TiBoo

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Parada em uma calçada na avenida Lincoln Boulevard, em frente a cafeteria Reed's Coffee, Lauren Jauregui encontrava-se em um profundo temor. Olhava ao redor, atônita, a procura de qualquer ínfimo detalhe não-natural no ambiente que comprovasse que aquilo não passava de um sonho.

Pessoas iam e vinham despreocupadas, mulheres elegantes entravam e saíam de lojas com crianças em seus encalços, adolescentes com fones de ouvidos coloridos passavam por ela em direção a cafeteria, e Lauren observava tudo aquilo com um assombro crescente.

Olhou no relógio e comprovou que eram apenas nove e meia da manhã, o mesmo horário em que havia registrado as fotos do estabelecimento. Foi só então que algo em sua mente estalou e a garota rapidamente alcançou a câmera pendurada no pescoço para averiguar se as fotos estavam mesmo lá. A expressão de seu rosto passou de assombro ao choque quando constatou que as imagens haviam sido tiradas a poucos minutos, conforme apontava o pequeno visor da sua Nikon.

Lauren encheu os pulmões de ar e suspirou ruidosamente quando começou a se dar conta do que estava acontecendo. A mão esquerda se embrenhou nas madeixas negras dos seus cabelos e surpreendentemente um sorriso apareceu.

Eu voltei no tempo? Perguntou-se, extasiada.

O sorriso crescia conforme a compreensão lhe invadia, então baixou o olhar para a máquina em suas mãos e lembrou-se do que deveria fazer a seguir.

Cruzou as portas de vidro da cafeteria e notou Margô sentada atrás do grande balcão de madeira escura. A luz da manhã refletida nos espelhos coloridos do ambiente tornava o rosto dela uma profusão de cores, como uma tela abstrata, e isso, pensou Lauren, era exuberante. Margô estava exatamente onde deveria estar, a pedra fundamental de toda aquela arquitetura, a peça mais importante daquele lugar sem a qual o perfeito funcionamento não seria possível.

Os olhos de águia da mulher prontamente encontraram os dela e Lauren sentiu uma conexão tão forte que precisou se apoiar em uma das mesas vazias ali por perto. Vertigem.

Balançou a cabeça e piscou forte uma centena de vezes até se achar bem o suficiente para aproximar-se da senhora.

Apesar do esforço, a respiração saía descompassada, Lauren engoliu em seco e apoiou-se ao balcão sob o olhar escrutinante de Margô, tirou a câmera do pescoço e silenciosamente entregou-a a mulher ao mesmo tempo em que recebia dela o copo de café. Observou o líquido negro fumegante e estranhou que dessa vez estava quente, mas envolveu ambas as mãos ao redor do recipiente levando-o aos lábios.

Margô suspirou pesadamente e abriu a boca para proferir as palavras que Lauren incrivelmente lembrava-se bem:

– Muitas histórias começaram e terminaram aqui. Este lugar é conhecido por juntar almas no...

– Laço da paixão. – Completou Lauren.

Margô olhou para a moça por cima dos óculos e estreitou os olhos. Depositou a câmera cuidadosamente sobre o balcão e se aproximou, apoiando os braços sobre a madeira escura.

– Tenha cuidado, querida.

Lauren franziu a testa diante do comentário da mulher, mas nada falou. Tais palavras significavam muito mais do que aparentavam, disso ela sabia.
Olhou para o copo de café e entornou tudo de uma vez, o rosto contraindo-se em uma careta no final do ato.

– Semana que vem estarei aqui. – Falou com dificuldade. A garganta ardia.

Margô ergueu a mão e reajustou os óculos sobre o nariz. Seu olhar perscrutante se moveu de Lauren para a porta da cafeteria e depois novamente para a jovem, cuja expressão denotava apreensão.

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