Espremida, como em uma lata de sardinha, me arrastei pelos tubos de ar em direção ao corredor principal, que não era tão longe assim.— Merda — eu xinguei quando vi uma grade de proteção, igual a do quarto, na saída do tubo.
— O que foi? — Aiken perguntou atrás de mim no escuro já que tudo o que conseguia ver era o meu corpo de costas pro seu.
— Tá parafusado — eu sussurrei para ele, não querendo chamar a atenção de seja lá quem estivesse por perto.
— Merda — ele me imitou.
— Aiken — o chamei — Como diabos vamos sair daqui?
— Se eu conseguir alcançar o colar do Amon no meu bolso, você pode desparafusar — ele sugeriu, caçando o objeto em sua calça.
Mas, como eu havia dito, o tubo era estreito e estávamos praticamente espremidos, então ele estava tendo um grande trabalho para conseguir apalpar o próprio bolso. Sem paciência, olhei para a minha frente e, pelas frestas da grade, notei que o corredor estava vazio. Por ser mais magra e flexível, fui bem mais rápida ao conseguir passar as minhas pernas para frente e deitar no tubo. Segurei no teto metálico e impulsei meu corpo com toda força e raiva que tinha para frente, chutando a grade que acabou saindo do lugar. Chutei uma segunda vez, desta vez só com uma das minhas pernas, e a escutei cair no chão.
Olhei com um sorriso convencido para o Aiken atrás de mim que arqueou as sobrancelhas.
— Ou podia simplesmente fazer isso.
— Vamos lá — murmurei e rastejei para sair.
Ao firmar os meus pés no chão do corredor branco, me levantei e ajeitei o meu cabelo que grudava levemente no meu rosto. Aiken se pôs ao meu lado logo depois de colocar a grade de volta no lugar para não chamar atenção.
— Tá sentindo? — inspirei o ar com força e ele me imitou.
— Não — respondeu com as sobrancelhas unidas.
— Exatamente — lhe encarei, confirmando as nossas suspeitas de que não havia problema nos tubos de ar coisa nenhuma.
— Consegue nos levar até a ala médica? — ele perguntou, olhando para os lados para ter certeza de que estávamos a sós.
— Talvez — eu disse duvidosa.
— Confiar nos instintos, lembra? — ele me apoiou.
— Acho que preciso mais da minha memória do que dos meus instintos agora — retruquei com os olhos semicerrados.
— Eu confio em você toda — garantiu com um sorriso contido de lado, tentando me tranquilizar — Vai na frente — fez um sinal com a cabeça e eu assenti, prosseguindo com o que estávamos fazendo.
Foi difícil me localizar com a pouca luminosidade que tinha, mas logo achei o trajeto que havia feito anteriormente ao seguir o Bruce até a sala dos exames.
— Foi aqui — eu disse parada de frente para a janela da sala que, agora, estava vazia — Eu não entendo, deveria ter alguma coisa.
Balancei a cabeça inconformada e olhei para o Aiken que estava parado ao meu lado analisando a sala por si só. Ele estava prestes a me responder, mas um barulho de passos fez com que eu me escondesse e puxasse o Aiken comigo para trás da mesma pilastra que eu havia me escondido com o Carter anteriormente. Não precisei dizer para ele ficar quieto, pois o loiro já sabia disso.
E, quando os guardas passaram apressados e armados no corredor, Aiken me encarou.
— Isso tem cara de 'alguma coisa' pra você? — me perguntou e eu sorri, feliz por estar certa e por ele ter confiado em mim — Vamos dar uma olhadinha.
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Ninka Baker e Os Recrutas
Science FictionQuinhentos anos após uma terceira guerra mundial sangrenta que levou a humanidade perto de sua extinção, o mundo se tornou um lugar totalmente diferente do que conhecemos atualmente. Uma terra onde a tecnologia e os costumes primitivos andam lad...