A Filha da Deusa.

Capítulo 26.

__Faz horas que ela dorme. Será normal isso?

Pergunto
a Virgínia, a curandeira do nosso grupo.
Assim que eu fui convocada ao templo, imaginei que fosse alguma informação sobre o paradeiro de Igael, já que até hoje seu corpo nunca foi encontrado, a qual o meu grande espanto encontrar a princesa adormecida sob os cuidados dá sacerdotisa Luzia.

Sem poder falar, apenas se dignou em me escrever uma carta de poucas linhas.
"Princesa Açucena se encontra na proteção dá grande Deusa, cuide dela, é ela a grande esperança para o seu povo. Das mãos dela vocês herdarão a vitória."

Fiz oque era o certo, a trouxe para o nosso esconderijo.
Desde a queda de Igael, e sua sentença de morte, todos os rebeldes foram caçados e mortos, famílias inteiras assassinadas um derramamento de sangue como nunca houve.
Tudo sob as ordens dá Rainha, aquele monstro em forma de mulher.

Os poucos que sobraram, fugiram abandonando a causa, outros como eu nos escondemos esperando a hora certa para agir.

Virgínia me arranca dos meus pensamentos, com sua voz autoritária.

___Tenha paciência Eleonor, essa menina mal deu a luz e foi espancada e quase afogada num lago congelado. Realmente ela deve ser uma protegida dá grande Deusa, só as pancadas que ela levou a mataria em segundos.

Nesse momento meu irmão Ítalo invade a tenda. Sua respiração estava ofegante e fica mais ainda ao se deparar com a princesa sob nossas custódia.

__Como vocês a resgataram? Eu fiquei acampado por dias no reino de Grinyti a espera de poder salvar a princesa, e para o meu espanto ela se encontra aqui, com vocês.

O levo para fora da tenda, meio contra sua vontade.

__Não sabemos ao certo como tudo se sucedeu, apenas que ela foi deixada no templo dos Deuses, e que a Deusa mãe está a protegendo. Assim que ela recobrar sua consciência partiremos daqui para algum lugar seguro.

__E a criança? Oque se sucedeu?

Sinto um nó na garganta ao ter que responder.

__Não sabemos oque foi feito da criança. Nem se é menino ou menina. Provavelmente deve ter sido colocado na roda dos enjeitados.

__Então voltarei e procurarei a criança.

Seguro-lhe pelos braços o chamando a razão.

__Você não vai a lugar algum! Todos os dias milhares de crianças são abandonadas lá a própria sorte, como saberemos qual é a criança certa? Isso é suicídio, temos a princesa com agente, por hora isso nos basta.

__Sabe que temos uma dívida de gratidão com Igael, temos obrigação de salvar o seu filho!

O puxo para um abraço tentando conforta-lhe, amenizar aquela dor em nossos peitos.

___Salvamos a única mulher que ele realmente amou, pelo menos fizemos alguma coisa. Nem ao menos sabermos se ele está vivo, nunca ouvimos nada sobre ele ter escapado.

__Mas o corpo não foi encontrado. Só as correntes vazias no fundo do mar.

No fundo eu torcia para que Igael estivesse vivo, mas tudo levava a crer que não. As correntes que lhe prendiam o corpo estavam vazias, mas quem não garante que ele não virou comida de tubarão?

Nossa única esperança estava na jovem desacordada, cabia a mim prepara-la para a guerra que um dia se sucederia.

Ouço Virgínia me chamando de volta, Ítalo corre a minha frente chegando primeira que eu, assim que chego avisto a princesa sentada na cama bebendo água.

Sorrio para Virgínia em sinal de vitória, mas estranho o olhar desapontado que esta me retribuí, e então Virgínia fala o motivo.

__Ela não se lembra de nada, nem mesmo do próprio nome. As pancadas em sua cabeça foi muito forte, pobrezinha.

Sinto como se levasse uma pancada por ouvir isso, tudo se desmoronar a minha frente.
Ítalo me abraça e sunsurra em meu ouvido.

__Se a grande Deusa a protegeu, é porque algum propósito tem. Mesmo ela perdendo a memória ainda sim é um grande passo para a nossa vitória, teremos que ter paciência e  muita fé.

Concordo com ele, com o tempo ela recobraria a memória e seria de grande ajuda, até lá eu a treinaria para ser uma grande guerreira.

Me aproximo dela é a vejo se encolher, sinal que sofreu um forte trauma.
Falo baixinho, como se falasse com uma criança.

__Somos seus amigos, somos sua família. Não nos tema, estamos aqui para cuidar de você.

Uma lágrima solitária lhe escorre pelo rosto, e ela me responde baixinho.

__A senhora pode me dizer o meu nome, eu... Eu não consigo me lembrar.

Faço um carinho por entre seus cabelos e respondo.

__Seu nome é Briana. Você é minha irmã.

Percebo os olhares de espanto do meu irmão e  de Virgínia sobre mim.
Mas o fato, que só nós três podíamos saber que a princesa de Cambalar estava viva.
Fora isso mais ninguém, nem ela mesma. Tanto que o destino resolveu apagar suas memórias.

Por algum motivo.
Por algum razão.