quê? — ele me olhou confuso.

— Talvez possamos.

— Como? Estamos trancados — ele reafirmou, como se eu não lembrasse disso.

— Eu sei, mas pensa comigo: — eu me coloquei de lado e apoiei a cabeça na minha mão, e o Aiken me imitou — Qual problema eles usaram para omitir o verdadeiro problema?

— O vapor do remédio.

— Que sairia pelos...— então ele entendeu.

— Tubos de ar — me encarou impressionado.

— Com certeza deve ter algum aqui dentro do quarto e, se o acharmos, poderíamos usá-lo para irmos e voltarmos — eu contei o plano e ele sorriu — O que foi?

— Eu já disse que sua mente é incrível? — perguntou admirado, me fazendo corar.

Idiota — o empurrei pelo ombro e ele riu, aproximando seu rosto do meu para me beijar.

— Só tem um problema — eu disse depois de desgrudar os nossos lábios — Como vamos achar os tubos de ventilação sem acordar um deles? — olhei para todos que dividiam o quarto com a gente.

— Deixa comigo — Ele se afastou, saindo da cama.

Aiken se jogou no chão e saiu rastejando sem fazer nenhum barulho para checar em baixo das camas. Ele parou na do Carter e fez um sinal positivo com o polegar, mas aí ele começou a olhar ao nosso redor como se procurasse alguma coisa. Perguntei com gestos o que ele estava procurando e ele fez um sinal de chave com a mão, a entrada para os tubos tinha uma grade de proteção e precisaríamos de alguma coisa para desparafusá-la.

Então foi minha vez de entrar em ação. Saí da cama nas pontas dos pés e tentei pensar em algo ao olhar para os recrutas. Quando meu olhar caiu sobre o Karl, que dormia de boca aberta, tive uma ideia. Fui até a cômoda onde estava as roupas que usávamos antes, vasculhei as minhas e, entre as peças, achei o colar do Amon. O pingente de metal era como uma gravura militar de época e era fino o bastante para ser encaixado nos parafusos. Voltei até onde estava o Aiken e o entreguei. O loiro não demorou muito para desparafusar a entrada e deixar o caminho livre para nós. Mas no processo de tirar a grade que servira como tampa, ele deixou que o colar caísse e fizesse um pequeno barulho ao se chocar contra o chão, o que nos fez parar de respirar automaticamente.

— Ei, o que vocês...— Carter acordou meio sonolento e o jeito que o Aiken encontrou de o fazer voltar a dormir sem acordar mais ninguém foi o socando com força, o que fez com que ele desmaiasse.

Tampei minha boca com as minhas mãos, reprimindo qualquer som que eu pudesse reproduzir.

— Isso foi por ele ter te beijado e te magoado — Aiken sussurrou tão baixo que eu só o escutei por estar praticamente colada nele.

— Vamos logo — eu apontei para o tubo, ainda perdida sobre o soco e a justificativa para o mesmo.

— Primeiro as damas — ele me deu passagem com um sorriso galanteador e eu fui na frente.

Que seja o que Deus quiser.


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O Aiken representando todo mundo que queria matar o Carter por causa das babaquices que ele tava falando.

O Aiken representando todo mundo que queria matar o Carter por causa das babaquices que ele tava falando

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E aí, o que vocês acham que eles vão encontrar nessa "procura"?

Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora