Amigos ou inimigos?
No caminho para casa Tutmés não conseguia esconder sua alegria. E nem mesmo a notícia de que as fortalezas ao norte do Nilo estavam sob ataque Mitanni foi capaz de tirar o sorriso largo de seus lábios.
Amon havia aberto os braços para ele, ele seria pai de não apenas uma, mas duas crianças e uma delas gerada no ventre de sua amada Aliah.
Neturut já cavalgava ao seu lado e embora o ferimento tenha tirado parte dos movimentos de sua perna e agora necessitasse de uma bengala pra andar, em cima do cavalo ele ostentava o mesmo vigor de antes.—Suas bochechas terão cãibras se não tirar esse riso da cara —fala o velho comandante.
— Não me peça para fazer isso Rut, eu terei um filho, um filho com Aliah.
—Você terá dois filhos, não esqueça que o filho de Satiah será o primogênito e herdeiro do trono, não deixe que sua predileção pela princesa interfira em como as coisas devem ser. Nem em quem deve ser seu filho favorito segundo as tradições.
— Eu sei disso Neturut, eu amo o filho de Satiah tanto quanto o de Aliah. Sei dos sacrifícios que a rainha está se dispondo a fazer para que eu tenha um herdeiro.
— O que quer dizer com isso?
— Nada, apenas que a criança que Satiah espera vem sendo planejada há anos e o de Aliah é uma surpresa feliz do destino.
Longe dali em karnak, Aliah bordava pequenas contas coloridas em uma minuscula túnica de linho com um sorriso tão resplandecente quanto o do faraó. Ela toca o ventre que ainda não denunciava claramente a gravidez e sorri, imaginando o quão feliz estaria com seu filho ou filha nos braços, dentro de alguns meses.
Um barulho na janela chama a atenção da garota, que imediatamente se arma com um vaso de barro e se encaminha a saida mais proxima.
— Sou eu. Agora entendi porque os prédios egípcios são tão altos. Dificulta muito criar herdeiros não legítimos — diz Nahur adentrando o quarto da princesa.
— Você enlouqueceu? Como ousa entrar no meu quarto? Eu nunca te dei essa liberdade Nahur, se te virem aqui vão pensar que...
— Ninguém me viu acalme-se. Eu preciso falar com você e é muito importante — fala pegando uma maçã da bandeja sobre o aparador.
— Não podia esperar até amanha? ou bater na porta? Nahur tem idéia do que vão dizer se te virem aqui? — diz Aliah fechando as cortinas rapidamente.
— Ninguém me viu, não se preocupe. Eu precisava... — ele faz uma pausa ao ver um vidro sobre uma mesinha ao lado da cama e continua — O que é isso?
— É um remédio para acabar com meus enjoos, foi o sumo sacerdote que trouxe, mas diga o que veio fazer aqui?
— Ah concerteza vai acabar com seus enjoos... Você ja tomou o remédio? — pergunta com um pesar na face.
—Não, mas o que houve?
— Me escute, não beba nada que o sumo sacerdote te der, me escutou? Nada. Nenhum remédio ou chá, nada entendeu?
— E porque? O que está acontecendo?
Nahur contou-lhe o o que ouviu do comandante, que escuta tudo atentamente com um pesar na face. Nunca se iludiu ao pensar que seus filhos seriam queridos pelos egípcios, mas jamais imaginou que chegariam ao ponto de atentar contra a vida de uma criança que nem sequer havia nascido. O hicso, sugere a ela que fujam e escondam - se até que o faraó retorne para a segurança dela e do bebê que crescia em seu ventre.
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Tutmés III - O Faraó Guerreiro - CONCLUÍDA
Ficción históricaSinopse: Após a morte misteriosa da rainha Hatshepsut, o jovem e obstinado faraó Tutmés III toma como missão retomar a grande glória egípcia. Ele cruza o deserto anexando territórios, derrotando inimigos e em pouco tempo sua fama de faraó guerreiro...