Entre os Inimigos

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Entre os inimigos

Azenet respirou profundamente, enquanto ouvia o escrivã anunciar sua chegada ao Deus rei. A última vez que viu o faraó ele não passava de um menino controlado ela madrasta e seu vizir. Agora era um homem, o verdadeiro senhor das duas terras, que agora parecia querer castigar o alto Egito pela resistência que tiveram em aceitar destruir a memória e os feitos de Hatsheptsut. 

— Alta sacerdotisa — cumprimentou o rei com um leve aceno de cabeça.

— Meu faraó — disse a mulher curvando-se diante dele — O alto Egito e as sacerdotisas do deus sol glorificam e saúdam o seu reinado.

— O faraó agradece, mas creio que não veio até aqui por uma simples saudação.

— Não meu rei, vim em nome do povo do alto Egito. Espero que possa escutar minhas reclamações e quem sabe encontrarmos uma solução para o terrível impasse que cresce sobre as duas terras.

***

Haviam passado semanas e o festival de Opet era apenas uma boa lembrança na mente dos soldados egípcios, mais uma vez a batalha em território estrangeiro se anunciava.

Um dos maiores temores daqueles homens não era a morte eminente, mas sim morrer em solo estrangeiro, onde seus corpos não seriam preparados e nem sepultados e suas almas ficariam eternamente perdidas entre os vivos. Se entre os soldados a maior preocupação era voltar vivo para casa, para o faraó, seus comandantes e os comandantes mesopotâmicos o temor era perder a batalha que aconteceria no dia  seguinte.

Há anos a mesopotâmia vinha lutando e fracassando costantemente para manter seu território longe da dominação persa. Tutmés tentou manter-se longe das disputas estrangeiras, porém  não poderia se dar ao luxo de perder a Mesopotâmia para os persas. Afinal, aquele territorio garantia as rotas comerciais que se estendiam até o território asiático. Entregar a Mesopotâmia aos persas também representava tornar um aliado, um inimigo e isso era algo perigoso. Principalmente quando a instabilidade estava instaurada dentro de seu próprio reino. Azenet, trouxe-lhe mais preocupações, a miséria se alastrava pelo norte e com ela um sentimento de revolta e questionamentos sobre como a sua legitimidade questionável , poderiam afetar o desempenho econômico e olhar amoroso dos deuses sobre o Egito.  A batalha do dia seguinte e as outras que viriam deviam ser vencidas a qualquer preço.

Numa tenda em meio ao rochedo, que abrigava e escondia o grande exército egípcio dos olhos inimigos eles decidem como e quando aconteceria o ataque.

— Quero que o pelotão de Seth siga ao norte das colinas, o pelotão de Rá deve ficar para guarnecer a retaguarda e o.... - Explica o comandante Belisteu quando é interrompido pelo faraó.

— Eu não marchei até aqui para ficar sob as ordens de um homem que perdeu mais da metade de seu exército para o inimigo.

— Perdoe-me Faraó, eu soube da fama que tem conquistado nas batalhas que trava, mas isto é uma guerra, algo que nunca enfrentou. Algo que ja dura mais tempo do que você tem de reinado.

— Uma guerra longa só serve pra duas coisas, enfraquecer o exército e empobrecer o reino. Devemos atacar com todas as forças que temos, aniquilar parte do exército inimigo e avançar pelo territorio.

— Meu senhor, isso nos custará muitas vidas, se perdermos não teremos providências para continuar combatendo. Deve ter prudência. Assim como o meu rei — fala o comandante.

— Eu não faço batalhas defensivas comandante, meus soldados estão dispostos a morrer pela vitória e não para garantir a segurança de seus monarcas. E a propósito ele não deveria  estar aqui?

Tutmés III - O Faraó Guerreiro  - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora