O Braço Direito

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O braço direito


A caminho de Ta-senet, Neturut recebeu a informação de que o comandante Donkor estava pessoalmente empenhado na caça a um jovem camponês que assassinou um soldado. A pressa era tanta em capturar o assassino que ele havia ordenado que investidas da guarda fossem realizadas em todas as rotas para karnak. O velho guarda entendeu imediatamente a quem ele estava caçando e se o hicso falava a verdade, sobre a suspeita de envolvimento do comandante com os Mitanni, seu menino corria um grande risco. Ele imediatamente dividiu a guarda real em dois pelotões a fim de cobrir um território maior, mas é um jovem sacerdote com o rosto machucado que lhe traz a informação de que o rei seguia pela rota do desfiladeiro e que antes dele outros estiveram ali e arrancaram a informação a força.

Neturut cavalga o mais rápido que pode, os cavalos cortam o vento árido do deserto em direção a imensa pedreira que circunda a zona sul de Luxor, e protege karnak. Durante o caminho há uma fumaça negra e ao se aproximar, pequenas barracas ainda em chamas fazem o ar quente tremular. O guarda se aproxima, e pela quantidade de pegadas de cavalos e homens acredita que cerca de quatorze ou quinze passaram por ali. Mais a frente há dois corpos estirados no chão, Neturut sente seu peito gelar e rapidamente se aproxima do cadáver. Um homem de meia idade envolto em uma poça de sangue, mais a frente uma mulher de bruços que tem em seus braços um bebê, também já sem vida. No pulso da mulher ele vê um bracelete que ele conhecia bem.

— Os corpos ainda estão quentes. Temos de continuar, devem estar pouco tempo a nossa frente. Meia hora no máximo. Vamos. —Diz Neturut arrancado o bracelete da mulher e cobrindo o corpo dela e da criança com um dos tecidos jogados ao chão.

A noite é iluminada apenas pela lua e as estrelas. O faraó mesmo no passo lento, quer alcançar Karnak antes do amanhecer. Eles estão quase no final do desfiladeiro prestes a adentrar a pedreira quando o ressoar de patas apressadas é ouvido logo atrás deles. Tut, acelera o passo do cavalo, mas mesmo assim, segundos depois a proximidade o obriga a galopar.

Aliah segura firme na cela, quando uma flecha passa raspando pelo ombro do rapaz. Eles adentram a pedreira, que vinha sendo escavada para servir de tumba aos poderosos sacerdotes de karnak,  rapidamente Tutmés se põe entre o labirinto de pedras obrigando os soldados a se separarem. Os jovens descem do cavalo e em seguida o rei o espanta com um forte tapa nas anca, que faz o cavalo disparar na direção contrária chamando a atenção dos soldados. Ele encontra uma tumba que ainda estava sendo escavada e adentra na escuridão absoluta com Aliah, e assim que encontra um local seguro ele pede pra que a princesa fique ali.

— Fique comigo. Eles não vão nos ver — Implora ela assustada.

—Por favor não saia, eu volto logo — diz se dirigindo de volta para fora da tumba.

Aliah se encolhe junto a parede úmida enquanto Tutmés se arma com o arco e caminha silenciosamente por entre as pedras. O faraó entra em modo de caça quando percebe que os homens desceram de seus cavalos e agora estão a procura deles. Como um lince, ele espera, se esgueirando entre as enormes pedras, aguardando a hora certa de agir. Quando uma dupla está suficientemente longe do resto do grupo, ele prepara a flecha e faz um disparo que atravessa o olho esquerdo do soldado e antes que o outro pudesse gritar uma outra atravessa seu estomago.
O faraó se aproxima dos corpos e pega a espada de um deles em seguida volta a circundá-los. Ele contou 12 soldados e Donkor que apressava os homens a fim de os  encontrar rapidamente. Tut sente um pesar cair sobre seus ombros. Ele fora traído por um de seus comandantes, um homem que por diversas vezes lutou lado a lado com ele. Ele coloca Donkor na mira de seu arco, respira fundo, mas antes que possa fazer o disparo um dos soldados o avista e ele muda o foco do arco lançando a flecha no peito do soldado, fugindo logo em seguida.

Tutmés III - O Faraó Guerreiro  - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora