A princesa do Egito

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Tebas era muito maior do que Aliah podia imaginar. A cidade que devido a cheia parecia emergir sobre as águas límpidas do Nilo, era grandiosa e sofisticada. Dividida em duas partes fundamentais; ao leste a cidade dos vivos, onde se encontram os palácios reais, os templos de culto, os diversos edifícios da administração, os mercados e vilas. E a oeste a cidade dos mortos (a necrópole tebana). O rio Nilo entre as duas partes garantia as terras férteis e prósperas ao longo de seu leito e canais levavam a água aos cantos mais distantes da cidade e plantações.

O palácio, um imenso complexo de pedra que reunia não somente o papel de local de habitação, para o rei e sua família, mas também de praça fortificada, de sede central para a administração, de templo, de loja e de atelier, ainda, de depósito para os arquivos. A princesa de kadesh sequer imaginaria tanta grandiosidade que estava diante de seus olhos.

Assim que chegam ela é encaminhada aos aposentos que ocuparia, havia quatro servas a sua disposição no imenso dormitório luxuosamente decorado e equipado com sala de banho e uma piscina ao lado das janelas que garantia o frescor do ambiente durante os dias quentes. Embora tudo parecesse magnífico, Aliah tinha seu coração pesado. Ela estava sozinha, Taurus havia partido para Kadesh e sua serva e amiga Sahiti não vivia mais. A moça, respira fundo e tenta não chorar, acaricia o ventre e sente o bebê mexer. A cada dia, os movimentos ficavam mais fortes e a criança ainda maior.

A noite ela se banhou e vestiu o belo traje de linho branco com fios dourados, como sempre dispensou as jóias e adereços e se pôs a sala de jantar.

Tutmés estava em pé a sua espera, com um sorriso bonito, usava uma túnica branca e azul e uma coroa simples em ouro com o símbolo de horus entalhado.

- Você já está linda - diz ele beijando a testa da futura esposa.

- Eu estou faminta - diz ela.

- Então vamos comer.

- A sua irmã não vem para o jantar? Eu gostaria de conhecê - la. - Tutmés estranha a pergunta. E a fita com curiosidade.

- Não precisa conhecê - la o palácio é bem grande como pode notar, se evitar a ala leste talvez só precise vê - la nos festivais.

- Como assim?

- Hat, não é muito agradável. Acredite melhor evitá - la.

- E ela vive sozinha nesta ala leste?

- Não, ela tem mais de quarenta servos e servas para paparicá - la. De vez enquando ela vem pra cá, mas quando faz isso é pra exigir algo ou apenas me chatear. - fala revirando os olhos.

-Isso é péssimo, sei que vocês dois tem problemas mas ela é sua irmã e também sua esposa...

-Eu não quero falar sobre Hat. Agora vamos comer. Amanhã nos casaremos.

-Amanhã? Achei que demoraria alguns dias.

- Em alguns dias terei de partir para o sul. Os Mitanni estão rumando para as fortalezas, não podemos deixar que as tomem. Pretendo ser breve, mas não posso garantir que estarei aqui quando o bebê nascer.

Aliah recebe a notícia com pesar, mas de certa forma ela já imaginava. Se ele não estaria presente no nascimento do herdeiro que pensava ter com Satiah, não seria o filho de uma terceira esposa que receberia um tratamento diferente.

- Eu farei de tudo pra estar aqui, eu prometo. Só não posso garantir.

- Eu entendo. Bem vamos comer. Parece delicioso.

O casamento se deu no segundo dia, um casamento no Egito era um acontecimento de foro íntimo, a pessoas comuns não envolvia sequer atos jurídicos ou religiosos. Mas Tutmés era um faraó, para ele era indispensável a benção dos deuses mesmos para ações puramente humanas como um casamento.

Tutmés III - O Faraó Guerreiro  - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora