Capítulo 22.

20 2 0
                                    


Abro os olhos e a claridade me atingem em cheio, sinto meu corpo mergulhar numa dor infinita como se a cada movimento meus ossos se partissem ao meio.

Mesmo assim tento observar melhor o ambiente em que me encontro, percebo para o meu espanto que eu estava num compartimento de um navio.

__Ora veja quem acordou.

Sou surpreendido por um homem já de idade, parado num canto do quarto.

__Onde estou? Pode me dizer seu nome?

__Meu nome é Gamur, sou o capitão desse navio, meus homens o salvaram de uma sentença de morte. Assim que fostes jogado a alto mar para morrer, alguns de meus homens desataram-lhe as pedras e o resgataram.

Fecho os olhos, e as lembranças começam a me invadir  como avalanches. Tento levantar dá cama mas não consigo, meu corpo não reaje aos meus comandos.

__Eu preciso voltar! Eu preciso
Salva-la. Armaram para que eu e minha esposa fosse-mos acusados de traição ao rei.

__Rapaz sinto muito em lhe dizer, mas sem chances de você retornar, pelo menos não agora. Você passou exatamente seis luas em estado de coma. E só te mantive em meu navio porque tanto eu quanto a tripulação estamos pasmos que você tenha sobrevivido esses meses todos sem consumir alimento algum. Os Deuses devem estar a seu favor.

__Repete por favor, eu fiquei em coma esses meses todos? Eu... Eu ouvir certo?

Eu me sentir completamente sem chão, em choque quando o homem a minha frente confirma oque lhe perguntei.

__Eu me pergunto rapaz, você é realmente humano? Ninguém sobrevive ao que você passou, e no entanto aqui está você.

__Você teve alguma notícia da princesa Açucena? Sabe se ela estar bem?

__Infelizmente de nada sei, estou navegando por esses mares desde quando lhe salvei.

__E porque me salvou?

__Um vez eu tive um filho, que morreu dá mesma forma que você ia morrer, sob as ordens de um conde que não aceitava que sua esposa o tivesse lhe traído com o meu jovem filho.  Te salvei como eu gostaria de ter salvado o meu garoto. 

__Sinto muito pelo seu filho, e obrigado por ter me salvo a vida. Mas e sobre a princesa teve alguma notícia?

Sinto outra pontada de dor na minha cabeça, e as lembranças dás minhas torturas me vem novamente.
Sinto as mãos do homem medindo a temperatura em minha testa, ele resmunga mais pra sí mesmo.

__Isso não é nada bom, nada bom.

Seguro-lhe a mão fazendo com que me olhe nos olhos, e mas uma vez pergunto por ela, mas a resposta que recebo me quebra em mil pedaços.

__Meu jovem, a essa hora provavelmente a sua princesa estar morta. Geralmente executada numa forca, é assim que eles fazem em casos confirmados de traição a coroa. Veja, seja grato aos Deuses pela chance de viver que recebeu. Segue sua vida Rei do Diamante!

__Como....

__Oras bolas, e quem não conhece o famoso Rei do Diamante o novo líder guerreiro dos rebeldes do Norte. Estou te levando para as ilhas Macarenas, um lugar onde ninguém te reconheceria, com o passar do tempo você pode arquitetar sua grande volta por cima, use a cabeça meu rapaz.

Fecho os olhos sentindo a febre consumir meu corpo, arquitetando dentro de mim como eu faria cada um deles pagar, e paga muito caro pelo oque me fizeram.
Seis luas se passaram, exatamente seis! Em teoria Açucena provavelmente foi executada, mas não era isso que meu coração dizia, não era isso que essa dor me mostrava.

A última imagem que tenho dela, é no nosso casamento ela adentrando a catedral com seu vestido de noiva, e um grande sorriso nos lábios.

Uma escuridão me consome, e me sinto perder a consciência.
Mas lá no fundo da minha alma, no fundo do meu ser, penso em estar ouvindo  uma doce voz angelical. "Durma meu amigo, descanse porque será uma longa guerra"

Apago completamente, com as imagens de Açucena me assombrando os pensamentos, eu falhei com ela, não a protegir, sobrevivi enquanto ela provavelmente morreu.
Seria um peso que eu carregaria até os últimos dias de minha vida.

A Filha da Deusa.Onde histórias criam vida. Descubra agora