O livro dos Mortos

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O livro dos mortos parte I

Tutmés observa as duas crianças no berço, Menkheperré era agitado e observava qualquer movimento ao seu redor girando a cabeça para os lados e movendo desordenadamente as pequenas mãos. Iset mais calma, dormia quase o tempo todo e tinha movimentos leves e um olhar sereno.

—Me perdoem se não fui muito agradável na chegada de vocês, acontece que eu não sei se saberia viver sem ela. E vão me entender quando ficarem maiores e perceberem o quão é especial, a mãe de vocês —
Diz o rei acariciando o rosto do menino.

— Irmão… Achei quem não te veria aqui. — Fala Hatshepsut ao entrar.

— A ama disse que levou o berço de Iset para seus aposentos. Porque fez isso?

— Ela precisa de cuidados, já fomos crianças, sabemos que nem sempre os servos são tão atenciosos como deveriam. Ela é minha sobrinha.

—Aliah gosta de você, mas não te conhece como eu.

—Fala como se fosse eu que tivesse feito algo errado.

— Eu não vou discutir com você, em nome de Aliah eu permitirei que cuide de Iset, se for da sua vontade, e eu espero não me arrepender.

— Eu jamais machucaria uma criança. Jamais tiraria uma dos braços da mãe. Você já não pode dizer o mesmo não é irmão?

— Vai me culpar pela morte de nosso filho também? Quem sabe eu também não matei nosso pai aos cinco anos de idade! Não é?
— exclama o faraó em tom irônico.

—Eu não falei de nosso filho, as crianças de Canaan tinham mães também, sabia?

— Vai querer discutir política agora? Agradeça que enquanto for seu faraó a arrancar os filhos dos estrangeiros e não eles a tirar os nossos! Com licença, esposa. — Diz o rei saindo irritado.

Longe dali o rei Tushratta cavalgava pensativo a caminho do acampamento, assim que chegasse ao encontro de suas tropas iria ordenar o retorno de alguns batalhões para a defesa de Washshukanni. Com certeza, isso diminuiria sua força para adentrar o território egípcio, mas perder a cidade seria muito mais devastador a seu povo.

— É exatamente o que eles querem rei Tushratta, o faraó já deixou esta manobra pronta e estamos seguindo o plano dele. — Diz Taufik incomodado.

— Eu não sei você Taufik, mas Telepinus e eu lutamos por nosso povo, e de nada adianta vencer no Egito se o povo por quem nós lutamos for sacrificado — explica o rei.

—Embora mais do que nunca eu queira conquistar este país, depois de ver o quão magnífica é Tebas, eu devo concordar com meu pai. Não podemos deixar nosso povo perecer. E se é necessário adiar a campanha no Egito para garantir a segurança da nossa capital é o que devemos fazer— concorda Telepinus.

— Pois eu acho o contrário, mais do que nunca devemos ousar, devemos demonstrar nossa força para o faraó. Enquanto se preocupavam com o acordo com o maldito Tutmés eu mapeei boa parte do palácio, andei pelos corredores e prédios. Há muita segurança, mas também muitos mais  servos, poderíamos facilmente nos disfarçar, matar o faraó e tomar o palácio. Depois disso que escolha eles teriam senão a rendição?

— É loucura Taufik, eu não duvido que conseguiria entrar com alguns homens, mas jamais sairiam de lá com vida. Eu sei que odeia o faraó, mas precisa ser prudente ou acabará morto, antes de deixar um herdeiro a Kadesh. E se isso acontecer, sua cidade volta a pertencer ao Egito. — diz Tushratta.

— Meu pai esperou, foi prudente e está morto e sua única filha agora não passa de uma escrava!

— Sua irmã é uma esposa legítima do faraó e pelo que ouvi no palácio, a favorita dele. Taufik meu amigo, para lutar uma guerra precisa de menos emoções e mais estratégia meu jovem. — Responde Tushratta.

Tutmés III - O Faraó Guerreiro  - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora