A soberana do EgitoOs profetas de Amon estavam novamente reunidos, o Sumo Sacerdote de Tebas toma a frente do oratório e inicia um discurso acalorado sobre a rainha Hatshepsut, a falta de fé do faraó Tutmés e as possíveis consequências de suas ações sobre o Egito.
— Entendo suas preocupações em relação ao faraó, mas Hatshepsut sempre foi temente aos deuses que adoramos e vem se mostrando muito interessada nos assuntos religiosos, desde sua nomeação. Sem falar que antes disso, cansei de a ver supervisionando as obras no Vale dos Reis, fazendo doações e de joelhos nos templos fazendo suas oração, e no mais o herdeiro de Tutmés não passa de um bebê e Satiah não tem nenhum dom para governar, quem reinaria então? — Questiona um sacerdote da cidade baixa.
— Tomaremos o controle, até que o príncipe seja instruído e tenha idade para governar com sabedoria as duas terras.
— Talvez eu esteja sendo tolo, mas todos sabemos porque Tutmés herdou um reino tão conturbado. Tutmés II e a rainha Hatshepsut, apesar de terem sido bons políticos eram péssimos em demonstrar seu poder. Por isso nossas fronteiras ficaram desprotegidas, perdemos territórios e nosso exército ficou enfraquecido.
— Soube que teve uma audiência com a rainha há poucos dias, tenho certeza que ela deve ter sido muito generosa para defendê-la de tal forma.
— Na verdade, ela requisitou a minha presença para pedir orações de fertilidade e nada mais. Eu era jovem, mas lembro muito bem, de quando você nos lançou o nome da mãe da rainha como tutora de Tutmés dizendo que assim o reino estaria resguardado, no entando Hatcheptsut se tornou uma rainha perigosa cheia de ideias reformistas que poderiam dar fim ao modo de vida que conhecemos. Hat, pode ser uma excelente rainha, se for instruída da maneira correta.
— Concordo, mas Hat é mais teimosa e insolente do que a mãe, não há como controlar uma discípula de Sekhmet. — Retruca o sumo sacerdote.
— Ra controlou a fúria de Sekhmet, a fazendo acreditar que fazia o que queria. Podemos fazer o mesmo com a rainha.
— Não queira se contrapor com o que já foi decidido pelos deuses. — Insiste o sumo sacerdote.
— Foi decidido por você.
— E os deuses falam através de mim! — Esbraveja ele.
— Hat é a única guardiã da legitimidade, ela foi concebida pelos deuses. Com o vizir morto, quem garantira que qualquer nobre com um pingo de sangue real, não conteste o trono do pequeno Niuserré? Já pensaram o caos que será? A instabilidade que isto trará ao reino? — Diz o sacerdote e um burburinho apreensivo começa a reinar entre os profetas de Amon.
— Cale – se sacerdote, entendo suas preocupações, mas tudo será arranjado, os deuses me garantiram isso. — Fala o sacerdote, mas desta vez, protestos e questionamentos começam a vir de todos os cantos do grande salão. O sumo sacerdote leva às mãos a cabeça percebendo que Hatshepsut já começava a mostrar suas garras.
A fama da rainha cresceu brusca e rapidamente em Tebas, corriam noticias de que ela havia sido tocada pelo deus Thot, e este lhe enchia de sabedoria, guiando suas decisões até o regresso do faraó. Hat sabia que os boatos plantados por ela mesma, eram uma forma eficaz de consolidar a sua origem divina e enfraquecer qualquer palavra dita contra ela vinda da boca dos sacerdotes do reino. Enquanto Tutmés lutava contra estrangeiros, ela travaria uma batalha silenciosa contra os sacerdotes, porém, tão importante quanto.
No acampamento as margens do Nilo, o rei observava o hicso Nahur dando um breve treinamento a garotos ainda muito jovens. Tutmés não tinha nenhuma dúvida sobre sua traição e tudo que queria naquele exato momento, era atravessar uma espada no corpo do maldito traidor. No entanto, precisava esperar, pelo menos até a próxima batalha ser travada e os Mitanni serem arrastados a uma emboscada pelo seu próprio informante. Depois disso, faria do hicso um exemplo pra todos aqueles que ousassem pensar em trair o Egito novamente.
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Tutmés III - O Faraó Guerreiro - CONCLUÍDA
Fiction HistoriqueSinopse: Após a morte misteriosa da rainha Hatshepsut, o jovem e obstinado faraó Tutmés III toma como missão retomar a grande glória egípcia. Ele cruza o deserto anexando territórios, derrotando inimigos e em pouco tempo sua fama de faraó guerreiro...