Eu sou seu faraó

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Gael puxava a mãe pela mão tentando despertá - lá. O menino sentia muita dor nas costas, fora arrancado dos braços de  Salomé e lançado contra a parede de barro e ali permaneceu assustado, chorando enquanto via aqueles homens rasgarem as vestes de sua mãe e a arrastarem para trás de uma carroça, onde a ouviu gritar e relutar enquanto 
após o outro, se deitavam sobre ela, a ferindo até que não tivesse mais forças para se mover e satisfeitos perdessem o interesse.

— Mamãe — O garotinho chama puxando - a pelo dedo. Sem resposta, o menino permanece ao lado dela até que ouve passos vindos do portão. Alguns homens e mulheres caminham, ajudando - se uns aos outros. O pequeno nota a presença de seu pai entre eles, caminhando preocupado e não pensa duas vezes em correr na sua direção. Eliseu abraça o pequeno filho com um sorriso que desaparece ao ver o corpo caído da esposa. Ele entrega o menino nos braços de outra escrava e se aproxima cambaleante. Salomé, tinha os olhos petrificados e o rosto e vestes ensanguentados. Ele a tomou nos braços tentando despertá - lá quando percebeu que não contentes em violar seu corpo, os algozes enterraram uma lâmina em seu ventre, ceifando assim sua vida.

Eliseu fechou os olhos da esposa, arrumou suas vestes e deu-lhe um último beijo,  a recostando suavemente a calçada. Limpou as lágrimas e tomou novamente o filho nos braços. Gael, choramingava enquanto o pai, na companhia de outros escravos avançavam pela cidade alta.

Cerca de trezentos soldados egípcios e Núbios receberam a bênção do faraó, antes de adentrar os canais da grande Tebas.

Tutmés permanecia apreensivo em sua biga a uma distância segura dos arqueiros posicionados no alto dos muros da cidade. Dentro dela, a situação já estava quase que controlada, mas Taufik, não se permitiu descansar. Precisava encontrar uma maneira de tomar o palácio e com toda a corte e nobres sob seu poder, se autoproclamar o novo rei do Egito.

O Cananeu, decidiu concentrar as suas forças no palácio, se não conseguia invadí-lo, os obrigaria a abrir os portões. Mandou reunir dezenas de cidadãos egípcios em frente aos muros, homens, mulheres e crianças e iniciou um massacre o qual podia ser ouvido dentro das paredes do palácio.

Hashepsut respirou fundo e levou a mão ao ventre. Sentia um aperto no peito e um nó dolorido na garganta ao ouvir o lamento agonizante de seu povo. Radamés a instruirá que ela devia se manter firme, pois os olheiros já haviam identificado a aproximação das tropas egípcias e Taufik tentaria as maiores atrocidades para adentrar o palácio. No entanto a rainha, nunca se viu em tal situação. A guerra para ela, sempre foi assunto de homens, nunca aprendeu a lidar com as atrocidades contidas nela.

Enquanto isso, Aliah trouxera o pequeno Niuserré aos seus aposentos, tentava a distrair - se com os bebês de tudo que acontecia do lado de fora dos muros, mas não conseguia parar de pensar em toda a crueldade que seu irmão estava cometendo.

Beijou a filha, depois o menino  e os deixou aos cuidados de uma serva. De alguma forma, se sentia responsável por aquilo. Sabia que parte do ódio do irmão pelos egípcios, vinha do fato dela ter se submetido por livre e espontânea vontade ao rei. Por ela ter quebrado a promessa que fez a ele ao deixar Megido. Revirou seus pertences e vestiu um de seus antigos vestidos, um manto sobre a cabeça e deixou o palácio pela passagem mostrada por Tutmés. Alcançou a cidade depois de alguns minutos de caminhada e se deparou com toda a tragédia da guerra. Corpos ensanguentados se mesclavam a areia e ao choro de crianças. Andou na direção do palácio e logo foi cercada pelos homens de Taufik. Falou com eles em sua língua materna e foi escoltada até a presença do irmão mais velho que a recebeu com um tapa no rosto que quase a fez cair.

— Imunda. É um ultraje que use essas roupas este manto de uma mulher de bem, quando se comporta como uma mundana! — ele esbraveja arrancado o manto e rasgando a túnica da irmã que permanece estática.

Tutmés III - O Faraó Guerreiro  - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora