Consequência²

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O choque de imaginar que aquilo poderia ser real não se compara ao choque de ver a cena se desenrolar na sua frente. Lauren permanece parada à porta, olhando por cima do ombro da mãe, está tão concentrada no rosto furioso de Dinah que não percebe que Clara está tentando lhe dizer algo.

– ... Calma... Fique calma.

– Eu estou. Preciso apenas conversar com Dinah.

– Sra. Jauregui. – Dinah diz, chamando a atenção de Clara. – Tenho muito o que fazer, com licença.

A garota se afasta, está nítido que não quer papo com Lauren. Depois de todo esse tempo ela aparece assim e ainda tem coragem de lhe dirigir a palavra, mesmo depois de Dinah ter deixado claro que não a queria ver de novo.

– Dinah, por favor! – Lauren implora. – Por favor...

Mas ela não para. Dinah some das vistas de Lauren em questão de segundos. Ao se ver abandonada alí, a fotógrafa dirige o olhar para o rosto da mãe, e em desespero a puxa para um abraço apertado, fungando no pescoço dela enquanto a questiona com voz sofrida:

– O que eu fiz, mamãe?

Lauren sabe que aquilo não deve fazer sentido para a mãe, ou talvez ela entenda mais do que Lauren pensa. O fato é que não consegue se desgrudar do abraço de Clara. Pareciam anos desde que a tinha visto pela última vez, anos desde que a abraçou dessa forma e se permitiu chorar. Ela fica alí, sentindo o perfume familiar e nostálgico da sua infância, segurando-a forte enquanto as lágrimas caem desenfreadas.

Escondida atrás de uma porta, Dinah observa a cena por uma pequena fresta. Lauren deve estar drogada para estar agindo assim, pensa ela. Então quando ouve o choro um pouco mais alto, percebe que realmente tem algo errado. Já se passou tempo demais desde que as duas se desentenderam, mas Dinah não sabe se consegue perdoar a garota, não consegue deixar o passado no passado. Entretanto, quando se depara com o rosto molhado de Lauren, sente uma pequena rachadura se formar em suas barreiras. Seria tão ruim dar a ela a chance de se explicar? Já passou tempo demais.

– Você quer entrar? – Pergunta Clara para a filha.

– Não, talvez seja melhor eu voltar outro dia. Me desculpe, mãe.

Lauren beija a testa da mãe e em seguida enxuga o rosto na manga da camisa. Arrepende-se por ter se mostrado tão vulnerável, seu estado de espírito decaiu tão rápido nas últimas horas, a falta de respostas, a consequência injusta de sua alteração no tempo, não é algo com o qual Lauren soubesse lidar. Despede-se da mãe e caminha pela entrada de cascalho da casa dos pais, ouve quando a porta se fecha, mas ouve quando ela se abre outra vez e assim que se vira para um último aceno, Dinah surge em sua frente.

Não dizem nada uma para a outra, embora o primeiro impulso de Lauren seja caminhar até ela e abraça-la como fez com a mãe, no fundo sabe que não é uma boa ideia. Afinal, ela fala:

– Dinah... Eu não sei o que houve com a gente. Talvez eu tenha te magoado, mas a Lauren que fez isso não existe mais, eu não sou ela.

Dinah revira os olhos e cruza os braços em uma pose defensiva, depois de todo esse tempo achou que Lauren viria com uma desculpa mais elaborada, mas aqui está ela contando historinha de criança.

– Lauren... Veio perder seu tempo aqui...

– Acredita em mim, Dinah! Eu não sou aquela Lauren. Eu vim do futuro, ou não, eu vim do passado. Espera... Eu vim de outra linha do tempo! Isso!

As palavras realmente soam esquisitas quando ditas dessa forma, mas Lauren se apega à chance que tem, até porque Dinah sabia sobre a TiBoo.

– Eu perdi três anos de lembranças, não tenho a mínima ideia do que aconteceu entre nós. Por favor, acredite. – Implora. – Eu preciso de respostas.

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