FORTY FIVE | X-8

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Depois do pequeno surto, eu me recuperei. E não demorou muito para que o cronômetro chegasse em zero e a voz robótica voltasse a se comunicar com a gente.

— QUESTÃO RESOLVIDA, PASSAGEM LIBERADA — informou — SEJAM BEM-VINDOS AO DISTRITO.

Então uma parte da parede a nossa frente foi aberta, revelando uma passagem. E lá estava um homem barbudo de cabelo récem-cortado castanho quase preto dentro de um terno branco com a gravata preta. As mãos nos bolsos da calça e o sorriso de lado fizeram a minha cabeça mandar pontos de alerta por todo o meu corpo, algo naquele cara não me agradava.

— Me sigam — foi tudo o que disse antes de nos dar as costas.

Mas, antes que qualquer recruta desse o primeiro passo, eu tratei de impor um questionamento.

— Como quer que a gente siga o cara que nos forçou a matar um de nós? — a minha pergunta fez com que o homem parasse e se virasse novamente para nós.

— Ninguém aqui de dentro forçou vocês à nada — ele respondeu com a testa franzida e a voz tranquila — Nós os demos duas escolhas, não temos culpa de qual escolheram.

— Sair não era uma opção real e você sabe disso — eu retruquei.

— É claro que era uma opção real, tudo o que tinham que fazer era voltar pelo mesmo caminho que vieram. E em nenhum momento, ninguém disse pra vocês matarem o contaminado. Isso também foi uma escolha de vocês. Inclusive, nós tomamos as suas armas para que ninguém se machucasse, e novamente foi por uma escolha de vocês que havia um objeto pontiagudo dentro daquela sala — ele argumentou e olhou diretamente para mim — Ninka, nós não somos seus inimigos. Não precisa mais lutar para sobreviver. Estarão seguros aqui dentro, se nos permitirem cuidar de vocês.

— Como sabe o meu nome? — eu uni as minhas sobrancelhas.

— É impossível esquecer um nome que seus amigos gritavam a todo instante enquanto tentavam te impedir de matar uma pessoa — ele debochou e eu trinquei meus dentes, me obrigando a permanecer calada — Isso é tudo? Podemos prosseguir agora?

— Sim, podemos — Carter respondeu por mim, me olhando de lado como se perguntasse o que eu estava fazendo questionando o cara que estava nos dando tudo o que sempre desejamos.

— A propósito, me chamo Bruce. Sou responsável pelo funcionamento geral da Sede e comando as nossas forças militares. — o homem se apresentou enquanto andávamos por um corredor branco — Mas, antes de prosseguirmos com as apresentações e o tour pelas nossas instalações, precisam se proteger contra os vírus.

— Como assim? — Margot foi quem perguntou, mas, ao invés de responder, o homem colocou a mão em um leitor de digital para abrir a porta de uma sala.

Dentro dela haviam várias poltronas inclináveis ao seu redor e uma equipe de enfermeiros enfileirados contra uma de suas paredes.

— Por favor, tomem seus lugares — Bruce praticamente nos obrigou à nos sentarmos e se posicionou em nosso meio. Ele pegou um pequeno controle de seu bolso e apertou em um dos botões, fazendo com que as luzes da sala se apagassem e apenas uma ficasse acesa: um refletor, que estava direcionado para uma das paredes brancas — Como muitos de vocês devem saber, há muito tempo houve uma terceira guerra mundial — Bruce apertou outro botão, que fez o refletor reproduzir vídeos, sem som, exclusivos da guerra.

Todos nós ficamos boquiabertos.

— Durante a guerra, a sede de poder foi tanta que não bastava a criação inovadoras de armas tecnológicas, os países queriam algo que afetasse os soldados dos seus inimigos e assim começaram com a guerra biológica e química — narrou tudo enquanto imagens atrás dele mostravam as cidades destruídas e pessoas gravemente feridas — E, depois de todo o caos que a guerra trouxe, um único vírus conseguiu sobreviver firme e forte. O Vírus Funguer. Não só sobreviveu, como começou a se propagar em grande escala, chegando a matar milhões de pessoas. Um vírus que comia os seus hospedeiros de dentro para fora até controlarem os seus cérebros e fazerem deles os seus reféns. — a imagem que passou a seguir foi a de uma mulher com veias pretas por todo o corpo com o sangue escuro escorrendo pela boca e pelo nariz, amarrada pelos braços, querendo avançar em cima dos cientistas — O vírus dominou país por país, e a única solução que o nosso país achou para ter uma chance de lutar contra esse mal foi criar uma cidade com apenas os melhores dos melhores para que pudessem, juntos, encontrarem uma cura.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora