Eu sou seu faraó - Parte II

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Eu sou seu faraó - Parte IV

"Que homem não se cobre de glória em sua pátria, quando mostra seu valor diante de seu senhor e tem renome de guerreiro? Em verdade, em verdade, o homem é aclamado por seu valor."

Eliseu e o grupo de escravos conseguiu se refugiar no alto de alguns casebres, antes de serem atingidos pela onda arrasadora que se dissipou por algumas ruas da cidade.

- Isso é coisa daquele Deus com cabeça de pássaro - Fala um dos homens assustado - É um aviso, para voltarmos para vila.

- Não é nada, deve ter sido algum dos dutos que se rompeu, esses deuses deles não passam de crendices - Retruca Eliseu.

- E como sabe disso? Pelas histórias, porque é só isso que temos e sabemos. Os Deuses deles dão colheitas, ouro, fertilidade e alegria e o nosso nos dá o que?

- Ele está olhando por nós, devemos continuar.

- Como olhou por tua mulher? Volte enquanto ainda tem teu filho vivo. Eu vou voltar.

- Não vou levar Gael de volta para vila, para ser um escravo do faraó.

- A escolha é sua, mas vai estar o levando para uma tumba.

O escravo, esperou a água escoar e viu parte de seus companheiros desistirem da empreitada. Olhou para o menino agarrado em seu pescoço e beijou seus cabelos com carinho. Se acabasse morto, quem cuidaria dele? Certamente morreria de fome e sede pelos guetos da vila. Mas desistir lhe traria o que? Uma vida de escravidão e medo?

Respirou profundamente e votou a rumar em direção a saída da cidade, quando alcançou as imediações do palácio tratou de mandar o pequeno Gael fechar os olhos. Uma carnificina parecia ter alí acontecido, corpos mutilados, foram arrastados pela água e compunham uma visão aterradora. Eliseu continuou caminhando, mesmo quando o medo assolou todos os seus companheiros que começaram a regressar temerosos por seus destinos. O menino ousou espiar sobre os ombros do pai e se encolheu novamente assustado.

- Tudo bem Gael. Ficaremos bem - sussurra o pai ao ouvido da criança.

Ao chegar próximo aos portões a movimentação dos guardas o fez recuar, viu alguns amontoar os corpos, enquanto outros tratavam de atravessar suas espadas nos soldados moribundos e em outros que eram capturados. Eliseu olhou pro filho pequeno e não teve coragem de prosseguir. Retornou à cidade baixa e depois a vila , e sentindo-se derrotado se entregou a um choro lamentoso e jurou um dia tentar acabar com todo o sofrimento que seu povo e o que certamente veria seu filho passar. Jurou acabar com aquele que carregava o chicote e o cedro e se proclamava um Deus na terra. Jurou um dia, ao menos tentar matar o faraó.

Aliah e Satiah foram levadas para o interior do palácio e atendidas por Disebek. As duas mulheres possuíam apenas alguns hematomas e pequenas escoriações. O sacerdote, concentrou suas atenções em Aliah, que surpreendentemente ainda segurava o filho em seu ventre, mesmo depois de passar por tantos perigos.

- Este não nega ter o sangue dos deuses nas veias - Conclui o sacerdote dando uma leve batidinha no ventre na princesa.

- Aliah! Você enlouqueceu? Como pode sair do palácio em meio a todo esse caos! - Fala Hat brava, adentrando a sala.

- Perdoe-me rainha, mas eu precisava fazer algo.

- E o que poderia fazer contra um exército, menina tola!

- Taufik era meu irmão...

- Era?

- Ele não voltará a causar problemas, agora com sua licença vou me trocar e ver minha filha. - Diz se levantando enquanto Satiah dirige um risinho cínico a rainha.

Tutmés III - O Faraó Guerreiro  - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora