Haniel

9. A graça

 - Eles estão por perto Tom - a bruxa se pôs de pé e as luzes começaram a piscar como há 18 anos atrás.

 - Temos que descobrir de onde vem as ordens para esses espíritos - Tom sentia um arrepio da cabeça até a planta dos pés.

 - Estou farta desse joguinho. DESAPAREÇAM DAQUI, VOCÊS NÃO SÃO BEM VINDOS! - gritou Elisabeth olhando atentamente para os lados.

 - Não mexa com eles, essas criaturas podem nos perturbar - Tom sabia das consequências em combater um espírito, ele já passou por isso em uma das suas sessões espíritas, o médium também trabalha conversando com os entes queridos dos clientes e até psicografava cartas do além. Isso lhe diferencia de bruxas, magos e feiticeiros. 

A porta se abriu sozinha, mais uma vez o sino tocou. A vela deixou de flutuar e caiu, quebrando-se em vários pedaços muito pequenos.

A entidade invadiu o estabelecimento indo em direção de Elisabeth. Não dava para ver as feições do ser, no entanto dava para sentir uma fraqueza no corpo e frio... O espírito chegou perto da bruxa e tocou o seu ombro, ela sentiu uma mão gelada lhe tocando, na mesma hora Elisabeth entrou em transe e seus olhos viraram para trás deixando exposto o globo branco, nessa situação Tom ouviu uma voz do além ela era masculina e grossa que dizia: "Entre no nosso caminho e morrerá".

                                                                                                ***  

 O táxi para em frente a casa de Helena Brown e Ben Davis, os pais queridos de Haniel. O rapaz desceu do carro, pagou o taxista e dá o primeiro passo indo em direção de sua linda casa. A residência é grande com um jardim com flores amarelas e azuis, uma cerca branca protege as flores, do lado tem uma garagem enorme, com capacidade de guardar dois carros.

 Haniel abre a porta, entra na sala, e se senta no sofá preto que é em formato de L. O anjo passava a mão na testa, cansado e pensativo. Rapidamente retira o celular do bolso e olha para ver se chegou mensagens de Ted seu melhor amigo, mas ainda não havia mensagens.

Entretanto algo sobrenatural  aconteceu, um vulto branco e brilhoso passou em frente de Haniel, próximo da TV de 50 polegadas.

O jovem fica de pé, não encontrava-se ninguém em sua casa, seus pais estavam trabalhando e ele voltou mais cedo da Universidade por ter que acompanhar Sophia até o hospital. 

O som de passos vindo em direção de Haniel, mas era ninguém por enquanto.

 - Pai? já chegou do trabalho? - perguntou o anjo ligando a TV, porém não ouve resposta e uma luz branca incandescente apareceu apara o jovem. A luz ganhou forma humana e uma voz doce e calma surgiu na quele momento especial.

 - Haniel, aquele enviado por Deus para combater o mal na terra - dizia a voz masculina.

- Como assim, o que você é? - Haniel colocava a mão no rosto para se proteger da luz branca, ele tentava olhar o rosto do varão, mas não conseguia ver por causa do brilho.

 - Eu sou Gabriel, aquele que deu a notícia sobre a vinda do cordeiro a Maria, a virgem mulher - respondeu a voz - Em verdade lhe digo irmão, sua hora de lutar contra as trevas chegou. Trago comigo a sua graça, o seu verdadeiro poder - a forte luz incandescente diminuiu e seis asas apareceram nas costas do anjo da paz. O ser celestial ergueu uma das mãos e dela surgiu uma bola resplandecente que flutuou indo em direção de Haniel, a esfera penetrou o seu peito fazendo-lhe cair de joelhos. Neste exato momento toda a casa recebeu uma luminosidade tão poderosa que clareou todos os cômodos. Quem passasse perto da residência veria um brilho pelas brechas da porta de entrada. 

 - Agora eu me reconheço - argumentou Haniel se levantando.

 - Você é metade anjo e metade humano - falou o anjo Gabriel. - Tu não têm lembranças do teu passado no céu, elas foram apagadas porque hoje você vive entre os pecadores. O poder da tua graça libertará e salvará aqueles que mais precisar. Há 18 anos atrás foi eu quem te trouxe nos braços em forma bebê por ordem de Deus.

 - Eu entendo irmão, que o Senhor Deus seja louvado! - a voz do jovem mudou, ficou mais compreensível e firme.

Haniel estava com um olhar de satisfação, de força, de vitalidade, para lutar com a força das trevas.