|9| Walk On Water| Steve Rogers/Capitão América |

14.2K 727 281
                                    

☄️Steve Rogers ☄️

Cruzei meus braços, olhando detalhadamente cada milímetro da parede em que estava sendo refletido passo a passo o nosso plano.
Anotei em um caderno virtual os pontos que eu achava que poderia melhorar e por alguns segundos, pensei que tudo daria errado e enfim, poderíamos encarar a morte como uma velha amiga.

Mas eu sabia que o nosso plano não daria certo e que enfim, poderia ter um fim digno para mim. Sempre sonhei que quando minha hora chegasse, eu queria estar em uma batalha, só assim poderia morrer com honra, sabendo que fiz todo possível e impossível para salvar e servir o meu país.

E foi isso que realmente aconteceu. Quando Tony descobriu que tudo havia ido pelos ares, ele surtou e colocou um ponto final na missão. Mas já era tarde de mais. Muitos de nós estávamos feridos, a beira de entrar em um colapso e partir deste mundo. Eu era um deles, eu estava pronto para deixar o meu legado como o Capitão América e seguir para um universo paralelo.
Foi exatamente assim que eu pensei quando deixei a dor me dominar e fechei meus olhos, sentindo todo o meu corpo ficar leve e relaxar.

Mas fui totalmente ao contrário em minhas conclusões quando eu acordei em um local diferente. Aos poucos pude sentir minha visão se acostumando com a claridade, já que pareciam séculos que eu não via uma luz sequer. Quando recuperei totalmente os sentidos, olhei para os lados cuidadosamente, procurando por algo que me fosse familiar.

Eu sabia onde estava, em um quarto de hospital. Não foi dessa vez, eu entendo. Olhei para meus braços e minhas mãos, todos conectados a tubos, que por sua vez, estavam conectados nos aparelhos ao meu lado.
Nunca tinha visto algo tão sofisticado em um hospital, foi um choque de imediato saber que eu ainda estava vivo.

Uma mulher baixa, de cabelos escuros e pele clara adentrou no quarto, olhando para a prancheta em suas mãos e não notando que eu estava a observa-la. Ela se aproximou do meu leito, de costas para mim e olhou nos aparelhos do lado da cama, anotando algumas coisas em sua ficha.

Seu jaleco branco denunciava que ela era uma médica e estava ali para verificar se alguma coisa havia mudado no meu quadro.

- Parece que está tudo bem com você hoje bonitão. - falou, ainda sem olhar para mim. - É uma pena que esteja em coma, tão bonito...

Dei um sorriso de canto e pisquei meus olhos, sentindo seu aroma suave tocar minhas narinas.

- Eu não estou mais em coma. - falei, fazendo ela dar um pulo de susto e se virar, ficando totalmente vermelha por notar que eu estava acordado.

Por um instante, ela arregalou os olhos e levou a prancheta próxima ao seu tronco, prendendo a respiração. Abriu a boca várias vezes para tentar formular uma palavra, mas foi totalmente dificultoso.

- Eu sou a Seu Nome - balançou a cabeça - Quer dizer, doutora Benson. Como você está se sentindo?

- Estou bem, acho que já posso até ir embora. - olhei para os lados

- Isso vai ser um pouco difícil. - me olhou, olhando o meu prontuário - Você está em coma a três meses.

- Três meses? - perguntei surpreso, apenas para confirmar que era isso mesmo que ela havia dito.

Seu Nome deixou o prontuário pendurado no pé da minha cama e veio para o meu lado esquerdo, cruzando os braços da altura do peito.

- Quando ficamos tanto tempo sem movimentar um músculo, é comum que ele se atrofiar. No seu caso, durante esses noventa dias, fizemos terapia para mante-los em movimento e por isso pode ser que você esteja bem. No entanto, pode ser que dê imediato você não consiga se locomover. - deu uma tossida - É como se estivesse aprendendo a andar de novo e por isso é necessário paciência. - pegou o aparelho preso no cós de sua calça, que apitava. - Eu preciso ir, vou pedir para que você faça alguns exames de rotina e mais tarde passo aqui para ver os resultados, combinado?

- Sim, combinado. - falei, sentindo meus dedos dos pés formigarem.

A doutora Benson deu um sorriso e se retirou, me deixando novamente sozinho. Já era um avanço, já que eu conseguia mexer a cabeça de um lado para o outro.

- Acho que dessa vez, terá de tirar umas férias capitão. - a vó de Natasha preencheu o ambiente e quando estava prestes a respondê-la, a porta se abriu bruscamente, revelando um grupo de pessoas que entraram no quarto - Eu disse para eles esperarem do lado de fora, mas quem me ouve?

Dei um sorriso e olhei para as figuras a minha frente, vendo Stark, o Doutor, Thor e Barton parados me olhando.

- Estamos felizes que esteja de volta Rogers. - Barton falou, cruzando os braços - O Tony pode não confessar agora, mas ele estava com saudades de ter alguém para irritar.

- E foi por isso, que durante esses três meses, ele me escolheu. - Banner falou, rindo - Logo eu.

- Nada mais justo. Agora que o picolé voltou, posso te deixar em paz. - Stark disse, revirando os olhos.

Pode parecer a coisa mais estranha que eu disse em toda a minha vida e se alguém afirmar, eu nego até minha morte, mas eu senti falta desse grupo.

Dois meses depois

Coloquei minha mala em cima da cama do hospital, que foi meu lar por cinco meses. Dei mais uma olhada ao redor e respirei fundo, sentindo o aroma doce de Seu Nome invadir um pouco da minha privacidade.

Olhei para trás e lá estava ela, sorrindo como sempre e com alguns papéis em sua mão.

- Vejo que está contente Steve. - ela disse, vindo até a plataforma que tinha no pé da cama e colocando as coisas que estavam em suas mãos lá. - Alguém virá te buscar? - pegou a caneta no bolso de seu jaleco e assinou os papéis, me entregando um deles - Aqui está sua alta. Definitivamente, está livre de mim.

Dei um sorriso, caminhando até ela e pegando o papel, guardando no bolso da jaqueta de couro.

- O que acha de ir jantar comigo um dia desses? Sexta? - coloquei as mãos na cintura, esperando por sua resposta.

- Eu...

- Não quero me ver livre de você tão rápido doutora. - levei uma de minhas mãos ao seu rosto e tirei uma mecha do seu cabelo que insistia em cair.

Seu Nome abriu um sorriso e tirou um cartão de seu jaleco, estendendo a mim.

- Este é o meu telefone. - colocou o cartão no mesmo bolso que eu havia colocado o outro papel - Já que não é mais o meu paciente, acho que posso aceitar o seu convite para um jantar. - veio para a lateral do meu rosto e depositou um beijo demorado em minha bochecha - Nos vemos na sexta?

- Ficarei aguardando ansioso por ela. - toquei novamente seu rosto, peguei minha mala e caminhei para a saída do quarto, olhando uma última vez para trás e vendo aquela linda mulher me olhando.

Eu a tornarei minha, nem que isso me custe anos tentando.

Imagines Heróis Vol.2 Onde histórias criam vida. Descubra agora