TWENTY THREE | TRUTH

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Voltamos para a nossa tenda sendo escoltados por alguns aldeões. Assim que ficamos a sós, eu explodi. Empurrei Karl contra a parede de madeira e apertei o seu pescoço usando meu antebraço.

— Ei, ei, ei, ei, ei! — ele gritou, assustado, ficando sem ar.

— O que, diabos, aconteceu lá, Karl? — eu praguejei, transmitindo todos os meus sentimentos para a força usada contra o seu pescoço.

— Baker! Para! — ouvi Carter mandar enquanto me puxava pela cintura — Que merda é essa? — perguntou quando finalmente conseguiu me afastar.

— Ele estava com a garota cinco minutos antes dela ser atacada! — apontei para o menino que avaliava o próprio pescoço com uma careta de dor.

— O quê? — Carter franziu a testa e olhou para o Karl, esperando por sua confirmação.

— Eu não sei do que ela tá falando — ele mentiu na cara dura, me fazendo avançar novamente em sua direção.

Carter se colocou no caminho e me segurou antes que eu chegasse perto o bastante dele para acabar com o seu discreto sorriso cínico.

— Você estava transando com aquela mulher antes dela ser atacada! — eu o acusei.

— E o que tem de errado nisso? Você também estava transando com o senhor capitão aí — o seu comentário fez com que Carter me soltasse de vez.

— Você sabe que estávamos mentindo — eu rebati entredentes.

— Estavam mesmo? — ele perguntou sarcástico — depois daquele beijão, eu tenho as minhas dúvidas.

Fodam-se as suas dúvidas, Karl, você estava por cima daquela mulher. Como ela apareceu morta cinco minutos depois? — eu perguntei, mas não dei chance para que respondesse — Você não tava com cara de quem já tinha terminado, quando eu vi vocês dois, e você estava por cima, então se vocês fossem atacados...— eu parei de falar quando meu raciocínio foi além — Você a jogou para o morto para conseguir fugir, não foi? — eu perguntei incrédula quando finalmente entendi o que aconteceu.

— Isso é ridículo e você sabe disso — tentou fugir do assunto.

— Responda logo, Karl — Carter ordenou irritado.

— Tá legal! — ele bufou — É claro que eu a usei para escapar, eu precisava me salvar! — admitiu.

— Seu filho da...— Carter me segurou novamente quando tentei bater no Karl, que recuou alguns passos.

— Ei, o que você esperava? Que eu ficasse de braços cruzados, esperando ser estraçalhado? Além do mais, o que os meus pais iriam achar do filho que morreu transando? — ele se defendeu — Bom, até que não seria uma morte tão ruim assim — ele pensou alto.

— Você matou uma inocente! — Victoria o acusou, pasma.

— Ei, ei, ei! Muita calma nessa hora! — ele pediu e olhou para nós — eu não matei ninguém. E nem tive culpa do buraco de onde aquele troço saiu.

— Não, não teve — eu concordei e o Carter tirou as mãos do meu corpo.

— E como você saberia disso? — ele perguntou desconfiado.

— Porque eu sei quem fez o buraco — confessei, ganhando a total atenção dos meus colegas.

— E quem fez aquilo? — Margot perguntou.

— Aiken.

— Aiken? — Victoria repetiu para confirmar. Assenti.

— Um dos gêmeos? — Amon quis identificar. Assenti novamente.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora