FORTY ONE | GRENADE

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Ficamos na estrada por, pelo menos, uma hora, até que o Aiken parou.

— Daqui em diante vamos a pé — ele comunicou, fazendo todo mundo descer do carro.

Estávamos perto dos muros que eu havia visto do hotel, mas ainda precisaríamos andar um pouco. Percebi que naquela parte da cidade também haviam pessoas, e muitas delas, como no início por onde ficamos hospedados. O que diferenciava as duas partes da cidade era as condições de vida, naquela parte as pessoas pareciam bem mais miseráveis e agitadas.

Karl e Amon distribuiriam as mochilas e as armas, nos deixando prontos para o que viria a seguir.

— Fiquem alertas. É uma cidade de militantes. Qualquer discussão acaba em briga, então não encarem, mas mantenham os olhos abertos! — Ayla discursou enquanto carregava sua arma e a colocava no coldre pendurado na sua cintura.

Aiken saiu andando na frente para guiar o grupo. Ayla ficou um pouco mais atrás, para ter mais visão.

Nas ruas haviam algumas pessoas jogadas ao chão, fogueiras apagadas e muita movimentação. Notei que grande parte da multidão se concentrava próxima aos muros, que deduzi ter entre 30 a 50 metros de altura, onde havia um homem em cima de um tonel de ferro discursando em um mega-fone.

Margot segurou o meu braço, o seu rosto carregando uma expressão de medo. Alguns homens olhavam desconfiados para o nosso grupo, outros sorrateiramente como se pretendessem alguma coisa.

— Antes de chegarmos perto dos manifestantes, preciso saber qual é o plano de vocês — Aiken disse de repente, fazendo o grupo formar uma pequena roda perto de si.

— Plano? — Carter uniu as sobrancelhas.

— Para conseguirem entrar na Capital — Aiken especificou.

— Pensamos em simplesmente pedirmos — eu respondi pelo grupo, fazendo o loiro arquear as sobrancelhas.

— Ela tá brincando com a minha cara, né? — Ayla perguntou para o irmão e se voltou para mim — Não me diga que nos fez te trazer até aqui sem nenhum plano!

— Eu...nós...— eu não soube o que responder, então me calei, lhe dando a sua resposta.

A menina soltou uma risada sarcástica.

— Ninka, olha pra lá! — ela pousou a mão no meu pescoço e direcionou minha cabeça para a multidão que gritava afobada, exigindo alguma coisa — Aquelas pessoas se juntam todos os dias em frente a esses muros, faça chuva ou faça sol. Elas tentam todos os dias entrarem na droga do Distrito e falham em todos eles. Por que diabos vocês acharam que hoje seria diferente?

— Porque somos familiares dos militares que estavam na terceira guerra, isso deve valer de alguma coisa — Carter foi quem falou, usando a mesma justificativa que deu aos recrutas quando tomou a decisão de vir para cá.

— Inacreditável! — Ayla se afastou de mim e balançou a cabeça negativamente, como se aquilo não fosse dar certo.

— Aiken — eu o chamei de lado — Eu vi que na frente dos muros ficam alguns guardas do distrito, e percebi isso pela roupa que usam, então talvez possamos ao menos tentar convencê-los.

— Ninka — ele me segurou pelos ombros — Antes da guerra, na Inglaterra, existiam guardas em frente às residências reais que passavam horas em uma única posição. Eles não se mexiam, nem falavam e nem expressavam uma única reação. — ele me virou em direção aos muros, igual como sua irmã havia feito — Esses caras são piores, recebem ordem de atirar para matar caso a multidão chegue muito perto. Só o olhar deles dá medo. Não tem como conversar.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora