Tomada banho e de roupa trocada, vesti a minha máscara de quem era inabalável e me dirigi até onde estavam todos, que por acaso era no segundo andar.Cleo foi a primeira a se calar ao notar a minha presença, seguida de Ayla e Atlas, o que fez com que o Aiken virasse para olhar na minha direção para entender o que estava acontecendo. Ao me ver, o loiro mudou a expressão de pensativa pra preocupada.
— Ei, não precisava ter saído do quarto hoje — tentou me poupar de qualquer preocupação.
— Acredite, você não iria querer que ela ficasse no quarto — Ayla o respondeu por mim e me olhou — Junte-se a nós pra quebrar a cabeça sobre os motivos da sua cassação e do massacre.
— Eu não preciso pensar nos motivos quando já sei quais são — respondi sem prolongar o suspense e me juntei à mesa grande e circular a qual eles estavam ao redor.
— Somos todos ouvidos — Cleo deu a deixa para que eu começasse a explicar.
Suspirei.
— Estavam me caçando porque obviamente não queriam as famílias dos recrutas no Distrito, mesmo nos prometendo o contrário. Até porque eles não precisam deles. — comecei.
— E do que precisam? — Atlas perguntou por todos.
— Das crianças e dos adolescentes — eu os respondi e todos franziram as testas, menos o Aiken que pareceu ter encontrado uma resposta para uma pergunta interna.
— Foi por isso que quando estávamos no Bunker haviam mais adultos mortos do que...— ele não terminou ao me olhar, porque ele sabia que eu havia lembrado do Wally.
Soquei a dor da perda para o fundo do meu cérebro e me obriguei a focar naquilo.
— Por que pegariam algumas crianças e matariam outras? — Ayla perguntou totalmente confusa.
— Devem ter morrido sem querer com a explosão ou por terem resistido — eu deduzi, sem realmente saber a resposta.
A verdade era que tudo fazia parte de uma teoria na minha cabeça, era a única que fazia sentido e que respondia à maioria das nossas perguntas, então era isso ou nada.
— Okay, mas pra que eles precisariam das crianças e dos adolescentes? — Cleo tentou seguir minha linha de raciocínio.
Troquei um olhar significativo com o Aiken, que então entendeu o que eu pensava.
— É claro que era por isso! — ele espalmou a própria testa — Eu não sei como não percebemos isso antes!
— O quê? — Ayla quis um esclarecimento.
— Precisam das crianças pra produzirem a cura — eu finalmente respondi e Cleo arregalou os olhos.
— Espera! Eles têm uma cura? Como vocês não me contaram isso antes? — Atlas perguntou embasbacado.
— Não é uma cura 100% funcional, ela só retarda o vírus e combate uma parte dele, o que não tem tanta duração assim já que ele se reproduz muito rápido — Aiken explicou ao relembrar o que nos foi explicado sobre o X-8.
— Mas, mesmo assim, é um avanço de séculos! — Cleo afirmou chocada — Como conseguem essa cura?
— Eu não sei, talvez seja pelo nosso sangue. De alguma forma, o fato de termos ficado tanto tempo embaixo da terra sem sermos expostos ao vírus, nos deu a possibilidade de produzir alguns anticorpos que o resto de vocês não têm — gesticulei.
— Eles juntam todos os anticorpos em uma só dosagem e deve ser assim que fazem a cura, mas até agora só conseguiram 40% — Aiken complementou.
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Ninka Baker e Os Recrutas
Ficção CientíficaQuinhentos anos após uma terceira guerra mundial sangrenta que levou a humanidade perto de sua extinção, o mundo se tornou um lugar totalmente diferente do que conhecemos atualmente. Uma terra onde a tecnologia e os costumes primitivos andam lad...