Promessas - Parte II

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Promessas - Part II

O banquete era servido no salão real, onde as paredes decoradas com afrescos coloridos dedicados à deusa Hathor, pareciam reluzir em tons de ouro sob as chamas flamejantes das dochas e lamparinas de alabastro. Sobre as mesas de madeira entalhada, haviam pratos de carnes, legumes, variados tipos de pães e enormes jarros de vinho e sucos de frutas frescas. Tocadores de alaúde encantam os ouvidos e as dançarinas, os olhos dos núbios que miravam cobiçosos as belas egípcias vestidas com finas túnicas de linho.

— Não esperava uma recepção tão calorosa, meu faraó — diz Nakhtmin, tomando lugar em uma das almofadas dispostas na mesa principal — Este é meu filho mais velho, Sankr.  Conclui o príncipe apresentando o garoto, de não mais que doze anos, que toma lugar a mesa ao seu lado.

—Minha grande esposa Hacheptsut, minha esposa Satiah e onde está Aliah? — questiona o faraó a serva postada ao lado da mesa.

— Ela disse que não participaria do jantar, meu senhor — fala a serva posrada ao lado da mesa.

— Pois vá buscá-la, diga que o faraó se agradaria da presença dela.

— Como quiser soberano. —
Diz a serva se afastando e Tut volta a atenção para o nubio.

— Nossos reinos cresceram mutuamente ao longo dos séculos, vocês nos proveram mão de obra para construção de nossas pirâmides, tumbas templos e nós levamos nossos conhecimentos arquitetônicos e agrícolas, o que possibilitou que a Núbia deixasse de ser apenas um aglomerado de pequenas tribos, para se tornar um grande país.

— Concordo faraó, mas deve admitir que a balança nunca esteve equilibrada, sempre pagamos impostos exorbitantes ao seu reino.

— Seu avô e pai sempre estiveram de acordo com os valores pagos ao Egito.

— Sim, meu avô que teve o filho e sobrinho arrancados de casa e trazidos ao Egito como prisioneiros e meu pobre pai que quando voltou para casa, não era mais um núbio.

— Seu pai e primo foram tratados como filhos pelo meu avô, tanto que seu pai tomou uma mulher egípcia como esposa, sua mãe, antes deixar estas terras. E seu tio Dedun, foi um dos maiores comandantes que esse exército teve — Diz o faraó olhando firmemente nos olhos de Nakhtmin.

—Foi?

— Infelizmente, ele pereceu durante um ataque hitita ao palácio. Sinto muito, e quero que saiba que ele era muito mais que um servo, salvou minha vida por mais de uma vez, era um companheiro de batalha e um amigo. Ele lutou por este reino, até seu último suspiro —
Diz o faraó com os olhos marejados.

Nakhtmin engole a seco as palavras do faraó, nem chegou a conhecer Dedun, mas sempre ouviu falar de seus feitos em batalha e de sua lealdade ao Egito.

—E minha irmã? Como ela está? — Questiona Hatsheptsut, aproveitando o momento consterno do príncipe.

—Está bem, espera uma criança, é feliz.

— Ora que alegria, isto é mais do que um motivo para comemorar, a união de nossas famílias finalmente representada através de uma criança — Diz a rainha com um sorriso galante.

—Até onde sei, minha esposa não é mais considerada da sua família, desde a morte de vossa mãe — retruca o príncipe.  

— Neferuré, sempre sera sangue do meu sangue — diz Hatcheptsut convicta. —Assim como os filhos dela, não é mesmo faraó?

—Sim é claro, Neferuré é filha legítima de Hatsheptsut, que era filha do primeiro Tutmés, sempre fará parte de nossa família — Conclui o rei.

Tutmés III - O Faraó Guerreiro  - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora