!SERIA LINDO SE NÃO FOSSE TRÁGICO!

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DANYELLA...

Eu não sei porque eu fiz isso, não sei porque aconteceu... Só queria sentir alguma coisa, sentir como era. A sensação de preenchimento. O amor exalando de todas as partes. Eu não queria acreditar que a minha primeira vez tenha sido daquele jeito. Eu não queria aceitar. Eu só queria ter uma primeira vez de verdade. Fazer amor de verdade. Eu pedi por isso. Eu sei que não deveria... Mas eu precisava. Precisava ter essa ilusão pelo menos uma vez na vida. Se eu morrer tentando, e eu vou tentar sair desse lugar, terei sentido a sensação.

O pouso foi tranquilo. E assim que as portas do avião se abriram, fui atacada por vários casacos de pele. E não era a toa. O clima lá fora estava péssimo. Uma ventania horrorosa se misturando com a neve. A sensação era estranha, mesmo eu estando no colo de Felipe, o vento não nos deixando dar um passo a frente. Mesmo Felipe me segurando com toda a força que ele podia, parece que eu ia sair voando a qualquer momento.

Não caminhamos por muito tempo, logo chegamos em um portão enorme e extremamente luxuoso. Pedras enfeitavam suas grades, e sua cor vinho contrastava com o branco da neve. Assim que atravessamos o portão fui apresentada a uma mansão simplesmente maravilhosa. A cor preta, novamente contrastando com o branco da neve, a maioria das paredes feitas de vidro, junto com o teto do quarto principal; todos os móveis são modernos e ao mesmo tempo vintage... A minha primeira impressão foi de liberdade... A casa era linda, iluminada pelo sol e pela lua... Eu esperava uma prisão, com grades em todas as janelas e portas... Uma corrente no meu pescoço, me impedindo de dar um único passo sem ser puxada pelo ferro. Mas é tudo tão brilhante... Tão perfeito. Eu sou livre para andar pela casa, pela neve. Não tem ninguém há milhares de quilômetros... Nada e nem ninguém. Eu posso gritar, me espernear e ninguém vai me ouvir. Acredite, eu tentei. Felipe me deixou tentar. Eu gritei até perder a voz. E nada aconteceu. Os seguranças riram de mim. O Felipe riu de mim. Já se passarem três dias... Três dias que estou nesse maldito lugar. A minha perna melhorou, não preciso mais da tala e já posso andar sozinha. No primeiro dia, Felipe trouxe um médico pra me examinar. Ele tinha esperanças de que a nossa pequena transa no avião tivesse gerado um bebê em mim. Fico feliz em dizer que ele estava enganado. Eu botei na minha cabeça que não ia deixar ele fazer isso. Que ele não ia conseguir me engravidar. Mas agora estou com medo. Tenho medo de que isso aconteça. Tenho medo de ser fraca... De que meus desejos sejam mais fortes. De eu querer tocá-lo, de eu querer que ele me toque...


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É noite... As estrelas se escondem atrás das nuvens pesadas. Felipe disse que tem uma tempestade a caminho. De vez em quando os relâmpagos iluminam o céu, o som alto e ensurdecedor dos trovões me assustam. Felipe disse que eu não preciso ter medo... Que ele vai me proteger. O que ele não entende é que o que mais me assusta está deitado ao meu lado. Felipe dorme, o revólver em suas mãos. Minha vontade é de pegar a arma e puxar o gatilho. Mas eu não consigo... Não é apenas pelo medo dele fazer alguma coisa comigo, é o tremor das minhas mãos... Só de imaginar segurar uma coisa dessas.

De repente, Felipe acorda. Seus olhos me fitando... Ele coloca calmamente o revólver sobre a mesinha ao lado da cama. Me encolho contra a enorme janela, o frio invadindo as minhas costas. Com um rápido sinal de Felipe, pouco a pouco os seguranças deixam o quarto, quando o último sai, a porta se fecha.

Meu coração bate cada vez mais rápido, pulsando contra o meu peito. Quando Felipe se joga em cima de mim, colocando uma faca, que eu não tenho ideia de onde ele tirou, na minha garganta, não consigo nem gritar. E não é apenas por causa da lâmina afiada que irrita a minha pele, e sim por causa do choque.

