Inimigo Interno

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Seria mais um dia de batalha para Tushratta, o rei Mitanni que ousara adentrar o território egípcio estava prestes a tomar uma de suas fortalezas.

Os soldados egípcios vinham resistindo bem, mas a catapultas munidas com bolas de feno e enxofre em chamas, tornaram a situação caótica e o rei sabia que era questão de horas até a rendição completa da fortaleza.
Tushratta agia com cautela e estranhava o fato de os egípcios ainda estarem tão quietos, nenhuma informação sobre reforços chegou ao seu conhecimento, e ele sabia que Tutmés não era um rei que esperaria a guerra bater aos portões de Tebas para agir.

De qualquer forma, qual fosse o motivo que mantinha o rei longe das fortalezas do Nilo, essa era a chance que os Mitanni tinham para tomá-las e não poderia ser desperdiçada.
Era chegada a hora de mais uma investida contra a fortaleza. O rei Tushratta coordena o ataque que em pouco tempo, transforma o céu azul em cinzento e a fortaleza é tomado por focos de incêndio e fumaça fétida.

Dessa vez os egípcios não resistem, os portões sao abertos e algumas dúzias de soldados rendidos saem com lenços sobre o rosto tentando respirar, finalmente, a fortaleza era sua.

Em karnak, o rei estava preocupado demais com o desaparecimento de Aliah para pensar em como faria uma retaliação contra os Mitanni.
Seus deveres como Faraó, foram colocados de lado, as pirâmides poderiam esfarelar e seus pensamentos ainda estariam voltados para sua amada.
Depois de dias sem qualquer notícia sobre o paradeiro da jovem, ele decide fazer sua própria busca.O faraó se veste com roupas simples e com esforço consegue se livrar do olhar atento de Neturut e assim se põe a buscar a princesa. Ele percorre a cidade conversando com populares e numa taberna tem a informação de que a algumas semanas um hisco trocara uma farda egípcia por mantimentos para viagem, o homem diz que ele pediu informações sobre a cidade de Ta-senet.

Tutmés imediatamente se colocou a caminho da grande cidade pesqueira. Depois de meio dia cavalgando sob o sol quente ele nem sequer prestou a atenção no homem que tentava trocar seu cavalo em uma das barracas comerciais na entrada da cidade.

Horas antes, Nahur estava no quarto da pensão com Aliah.

一 Eu irei a karnak hoje, talvez demore um ou dois dias. Não quero te deixar amarrada, mas tem de me prometer que não vai procurar a guarda ou sair daqui. Promete? 一 Ele pergunta a princesa.

Aliah concordou acenando com a cabeça, suas pernas formigavam e sua boca estava tão seca quanto o deserto.

— Ótimo, me desculpe por isso, espero que ainda sejamos amigos  — diz Nahur enquanto desamarra a garota e lhe alcança uma caneca com água.

— Porque está fazendo isso? Eu confiei em você — desabafa a garota com a decepção expressa no olhar.

— Aliah, eu não quero te machucar, mas antes de eu ser um escravo eu servi a um rei, fazia parte de sua guarda, sei como muitas coisas podem acontecer sob os narizes deles sem que notem. Eu só estou tentando protegê-la. Confie em mim uma última vez, preciso que escreva um bilhete a Neturut contando onde estamos certo?

— Porque não ao faraó?  — Questiona a moça desconfiada.

— Eu tenho certeza que eles estão controlando as correspondências do faraó, entregar a Neturut, que até onde sei é o homem de confiança dele, é a nossa melhor chance. Confie em mim, só desta vez, se der certo, você vai estar com seu faraó em dois ou três dias.

— Tudo bem. Eu posso esperar dois ou três dias.

— Me prometa, jure por essa criança que carrega no ventre que não vai sair daqui enquanto eu estiver fora — ele insistiu.

— Tudo bem, eu prometo. Mas se não voltar em três dias eu vou karnak.

— É justo, Agora escreva, eu nunca fui educado para isso — concluiu Nahur.

Tutmés III - O Faraó Guerreiro  - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora