Como se diz eu te amo?

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Ao cair da noite Lauren está em seu apartamento, tentando falar com Dr. Martin no celular, mas ele não atende e ela sente as esperanças se desintegrando. Liga para Dinah, avisa que houve um imprevisto e vai cancelar o jantar. Por último, liga para Normani e pergunta por Camila, talvez ela responda "Está melhor", mas não é isso o que ela diz.

Cansada, Lauren pega as chaves do carro e sai outra vez, porque entre todas as coisas que está sentindo e tudo o que tem vivido, ela só consegue pensar em uma pessoa capaz de firmar-lhe os passos. Apesar da inconstante presença dela na cafeteria, tem absoluta certeza de que Margô estará lá, a mulher que sabe de tudo e todas as coisas. Como pode? Decerto é um tanto inexplicável essa conexão entre elas, mas há um entendimento natural que se mostra significante em meio a esses encontros conturbados e reconfortantes.

Vinte minutos depois, estaciona em frente ao Reed's Coffee e entra no salão amplo e familiar que cheira a café e biscoitos recém-retirados do forno. Atrás do balcão está a mulher que procura, os óculos de leitura descansando na ponta do nariz, a mão apoiada no queixo e o poderoso olhar de águia alinhado com o de Lauren.

Palavras que doem, verdades que machucam e um pouco de juízo. É isso o que ela espera quando se aproxima de Margô. Que a mulher aponte o caminho que Lauren não consegue ver e mostre o que tem feito de errado.

– Diga-me do que precisa, minha jovem.

– Eu poderia dizer... Mas acho que você já sabe.

– Dia difícil, huh?

Lauren se apoia ao balcão e suspira.

– Mais difícil do que imaginei que seria. – Confessa, e neste momento está falando de tudo o que tem vivido. – Margô, olhe para mim. Não acha que já tive o suficiente? Eu já aprendi muito. Só que agora eu ando me sentindo sem chão, sem rumo, não sei mais como posso consertar as coisas.

– Não se trata de consertar as coisas, querida. Trata-se do que tem aprendido com isso.

– É mais do que posso lidar. Uma hora me sinto bem e estou funcionando, dizendo a todos o quanto a vida é bela. Em outra estou fugindo de tudo, incapaz de suportar a quantidade de peso que meus atos trouxeram. O que devo fazer, Margô?

– Parar de agir feito uma barata tonta. O que você espera da vida agora? O que está buscando?

– Quero ser feliz com Camila, quero vê-la bem. Quero fortificar o laço com minha família e meus amigos, vê-los felizes e conquistando tudo o que merecem. Quero que a vida volte ao normal. – Responde, exausta. – Eu nunca fui uma má pessoa, eu me importava com todos, não entendo como a vida possa estar me punindo de maneira tão pesada.

Margô emite um som que parece significar: "Você não viu nada ainda", depois afasta-se até a máquina de café.

– Você se sentiria melhor se eu dissesse que isso está perto de terminar? – Diz a mulher, preparando um Cappuccino.

– Eu me sentiria agradecida. Existem momentos em que penso não haver sentido nisso. Estou tentando viver a vida normalmente, mas não consigo me livrar da sensação de que meus esforços estão sendo em vão.

– E é por isso que ainda não chegamos ao fim. – Responde Margô, entregando o copo para a fotógrafa.

– Aliás... Como é que você sabe de tudo? O que você é?

– Apenas a dona de uma decadente cafeteria.

– Mas...

– Mais nada. Espere pelo fim, porque...

– Os fins justificam os meios, já entendi.

Margô assente.

– Tome isso e vá para casa. Fique com a sua menina.

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