Conclusões Precipitadas

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Enquanto subia as escadas com pressa, o coração de Lauren batia num ritmo desenfreado. Ela conseguia escutar os batimentos ribombando em seus ouvidos, encobrindo sua mente barulhenta, chegando perto de abafar seu principal objetivo.

Correu até o carro onde tinha deixado sua câmera, abriu a porta com tudo e vasculhou a mochila a procura do seu instrumento de trabalho. A primeira coisa que fez quando encontrou, foi apontar a câmera para si mesma e tirar uma foto. Em seguida, voltou correndo para o casarão.

Se contasse a alguém sobre a cabine, com toda a certeza pensariam que Lauren havia enlouquecido. Até mesmo ela ponderava isso. Mas sua filosofia de vida incluía nunca desistir, e isso englobava tudo, nunca desistir da vida, nunca desistir do sucesso, nunca desistir de tudo aquilo que acreditava que merecia ter. Ela sabia que seus esforços trariam resultados.

Chegou no porão e empurrou a porta com o ombro, sem conseguir frear a corrida gerada pelo seu pequeno rompante de impetuosidade. Porém, a jovem estava determinada a descobrir tudo, pois acreditava que aquilo, definitivamente, mudaria sua vida para melhor.

Enquanto recuperava o fôlego, Lauren concentrou o olhar sobre o visor da sua Nikon, na foto tirada a alguns minutos atrás. Sorriu quando notou que mesmo tendo tirado as pressas, a foto ficou excelente, uma boa composição em uma iluminação perfeita, e se fechasse os olhos, a imagem brilharia em sua retina. Tomou aquilo como um bom sinal, então pousou a câmera sobre uma das caixas, retornou para a cabine, acionou o interruptor, e por último veio o flash.

Ao abrir os olhos, se viu do lado de fora da casa, ao lado do carro, com a câmera virada para si. Funcionou! Gritou de alegria, chutando o vento e dando soquinhos no ar. Aquilo significava uma infinidade de possibilidades para ela, era tão surreal!

– Eu voltei na porra do tempo!

Eufórica, saiu correndo, esmagando pedrinhas a cada longa passada. Pulou com tudo na varanda do casarão, mas o pé afundou numa tábua velha, meio solta, e se prendeu, fazendo com que Lauren desse com a cara no chão. Ela gargalhou de sua infantilidade, estava feliz demais para se importar com o fato de ter aberto um buraco no piso de madeira da varanda, ou com a dor da queda. Se preocupou apenas quando percebeu que a câmera estava estraçalhada no chão, e mesmo assim sabia que havia um jeito de consertar, afinal, ela agora podia voltar no tempo. Foi exatamente o que fez a seguir.

– Dessa vez tem que dar certo! – Disse, ao retornar para a cabine.

Voltou ao mesmo ponto do lado de fora do casarão, mas evitou correr como louca e não saiu saltitando pela varanda. Com a câmera em mãos, Lauren selecionou as fotos da cafeteria, e o motivo era claro, queria conhecer a garota distraída cuja beleza a deixara fascinada. Em todos os seus anos fotografando, nunca viu nada e nem ninguém tão belo a ponto de desestruturar suas bases e fazê-la perder o foco. Ela precisava descobrir a identidade da garota.

Acionou a câmera, contou cinco segundos mentalmente, e ao terminar a contagem: flash! Lauren estava lá.

3 de Julho de 2015. Reed's Coffee. Los Angeles.

– Meu Deus, moça. Desculpa!

– Não foi nada... – Disse Lauren, enquanto examinava a mancha de café que partia desde a gola da sua camisa xadrez.

Ela felizmente compreendeu que algumas coisas não podem ser totalmente mudadas, embora alguns erros possam ser evitados, como por exemplo: arriscar perder a câmera no acidente. Lauren deixou seu bem mais precioso em cima do balcão de Margô, sob os cuidados dela. Pegou o copo de café e seguiu para o encontro desastroso na calçada, mas seguiu feliz, absolutamente certa de que não perderia a garota dessa vez.

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