Ninka Baker e Os Recrutas

SIXTY FIVE | GOOD LUCK

Cleo demorou horas dentro de uma sala apertada com rádios e sua equipe de comunicação, tentando persuadir os seus superiores a entrarem na guerra conosco.

Quando ela saiu, porém, sua cara não estava nada boa.

— Não vai dar — despejou o veredito.

— Eles recusaram? O que eles têm na cabeça? Merda?! Essa é a chance de ouro deles e eles simplesmente vão deixar passar? — Ayla metralhou as perguntas, irritada demais para ficar parada.

— Disseram que não vão arriscar perder recursos em um plano meia boca. Não temos um exército, então eles acham que a derrota é certa — Cleo justificou a resposta.

— Plano meia boca? Passamos pelo inferno para entrarmos na capital. Se existe alguém no mundo que pode ter um plano que funcione, esse alguém somos nós! — Aiken rebateu, ele também estava bem irritado.

— Me desculpem, eu tentei — Cleo cruzou os braços, tão cabisbaixa quando todos.

— Não é sua culpa — Atlas se aproveitou da situação para pôr as mãos nos ombros da mulher que o encarou com os olhos semicerrados, o fazendo recuar.

— Se conseguíssemos um exército, eles estariam dispostos a ceder e lutar? — perguntei diretamente para Cleo.

Eu tinha um plano. Mas não iria dividir por agora. E, adivinhem? Se ele falhasse, eu morreria.

Grande novidade.

— Mesmo se aceitassem, onde conseguiríamos um exército? — Aiken me perguntou.

— Poderíamos recrutar pessoas. Aposto que existem muitas que familiarizariam com a nossa causa e lutariam! — eu o respondi, certa daquilo.

— Ela tem razão. No Distrito, por exemplo, centenas de pessoas tentam todos os dias entrar na Capital. Você mesmo viu quando estávamos na linha de frente. Se prometêssemos que elas conseguiriam entrar em troca de uma guerra, com certeza elas topariam. — Ayla me apoiou.

— Eu tenho amigos por todo o país. Aposto que ajudariam a espalhar a notícia do ataque de maneira discreta. — Atlas também se pronunciou e eu sorri.

— Parece que teremos um exército — olhei para Cleo que deu de ombros.

— Se vocês conseguirem, eu faço a minha parte do lado de cá e os convenço a entrar nisso — disse sobre a Resistência.

— Então está decidido — os olhei — Ayla e Aiken vão para o Distrito disfarçados. Atlas contatará seus amigos, passando despercebido pelos radares da Capital. E Cleo e eu ficaremos aqui, discutindo estratégias da invasão — dividi as tarefas e eles assentiram.

— Você ficando longe da ação? Essa é nova — Ayla riu enquanto jogava as muletas no chão, parecendo se libertar delas.

Seu ombro parecia melhor, apesar de também parecer doer quando ela mexia o braço. Mas ela estava bem o bastante para sair dali.

— Eles estão me procurando, não posso arriscar comprometer toda a operação por adrenalina. Será mais fácil desse jeito. — menti sobre a minha justificativa, o que pareceu convencer todos eles.

— Venham, temos roupas de mendigos e cintos especiais que carregarão todo armamento que precisam de maneira discreta — Cleo chamou os gêmeos e olhou para Atlas — Vá até a sala de comunicação e fale com o Dave, diga que eu o mandei e ele saberá o que fazer — instruiu e, por último, me encarou — Eu já volto.

Então eles saíram para fazer suas respectivas tarefas e eu aproveitei para me preparar para o meu plano solo. Eu não dividi com nenhum deles pelo simples motivo de que eles poderiam acabar mortos, e eu não arriscaria suas vidas mais uma vez. Já perdi pessoas o suficiente.