Ninguém Perde Por Dar Amor

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No meio da madrugada, barulhos esquisitos começaram a vir do banheiro do velho casarão onde morava Lauren Jauregui. De todos os finais possíveis que ela imaginou que sua noite com Lucy Vives poderia ter, o que estava tendo não chegava nem perto do ideal.

– Estou aqui. Põe tudo pra fora.

– Eu não devia ter... – Vomitou outra vez. – Bebido tanto...

– Não devia mesmo, ai Lauren...

A fotógrafa encontrava-se debruçada sobre a privada, vomitando tudo o que havia comido durante o dia. Pairando acima dela, estava Lucy, segurando seus cabelos com um olhar de compaixão e receio.

– Você precisa de um banho gelado. – Disse ela.

Lauren não conseguiu relutar, o rosto vermelho e sofrido, o olhar perdido, ela só queria se jogar no chão e dormir. Mas Lucy ajudou-a a se erguer, deu a descarga, e depois mais uma para garantir. Em seguida, tirou as roupas de Lauren, sujas de vômito e vodca, e pôs a garota no box, embaixo do chuveiro.

– Eu consigo sozinha. – Disse a fotógrafa, com uma expressão amuada.

Lucy hesitou, mas acabou concordando, girou o registro do chuveiro, e sob os gemidos aflitivos de Lauren, saiu do banheiro. Pensou que deveria ir embora agora, deixá-la ali, mas não teve coragem. O melhor seria ficar, fazer uma sopa ou apenas ajudá-la a dormir, velar o sono da sua antiga paixão, não tão antiga assim.

Quando recebeu o telefonema de Lauren, seu coração encheu-se de esperança, achou que depois de todo esse tempo ela teria amadurecido, e quem sabe, com um por cento de chance, elas poderiam recomeçar. Mas desde o momento em que chegou na casa do lago, Lauren não parou de falar de uma tal de Camila e foi então que Lucy entendeu porque ela a chamou. Não queria culpa-la, a fotógrafa estava bêbada, amedrontada por um sentimento nunca antes sentido, e agora que o tinha em sua vida, deveria enfrentá-lo.

Esperei tanto esse momento, pensou Lucy, só queria que tivesse sido por mim.

A jovem modelo de 21 anos seguiu para o quarto de Lauren, entristecida por todas as lembranças que invadiram sua mente ao percorrer os corredores cheios de quadros. Ao entrar no lugar, suspirou com pesar, as fotos na parede branca, os móveis de madeira rústica, a cama King Size, e o perfume. Ah, o perfume de Lauren, o primeiro amor da sua vida, cujo coração foi arrebatado por essa tal de Camila, uma garota que Lucy imaginava ser incrível, que talvez fosse mais bonita do que ela, mais inteligente, bem humorada, que tivesse tudo o que ela não tem.

Abriu o armário e separou algumas roupas para a fotógrafa, pegou uma toalha limpa na prateleira de cima e voltou ao banheiro. Encontrou Lauren tremendo de frio, com a água gelada ainda caindo sobre ela e os olhos vidrados no piso de lajotas claras. Puxou a menina dali e a cobriu.

– Me desculpe, Lucy. Não chamei você aqui para isso.

– É óbvio que não. Mas já que estou aqui, vou cuidar de você. Se sente melhor?

– Não muito. – Respondeu, batendo os dentes.

Lucy a conduziu para o quarto, ajudou-a a se vestir, secou os cabelos de Lauren e a colocou na cama.
Seu dia hoje havia sido produtivo, ingressou em algumas campanhas de moda, foi contratada para ser a garota propaganda de uma marca de óculos caros, e tinha tudo para ir dormir feliz e despreocupada. Podia ter passado sem esse acréscimo. Mesmo assim, havia um lado em seu coração que se sentia pleno por estar ajudando alguém que significava tanto para ela. Era uma linha tênue entre a satisfação e a insatisfação, pois percebeu que passou mais tempo ao lado de Lauren hoje, nessa situação precária, do que costumava passar quando namoravam.

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