FOURTEEN | FOOD

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Fomos acordados na manhã seguinte bem cedo por um aldeão alto e musculoso. Ele fez com que formássemos uma fila indiana e o seguíssemos.

Ele nos levou para uma parte um pouco afastada da tenda, perto de varais de roupas recém-lavadas. As poucas pessoas que tinha por ali, se afastaram assim que pisamos no local.

Então, o aldeão fez com que ficássemos um do lado do outro.

— Roupa — ele apontou para nossas vestimentas — tirem! — ordenou sem muita paciência, o que fez nós nos entreolharmos.

Éramos recrutas e estávamos juntos nessa missão, mas ninguém ali tinha intimidade o suficiente para ficar sem roupa na frente dos outros.

— Cara, nós não...— Charles tentou argumentar, mas foi interrompido por um grito autoritário que soou como um rugido.

— Tirem! — ele mandou novamente, o som de suas palavras saindo abafadas pelo osso  compacto que atravessava a gengiva e a carne do seu lábio inferior — agora! — acrescentou.

Olhei para o Carter que parecia meio desconcertado com a situação. Ele, talvez, fosse o mais reservado de todos nós.

— Obedeçam — eu sussurrei para os outros, tomei iniciativa e fui a primeira a começar a me despir, tirando minha jaqueta e passando minha blusa pelos braços e, depois, pescoço.

Então, todos começaram a me imitar. Eles pareciam envergonhados por estarem se expondo tanto. O mais confortável de nós, sem dúvidas, era o Karl que sorria ao poder finalmente exibir o seu tanquinho muito bem definido, resultado das longas horas que passava na pequena academia improvisada do Bunker.

Nós fizemos um acordo silencioso, respeitando nossos limites, e paramos de nos despedir ao ficarmos apenas de peças íntimas.

— Pronto — eu anunciei para o aldeão que nos observava sem esboçar nenhuma expressão. Ele não parecia carregar um olhar debochado para os corpos dos meninos e, muito menos, um malicioso para os das meninas.

Totalmente neutro, ele pegou algo atrás de si e, quando se virou, um jato de água acertou Victoria que era a primeira da ponta direita e que soltou um gritinho assustado, tentando conter a água de chegar até o seu corpo com as mãos. Quando o aldeão começou a revezar a direção da mangueira que segurava, a água me alcançou. A mesma estava gelada e era forte, ele despejou um pouco em meu rosto antes de seguir para a Margot que estava ao meu lado esquerdo. Cruzei os braços, numa tentativa de me esquentar e esconder o meu corpo, pois sabia que a ponta de meus seios estavam perceptíveis pelo frio. O sol ainda estava coberto por nuvens cinzas e o ar soprava gélido, o que piorava as coisas.

Quando ele terminou, uma mulher branca de cabelo vermelho sangue, vestida com uma saia de couro e com um top de tecido, se aproximou com panos nos braços. Ela nos entregou para que nós nos enxugássemos.

— Está de parabéns, hein — Karl disse de maneira sugestiva e maliciosa quando a mulher entregou o seu pano. Em resposta, ela avançou como uma cobra dando seu bote e mostrou os dentes pontudos e afiados, como presas. Seu rosto a milímetros do de Karl, fez o garoto recuar dois passos e arregalar os olhos. — Animal — ele disse e suspirou admirado, então a mulher deu as costas e foi embora.

— Babaca — eu murmurei enquanto vestia as minhas calças novamente.

— Com ciúmes, Baker? Você até que tem um corpo agradável também — ele comentou, colocando sua blusa, e piscou um dos olhos para mim.

Semicerrei os meus olhos e lhe mostrei meu dedo do meio.

— Fila! — o homem mandou impacientemente, esperando que o restante do grupo terminasse de se vestir para cumprir sua ordem.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora