A equipe de enfermagem não só aplicou as injeções na gente, como também cuidou dos nossos machucados. Karl até tomou analgésicos para dor e eu ganhei duas faixas de pano enroladas entorno das minhas mãos machucadas.— Venham! Quero mostrar uma coisa a vocês — Bruce nos chamou e nós voltamos para o corredor extenso, onde no final dele havia duas portas que se abriram depois do homem encostar a mão novamente em um leitor de digital.
Ao passarmos por ela, tivemos uma surpresa ao ver um refeitório lotado de adolescentes com, aproximadamente, as nossas idades.
— Vocês não pensavam que estavam no único bunker do país, pensavam? — Bruce brincou ao nos ver boquiabertos.
— São iguais à nós? — eu perguntei ainda surpresa.
— Alguns deles passaram pelo mesmo que vocês, outros foram resgatados e outros trazidos — ele contou.
— Quem os trouxe? — Carter perguntou olhando para cada mesa lotada por um grupo diferente.
— Os nossos homens — Bruce disse e começou a andar, nós o seguimos — Nós sempre soubemos da existência dos bunkers. Os nossos antepassados deixaram alguns mapas com a localização desses espaços, mas ainda existem bunkers, como o de vocês, que não estão em nosso sistema, portanto, nem sabíamos da existência. E é somente por isso que não fomos ajudar antes.
— E onde está os familiares desses adolescentes? — Aiken perguntou quando notou o pequeno detalhe: não havia adultos por ali, nem ao menos crianças, mas Bruce logo o respondeu.
— Os adultos e as crianças ficam em alas separadas, porque isso ajuda à entrosar os grupos entre si.
— Bruce, são novatos? — uma garota, com traços asiáticos e com o cabelo escorrido, perguntou ao se aproximar de nós com um sorriso.
— Kim, esses são os moradores do bunker 4002 — Bruce nos apresentou.
— Hey! Sejam bem-vindos! — a menina sorriu ainda mais, deixando seus olhos mais apertados.
— Kim também é uma sobrevivente. O grupo dela era grande quando partiram do Bunker, mas, infelizmente, só quatro deles conseguiram chegar até aqui — ele nos explicou.
— Foi horrível. Me lembro do dia que chegamos aqui como se fosse ontem, estávamos assustados e famintos. Mas o Distrito nos ajudou. — ela gesticulava a medida que falava, nós assentimos compreensivos — Acreditem em mim quando digo que chegarem aqui foi a maior realização da vida de vocês.
— Obrigado pelo seu depoimento, Kim — Bruce a agradeceu.
— Vejo vocês por aí — foi tudo o que a asiática disse antes de sair do nosso campo de visão.
— Vamos continuar — então Bruce voltou a andar.
— É só eu ou esse lugar tá parecendo perfeito demais? — murmurei para Margot do meu lado.
— Tá brincando? Esse lugar é a personificação do paraíso na terra! — ela sorriu empolgada, voltando a caminhar.
Bom, não era isso que eu tava dizendo.
— Esse é o quarto de vocês — o homem abriu uma porta que deu para uma sala retangular com beliches metálicas suspensas nas paredes.
Havia uma cômoda de madeira no final do estreito corredor entre as oito camas com um pequeno espelho oval pendurado acima dela. Na parede acima da porta havia um relógio de ponteiros também pendurado.
— Camas individuais! — Victoria praticamente saltou no lugar, o que foi motivador o suficiente para que boa parte do grupo fosse se acomodar.
— Geralmente, separamos os quartos para meninas e meninos, mas, por serem novatos e não terem ainda outros vínculos aqui dentro, ficarão juntos nesse primeiro mês — Bruce explicou — Naquela cômoda tem roupa nova e toalhas para todos vocês. Os banheiros feminino e masculino ficam do outro lado do corredor. Vocês estão liberados para tomarem um banho e se juntarem aos outros no refeitório, devem estar famintos.
— E estamos! — Karl concordou.
— Lembram da voz robótica que falou com vocês na sala de iniciação? — nós assentimos — Pois bem, lhes apresento Alexa.
Então uma mulher se materializou em nossa frente, nos assustando.
— Wow! — Ayla recuou um passo.
— Me chamou, senhor? — Alexa, que tinha o cabelo preto preso em um coque e um vestido branco colado ao corpo, perguntou.
— Sim, Alexa, pode dizer quem são essas pessoas a minha frente? — Bruce a perguntou.
— São cinco moradores do bunker quatro zero zero dois e dois andarilhos não-identificados — a mulher disse como um gravador, nos assustando com a nova informação.
— É, a gente sabia que dois de vocês não eram quem diziam ser — o homem nos olhou — Mas não precisam se preocupar por agora, todos são muito bem-vindos.
— O que é isso? — Carter perguntou impressionado ao mesmo tempo que confuso sobre a Alexa.
— É uma assistente do Distrito com um alto nível de inteligência e informações, foi programada para ajudar os habitantes e a cada dia é melhorada — Bruce olhou para a invenção — Isso é tudo, Alexa.
Então a mulher assentiu com um sorriso artificial e sumiu.
— Vocês podem a chamar quando precisarem, ela responderá qualquer pergunta que estiver em seu alcance.
— É incrível — Margot disse impressionada.
— Eu sei — o homem sorriu convencido — Agora preciso resolver algumas coisas, encontro vocês no refeitório depois, tudo bem?
— Obrigado, Bruce — Carter foi quem agradeceu em nome do grupo.
— Estamos aqui para ajudar vocês — o homem piscou antes de sair.
— Eu vou tomar banho! — Victoria disse animada com a toalha e as suas roupas novas em mãos.
— Duas! — Margot pegou uma muda de roupa também.
— Três! — até a Ayla se empolgou, se levantando.
— Você não vem, Ninka? — Margot perguntou quando elas pararam na porta, prontas para saírem.
— Vão na frente — eu pedi e elas foram.
Me virei contra a cômoda e levantei um pouco a manga da minha jaqueta, arregalei os olhos quando notei que algo estava diferente.
— Estamos indo também — Carter apareceu do meu lado e eu fui rápida em cobrir o braço de volta.
— Okay — foi tudo o que lhe respondi com um sorriso forçado — Aiken! — eu chamei antes do loiro sair com os meninos — Esqueceu a sua toalha — eu dei uma desculpa esfarrapada para chegar perto dele, e quando eu tava perto o suficiente, sussurrei rapidamente: — me encontra no banheiro feminino depois.
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O próximo capítulo tá BA BA DO!
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Ninka Baker e Os Recrutas
Science FictionQuinhentos anos após uma terceira guerra mundial sangrenta que levou a humanidade perto de sua extinção, o mundo se tornou um lugar totalmente diferente do que conhecemos atualmente. Uma terra onde a tecnologia e os costumes primitivos andam lad...