Eu e o Aiken não tivemos como seguir os guardas, pois logo chegaram outros que nos fizeram voltar ao nosso trajeto até o quarto. E, quando entramos todos lá, tivemos uma surpresa:— Estamos trancados — eu constatei ao tentar abrir a porta.
— O quê? — Carter veio até onde eu estava e forçou a fechadura, falhando ao tentar abrir a porta novamente.
— Por que nos trancaram? — Ayla perguntou em alerta. Troquei um olhar preocupado com o Aiken.
— Deve ser para selar o quarto e impedir que inalemos o vapor do remédio — Margot tentou justificar.
— Alexa! — eu chamei a inteligência artificial que se materializou em minha frente.
— Jesus Cristo! — Karl colocou a mão no peito, assustado.
— Não, eu sou a Alexa — a mulher robótica o corrigiu e se voltou para mim — Me chamou, Srta. Baker?
— Pode me dizer o porquê de estarmos trancados?
— Para mantê-los seguros — ela respondeu, direta e vaga.
— Eu disse! — Margot deu de ombros.
— E quanto tempo ficaremos presos? — eu tornei a perguntar.
— Suponho que pelo restante da noite, Srta.
— E se quisermos ir ao banheiro? — Aiken quem perguntou, usando uma desculpa esfarrapada para verificar se tínhamos alguma chance de sairmos dali para procurarmos por respostas.
— Pedirei para que um guarda traga um recipiente onde possa fazer suas necessidades biológicas — ela o respondeu.
— Ew! — Victoria fez uma careta de nojo.
— Isso também vale para comida? — Karl perguntou.
— Vocês já tiveram a refeição de hoje, Sr. Turner, então não — ela o respondeu.
— Ótimo! — o quase loiro ironizou.
— Isso é tudo, Alexa, obrigada — a mulher assentiu e sumiu.
— Bom, então só nos resta dormir — Carter decretou e ocupou uma cama.
— Estou mesmo precisando descansar — Victoria bocejou e esticou os braços, também indo ocupar uma cama.
Então, um a um, todo mundo foi deitando e dormindo. Eu, apesar de sentir o meu corpo cansado, não consegui pregar os olhos, mesmo depois que apagaram todas as luzes dos quartos e só restaram as vermelhas de emergência nos corredores.
— Ei — Aiken se pendurou de cabeça para baixo na sua cama para poder olhar para mim, que estava deitada na cama abaixo da sua — Não consegue dormir?
Balancei a cabeça em negação e ele se segurou para jogar lentamente o corpo ao meu lado na cama. Me espremi contra a parede para que nós dois conseguíssemos ficar ali.
— Não consigo parar de pensar nos guardas armados — eu o confidenciei em um sussurro, olhando para o suporte metálico da cama dele que servia de teto para mim.
— Nem eu — respondeu sincero — Se ao menos pudéssemos sair daqui, poderíamos ver o que de fato aconteceu.
O encarei.
— O quê? — ele me olhou confuso.
— Talvez possamos.
— Como? Estamos trancados — ele reafirmou, como se eu não lembrasse disso.
— Eu sei, mas pensa comigo: — eu me coloquei de lado e apoiei a cabeça na minha mão, e o Aiken me imitou — Qual problema eles usaram para omitir o verdadeiro problema?
— O vapor do remédio.
— Que sairia pelos...— então ele entendeu.
— Tubos de ar — me encarou impressionado.
— Com certeza deve ter algum aqui dentro do quarto e, se o acharmos, poderíamos usá-lo para irmos e voltarmos — eu contei o plano e ele sorriu — O que foi?
— Eu já disse que sua mente é incrível? — perguntou admirado, me fazendo corar.
— Idiota — o empurrei pelo ombro e ele riu, aproximando seu rosto do meu para me beijar.
— Só tem um problema — eu disse depois de desgrudar os nossos lábios — Como vamos achar os tubos de ventilação sem acordar um deles? — olhei para todos que dividiam o quarto com a gente.
— Deixa comigo — Ele se afastou, saindo da cama.
Aiken se jogou no chão e saiu rastejando sem fazer nenhum barulho para checar em baixo das camas. Ele parou na do Carter e fez um sinal positivo com o polegar, mas aí ele começou a olhar ao nosso redor como se procurasse alguma coisa. Perguntei com gestos o que ele estava procurando e ele fez um sinal de chave com a mão, a entrada para os tubos tinha uma grade de proteção e precisaríamos de alguma coisa para desparafusá-la.
Então foi minha vez de entrar em ação. Saí da cama nas pontas dos pés e tentei pensar em algo ao olhar para os recrutas. Quando meu olhar caiu sobre o Karl, que dormia de boca aberta, tive uma ideia. Fui até a cômoda onde estava as roupas que usávamos antes, vasculhei as minhas e, entre as peças, achei o colar do Amon. O pingente de metal era como uma gravura militar de época e era fino o bastante para ser encaixado nos parafusos. Voltei até onde estava o Aiken e o entreguei. O loiro não demorou muito para desparafusar a entrada e deixar o caminho livre para nós. Mas no processo de tirar a grade que servira como tampa, ele deixou que o colar caísse e fizesse um pequeno barulho ao se chocar contra o chão, o que nos fez parar de respirar automaticamente.
— Ei, o que vocês...— Carter acordou meio sonolento e o jeito que o Aiken encontrou de o fazer voltar a dormir sem acordar mais ninguém foi o socando com força, o que fez com que ele desmaiasse.
Tampei minha boca com as minhas mãos, reprimindo qualquer som que eu pudesse reproduzir.
— Isso foi por ele ter te beijado e te magoado — Aiken sussurrou tão baixo que eu só o escutei por estar praticamente colada nele.
— Vamos logo — eu apontei para o tubo, ainda perdida sobre o soco e a justificativa para o mesmo.
— Primeiro as damas — ele me deu passagem com um sorriso galanteador e eu fui na frente.
Que seja o que Deus quiser.
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O Aiken representando todo mundo que queria matar o Carter por causa das babaquices que ele tava falando.
E aí, o que vocês acham que eles vão encontrar nessa "procura"?
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Ninka Baker e Os Recrutas
Science FictionQuinhentos anos após uma terceira guerra mundial sangrenta que levou a humanidade perto de sua extinção, o mundo se tornou um lugar totalmente diferente do que conhecemos atualmente. Uma terra onde a tecnologia e os costumes primitivos andam lad...