Consequência¹

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Setembro de 2018

Às 14:00 horas Lauren Jauregui acorda, sentindo a cabeça latejar pelo porre da noite anterior. Se remexe com dificuldade na cama, porque todos os seus músculos estão doloridos e sente a língua pesar como se estivesse coberta de laquê. Não encontra forças para se levantar, então fica alí deitada de barriga para baixo na imensa cama importada da Itália.

Um ruído preenche o ambiente e, com um pouco de esforço, Lauren percebe que é o barulho do chuveiro. Tudo tão familiar que não consegue deixar de pensar que Camila está no banho e daqui a pouco vai sair para o trabalho.

Abre os olhos devagar, vira o rosto para o outro lado e dá de cara com uma porta escura entreaberta. É a do banheiro, e só então nota que está em um lugar estranho.

O quarto é imenso, poucos móveis, paredes pintadas de branco, a cama bem no centro, como um ringue de luta. Lauren está nua, coberta parcialmente pelos lençóis pretos. Pretos? Quanto mal gosto. Faz um movimento para se levantar, mas ouve o barulho da porta se abrir, então se retém.

Uma moça loira surge só de calcinha, secando os cabelos com uma toalha amarela. Anda pelo quarto despreocupadamente, totalmente alheia à Lauren. Ela é bonita, tem um corpo de dar inveja, mas parece nova demais para estar aqui, seja lá onde o aqui significasse. Quando percebe que Lauren a está encarando, ela para e ergue as sobrancelhas em um sinal claro de desafio. Seus olhos são de um azul bem claro, tem lábios cheios e um rosto em formato de coração. Parece ser o tipo de garota que fala e faz tudo o quer, sem receios.

– Não precisa me expulsar como da última vez! – Diz ela, e a voz confirma que é realmente muito jovem.

Lauren sente-se aterrorizada. Agora se envolve com adolescentes? Não sabe o que responder à menina e não ter nenhuma lembrança torna tudo mais complicado. Estremece e passa as mãos devagar sobre o rosto, tentando lembrar se havia algo naquele diário que deveria considerar agora.
De repente surge uma ideia, então senta-se com esforço e se contorce na cama, procurando ao redor.

– O que foi, doida?

– Meu celular... – Lauren olha para a garota mais uma vez e resolve arriscar – Você sabe onde o deixei?

A menina anda até o canto do quarto e para em frente a um tanto de roupas amontoadas no chão, pega algumas peças e com brutalidade joga tudo no colo de Lauren.

– Deve estar por aí. – Responde e dá as costas.

Lauren a observa se vestir, ela é realmente bonita, mas logo lembra que precisa de pistas. Encontra o celular dentro de um bolso e o liga, mas tem senha. Que merda é essa? Lauren nunca precisou disso. Tenta algumas combinações, datas de aniversário, número dos pais, nada. Está concentrada nesse enigma quando ouve a voz da garota outra vez:

– Vou indo nessa.

Lauren não responde, tenta outras combinações, mas não consegue se conformar que não sabe a própria senha.

– Você ouviu? Eu já vou.

– Tá, Sabrina. Vai logo. – Enxota a menina acenando com a mão, mas só depois percebe o que falou.

Sabrina. O nome dela é Sabrina e ele simplesmente surgiu na mente de Lauren de uma forma natural. No mesmo minuto cresce a esperança de obter outras lembranças e talvez se conversar com a garota consiga chegar em algum lugar, mas é tarde, Sabrina já bateu a porta e foi embora.

Suspira pesado, joga o celular em cima da cama e passa as mãos pelos cabelos. Eles estão diferentes, mais curtos e desgrenhados, de um jeito que Lauren nunca imaginou que fosse cortar. Com exceção da garota, as mudanças estão se mostrando favoráveis, e mal pode esperar para ver como está sua carreira hoje.

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