Os olhos de Felipe me encaram, repletos de fúria. Quando sua voz sai é abafada e rouca.

  - Não dê um pio... Se fizer qualquer coisa, por menor que seja, corto sua garganta. - O sorriso volta a emoldurar seu rosto. - Entendeu?

Faço que sim com a cabeça, já que não consigo falar nenhuma palavra. As lágrimas já estão preenchendo os meus olhos, embaçando a minha visão. Sua mão livre desce pela minha camisola, parando logo abaixo do meu ventre. Posso sentir sua ereção entre as minhas pernas... De novo não...

Depois de anos... Começo a rezar. Não importa quem ouça... Eu só peço uma coisa... Que ele me mate antes. Eu prefiro morrer a sentir aquela dor de novo. Por favor... Eu nunca acreditei muito em Deus... Mas se realmente tem alguém aí em cima... Me ajude.

Eu posso me mexer, tentar fugir de alguma maneira. Se ele realmente está dizendo a verdade, a faca vai perfurar a minha pele. E se eu tiver sorte, eu morro.

Mas antes que eu possa me mexer, a porta é escancarada com força e Carlos entra, ofegante. Seus cabelos e ombros cobertos de neve.

   - Senhor... Precisamos de ajuda.

   - Eu mandei não me incomodar. O que diabos você quer? - Felipe se levanta, ainda agarrando a faca com força, deixando os nós de seus dedos brancos. Me encolho, abraçando forte as cobertas da cama.

   - Tem uma alcatéia lá fora.

Felipe se cala por um momento, sua mão apertando ainda mais a faca. Depois de um tempo, suas mãos relaxam deixando a faca sobre a mesa, ao lado do revólver. Ele sai a passos firmes. Alguns seguranças voltam e "tomam conta de mim".

Posso ver Felipe para janela, ele está nervoso, olhando de um lado para o outro. Alguns seguranças se juntam a ele, também nervosos. Demoro um tempo para notar os Lobos... Uma alcatéia com 7 lobos enormes, todos cinzas, se misturando com a neve e a ventania que anuncia a chegada da chuva. A tempestade toma conta da montanha, fazendo as árvores baterem uma contra a outra. Tenho que forçar um pouco a vista para ver o que acontece. Os Lobos estão mais próximos da entrada da casa... E mais um se juntou a eles. Um Lobo branco. Não consigo ver Felipe em lugar nenhum. Os seguranças se afastaram. Alguns lobos uivam, principalmente o branco. Parecem estar se comunicando... Dou uma olhada no quarto, todos os seguranças estão apreensivos, como se estivessem esperando o pior. Lá fora, os lobos estão cada vez mais próximos um do outro. O lobo branco pisa firme, suas patas afundando na neve. E agora, é o único que ainda uiva. A chuva está ficando cada vez mais forte.

De repente, a alcatéia dá meia volta e vai em direção às árvores. O lobo branco os encara até eles desaparecerem por completo. Quando tem certeza que eles não vão mais voltar, o lobo se vira para a janela, me encarando. E de repente.... Se transforma no Felipe. Seu corpo nu é atacado pela chuva.

Como isso é possível? Ele é um Lobo... Ele se transformou bem na minha frente... Não consigo desviar os olhos, não consigo parar de encara-lo. Mesmo quando ele já está ao meu lado, dormindo como se nada tivesse acontecido. Não consigo tirar aquela cena da minha cabeça... Em um momento era um Lobo, um segundo depois era um Humano.

Em que mundo eu vim parar?






(NÃO É ROMANTIZAÇÃO DE ABUSO. ESTÁ OBRA É BASEADA NA SÍNDROME DE ESTOCOLMO, QUANDO VOCÊ SE APEGA A ALGUÉM QUE LHE FEZ MAL)

SE VOCÊ SE SENTE SENSÍVEL COM ESSE ASSUNTO, POR FAVOR, NÃO LEIA!

SE VOCÊ VIVENCIA QUALQUER SITUAÇÃO PARECIDA, POR FAVOR, PROCURE AJUDA. VOCÊ, MULHER, NÃO MERECE ISSO.

AQUI É APENAS UMA HISTÓRIA.

Sequestrada Pelo Amor (Uma Vida em Cativeiro)Onde histórias criam vida. Descubra agora