DANYELLA...
Não consigo abrir os olhos. Talvez seja por causa da dor... Ou talvez seja o pânico que toma conta de mim nesse momento. Também não consigo mexer as pernas, embora eu sinta o resto do meu corpo. Cada tentativa de acordar, ou simplesmente mudar de posição, me torturam. Sei que ainda estamos na montanha... Posso sentir o frio e a maciez da cama. Mas o silêncio me perturba. As vezes sinto a presença de algumas pessoas ao meu lado, elas se mechem agitadas... Mas não falam.
Pode ser que eu esteja vivendo um pesadelo, e quando eu acordar, vou estar deitada ao lado de Felipe. Então acho que não quero acordar.
Minhas últimas lembranças são meio disformes... Me lembro de Felipe nu na minha frente... Lembro das minhas mãos nele... Dos meus lábios o tocando. Mas depois só lembro da dor. Uma dor aguda e mortal. Posso ter ouvido um uivo... Mas não posso afirmar com clareza. Fiquei um bom tempo na escuridão.
Bem ao longe... Um pouco distorcido... Ouço um grunhido. Não. É um choro. Um choro de bebê. Talvez seja a criatura. Ou talvez seja o meu subconsciente me enganando outra vez. Seria loucura eu dizer que torço para estar morta?
- Danyella? Pode tentar abrir os olhos? - Uma voz desconhecida pergunta. Não é o Felipe... Sua voz é mais grave.
É... Acho que não estou morta.
Enfim, faço o que a voz me pediu e tento abrir os olhos. Não consigo nas primeiras vezes, mas quando os abro, uma luz fraca, porém forte aos meus olhos, me atinge. Um homem loiro me fita com olhos azuis... O típico homem dos sonhos. A sua capa branca me indica que ele é Médico.
- Sente alguma dor na cabeça? - Ele pergunta com uma voz gentil. Colocando uma mão firme em minha testa.
- Acho que não... O que aconteceu? - Quase não reconheço a minha voz. A doçura a abandonou, deixando no lugar uma amargura estranha. Minha voz está rouca.
- Você sofreu um pequeno acidente... - Ele começa a verificar os monitores ao lado da cama. Estou conectada a eles por um milhão de fios.
Dou uma olhada no quarto. Nada está como antes. As poltronas deram lugar a inúmeros painéis, cada um mostrando alguma função que meu corpo deveria estar fazendo sozinho; os lençóis escuros foram substituídos por cores claras; os brinquedos do bebê não estão mais na cômoda.
- Eles estão me mantendo viva? - Pergunto, encarando os monitores que o médico tanto meche.
- Não... - Ele sorri, um sorriso perfeito, com dentes perfeitos. - São apenas por precaução.
- Cadê todo mundo? O normal era este quarto estar lotado de seguranças.
- Estão lá fora. Achei melhor não te incomodarem.
- E o Felipe concordou com isso?
- Ele não teve escolha. - Ele sorri novamente.
Depois de verificar cada monitor, checar cada fio grudado a mim, Lucas, o médico, me deixou sozinha. Tenho algum tempo antes do Felipe aparecer, já que Lucas disse que vai chamá-lo. E a propósito, ainda não sinto as pernas. Lucas fez alguns exames e disse que voltaria mais tarde com os resultados. Eu deveria estar com medo, mas não estou... Eu acho. Posso estar blefando por causa dos remédios.
Felipe aparece sorrindo, carregando um buquê de flores. Ele a coloca na cômoda e se senta na beira da cama.
- Está se sentindo bem?
- Tá brincando comigo? Estou travada numa cama, incapaz de sentir alguma coisa da cintura pra baixo... Cheia de hematomas e uma dor horrível no corpo. E tenho quase certeza de que o culpado de tudo isso é você... E ainda me pergunta se estou bem?
- Não queria que nada disso acontecesse. Juro.
- Saia daqui. Quero ficar sozinha.
Demora um tempo, mas Felipe sai. Então, eu fecho os olhos e deixo o choro me dominar.
(NÃO É ROMANTIZAÇÃO DE ABUSO. ESTÁ OBRA É BASEADA NA SÍNDROME DE ESTOCOLMO, QUANDO VOCÊ SE APEGA A ALGUÉM QUE LHE FEZ MAL)
SE VOCÊ SE SENTE SENSÍVEL COM ESSE ASSUNTO, POR FAVOR NÃO LEIA!
SE VOCÊ VIVENCIA QUALQUER SITUAÇÃO PARECIDA, POR FAVOR, PROCURE AJUDA. VOCÊ, MULHER, NÃO MERECE ISSO.
AQUI É APENAS UMA HISTÓRIA.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sequestrada Pelo Amor (Uma Vida em Cativeiro)
RomanceFelipe (Caio Castro) é dono da maior rede de Hotéis do Rio de Janeiro, mas sua vida não é completa sem Danyella (Taís Araújo), por quem ele mantém uma irresistível obsessão. Durante dois anos, Felipe formou um plano: Sequestrar Danyella e levá-la pa...