Capítulo 40

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Vou reerguer o meu castelo
Ferro e martelo
Reconquistar o que eu perdi
Eu sei que vão tentar me destruir
Mas vou me reconstruir
Voltar mais forte que antes

Quando a maldade aqui passou
E a tristeza fez abrigo
Luz lá do céu me visitou
E fez morada em mim

Quando o medo se apossou
Trazendo guerra sem sentido
A esperança aqui ficou
Segue vibrando
[...]
Ainda erguendo os meus castelos
Vozes e ecos
Só assim não me perdi
Sonhos infinitos
Vozes e gritos
Pra chamar quem não consegue ouvir

Do Engenho Novo pra Austrália
Pronto pra batalha
Cabeça erguida sempre pra seguir
Se tentar nos parar, não é bem assim
Ficaremos mais bem fortes do que antes
[...]
(Pesadão - IZA)

ANNE

Depois de ficar algum tempo no dormitório do Alan (como sempre) vou para a aula de música, manifestar um pouco da angústia dentro do meu ser, em músicas depressivas e sentimentais.

Passo no meu dormitório e pego meu violão, teria que decidir se iria usá-lo ou se usaria o piano preto super lustrado da sala. Provavelmente o piano, mas não custa tentar.

Começo a andar nos corredores a passos lentos, enquanto observava os alunos transitando por entre as salas, tinham muitas aulas extracurriculares naquele horário, mas nenhum que me agradasse ao ponto de passar 1 hora em uma sala.

Meus olhos param um um grupo de garotas com tanta maquiagem que me impressiona a cara não estar pesada e no chão, vejo que elas estão me observando e de vez enquanto cochichando algo.

Apenas as ignoro e entro na sala.

A professora Chistie me recebe com um largo e contagiante sorriso.

Chistie - Veio inspirada hoje Ann? - Ela me pergunta com animação, atrás dela alguns alunos estavam se aquecendo ou afinando seus instrumentos.

As aulas sempre foram mais livres, sempre escolhíamos uma aleatória e tocávamos para toda a turma. E hoje não seria uma exceção. Adorava essa liberdade que ela nos dava, nunca éramos obrigados a tocar em grupo, odeio trabalho em grupo.

Não sei por que ela diz que sou inspirada, eu simplesmente subo no palco, solto minha voz e mexo algumas cordas do violão, nada demais.

Chistie - Quem vai ser o primeiro? - Ela sobe ao palco e espera alguém se pronunciar, caso contrário ela escolhe alguém a dedo. Por sorte, um garoto moreno levanta a mão e sobe no palco.

Odeio ser a primeira ou a última em alguma coisa.

Ele realmente tocava e cantava muito bem. Depois de mais algumas "apresentações" em que a professora fazia algumas considerações em relação a notas erradas, e até desafinos começo a me preparar psicologicamente para minha vez.

Cogitei em usar o piano, e quando foquei meus olhos no objeto me lembrei de Mamãe tentando me ensinar a tocar sua música favorita, que em pouco tempo se tornou a minha também.

Quando percebi que já tinha erguido minha mão e já caminhava para o palco. Empurrei o piano, que até então estava encostado na parede, para o centro. Me posicionei no banquinho consideravelmente confortável, e comecei a tocar as notas tão bem conhecidas por mim.

Do Outro Lado do VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora