Saímos em alta velocidade pelas ruas da cidade destruída. Ayla em algum momento começou a buzinar para chamar a nossa atenção, olhei para ela que apontou para o nosso lado direito.— Que merda é aquela? — Carter soltou a pergunta espontaneamente assim que viu uma fumaça laranja vindo do leste.
Aiken arriscou tirar os olhos da estrada por um segundo para ver do que se tratava, e a forma como praguejou um palavreado a seguir não foi nada boa.
— Tempestade de areia — ele disse e eu arregalei os meus olhos, me colocando entre os dois bancos da frente.
— Tá brincando com a minha cara?
— Isso é bom? Ruim? Por que sua irmã está tão agitada na moto, olhando para lá o tempo todo? — Margot disparou a perguntar, totalmente nervosa.
— É péssimo. E ela está assim porque vai nos atingir em menos de cinco minutos. — ele respondeu.
— O QUÊ?! — minha voz saiu esganiçada por causa do meu espanto.
— Ninka, inferno, o meu ouvido! — Carter reclamou, se encolhendo no banco.
— O que nós vamos fazer? — Victoria perguntou, querendo chorar. Margot a abraçou de lado, numa tentativa de conforto.
— Procurar um lugar para nos abrigar — respondeu, desviando o carro de um paralelepípedo alheio jogado no meio da rua.
— Cara, como a gente vai parar com um bando de mortos correndo incansavelmente atrás da gente? — Carter apontou com o polegar para o nosso primeiro problema.
— Ele tem razão. Não tem como usarmos a tempestade ao nosso favor? Os mortos não vão conseguir enxergar com ela — eu tentei uma solução.
— E nem a gente — Aiken descartou — Fora que é arriscado demais dirigir às cegas em uma velocidade tão alta como estamos. E o barulho do carro e da moto servem como uma bússola para os mortos, então quanto mais cedo pararmos...
— Mais cedo os despistamos — eu entendi sua linha de raciocínio — Mas aonde nós nos abrigaríamos? A cidade tá destruída e precisamos chegar no Distrito ainda hoje.
— Eu tenho uma ideia. E, se der certo, escaparemos por pouco. — Aiken disse, me lançando um breve olhar de lado — Acho melhor você mandar seus amigos se segurarem lá atrás.
Segui seu conselho e me virei no banco, ficando de joelhos enquanto abria a janela que nos dava visão para a parte da traseira aberta do carro.
— EI! — precisei gritar, para que os meninos me escutassem, por causa do barulho do motor e do vento — SE SEGUREM E PROTEJAM OS NARIZES!
— POR QUE? — Karl questionou enquanto segurava com mais firmeza os cintos afivelados que estavam por volta das malas.
Em resposta, apontei para o local as suas costas por onde estava vindo a tempestade de areia e o garoto arregalou os olhos.
— EI, BUNDÃO! — Ayla surgiu atrás do carro, chamando a atenção dos meninos — TEM UMA SACOLA COM... — ela parou de falar para desviar de algo no meio da pista.
— O QUÊ? — Karl gritou de volta.
— SACOLA COM ARMAS, VÃO PRECISAR USÁ-LAS! — soltou uma das mãos da direção para apontar para a bolsa correta, a qual estava cheia de armas de fogo.
— Aiken? — eu me virei ainda de joelhos para o loiro que me olhou pelo retrovisor — Por que a sua irmã está mandando os recrutas pegarem em armas?
— Porque ela sabe o que pretendo fazer e nós vamos precisar — ele respondeu, voltando a atenção para a estrada deformada — Carter, está com a espingarda que eu te dei?
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Ninka Baker e Os Recrutas
Science FictionQuinhentos anos após uma terceira guerra mundial sangrenta que levou a humanidade perto de sua extinção, o mundo se tornou um lugar totalmente diferente do que conhecemos atualmente. Uma terra onde a tecnologia e os costumes primitivos andam lad...