Sequestrada Pelo Amor (Uma Vida em Cativeiro)

!UMA AMIZADE DESFEITA!

FELIPE...

   - Mandou me chamar? - Carlos aparece na porta do escritório, seu rosto ainda com alguns arranhões.

   - Sim... Sente-se. - Aponto para a cadeira a minha frente. Assim que Carlos se senta, fecho a pasta que estava vendo e o encaro. - Como se sente?

   - Bem melhor... Mônica tem mãos mágicas.

   - E como anda a memória? - Apoio o queixo nas mãos.

   - Ainda não consigo me lembrar de nada... Queria poder...

   - Corta esse papinho furado, Carlos. Sei muito bem onde estava, e também sei que você se lembra muito bem disso. As suas roupas, ou pelo menos o que restou delas... - Me lembro dos trapos que Mônica jogou fora. - ... Estavam impregnadas do cheiro deles. Agora, ou você me diz o que estava fazendo no Covil dos Lobos, ou eu mesmo arranco isso de você.

   - Não sei do que está falando... Eu não...

   - O seu nervosismo demonstra que você sabe. Você não é louco. Não iria se embrenhar na toca deles sem um bom motivo. E o fato de você ter voltado vivo, só prova que Eles aceitaram seja lá qual foi a proposta que fez. - Me apoio no encosto da poltrona. - Vai me contar ou vou ter que arrancar a verdade de você?

Carlos se cala, está preso em uma armadilha, da qual, não pode escapar. Eu sempre sei de tudo. Eu sempre descubro a verdade, de um jeito ou de outro. Seus olhos me fitam...

   - Eu não acho isso certo. - Carlos diz.

   - O que você não acha certo?

   - Toda essa história da Danyella... O sequestro, o bebê... Foi por isso que fui procurar os Lobos. Pensei que, de alguma forma, eles poderiam ajudar.

   - Ajudar com o quê, exatamente?

   - A tirar Danyella daqui. Mas eles não quiseram... Não vão ajudar. - Ele abaixa a cabeça.

   - Isso é verdade, ou é o que Eles te mandaram dizer?

   - É a verdade.

   - Por que será que ainda não acredito em você? - Não consigo controlar o grito. - Talvez seja pelo fato de você ainda estar vivo? Ou pelo fato deles estarem lá fora, agora mesmo, vigiando a casa?

   - Eles não estão aqui... Eles...

Respiro fundo.

   - Vou lhe dar mais uma chance, Carlos. Ou você me conta a verdade de uma vez, ou eu juro que mato você. E creio que a Luíza vai ter que fazer um velório com o caixão fechado.

Mais uma vez o silêncio. Eu encarando Carlos, esperando uma resposta; Carlos fitando o chão, tentando escapar de alguma maneira. Quando ele volta a falar, lágrimas começam a inundar seus olhos.

   - Me desculpe, Felipe. Eu trabalhei com você por muito tempo. Engoli cada loucura, vi sua obsessão pela Danyella crescer... Vi o plano ser formado. Eu nunca acreditei que você faria isso de verdade, nem quando estávamos no avião, vindo pra cá... Eu pensava que você mudaria de ideia a qualquer momento e a deixaria ir embora. Mas naquela noite, quando você quase a matou... Eu tive que fazer alguma coisa. A opção mais lógica seria a polícia, mas a cidade é muito longe. Até eles chegarem aqui, você já teria desaparecido. Então... Pensei nos Lobos. Me desculpe...

   - Pedir desculpas não vai adiantar nada agora, não é? Eles já sabem da verdade, sabem que tem uma Humana correndo perigo aqui. Mesmo que eu infecte este lugar com o meu cheiro, eles vão invadir. Marcar território não vai ajudar muito.

   - Eu já disse... Eles não estão vindo. Não quiseram me ouvir.

   - Me poupe da sua melancolia. Está proibido de sair desta casa, vai me entregar tudo que te possibilite entrar em contato com o mundo exterior... Celular, computador... Os seguranças vão ficar de olho em você. Agora, pode ir.

   - Felipe, eu...

   - Eu mandei ir.

Demora um tempo para Carlos me obedecer, fico em silêncio, esperando. Bufando de raiva, ele sai do escritório.

(NÃO É ROMANTIZAÇÃO DE ABUSO. ESTÁ OBRA É BASEADA NA SÍNDROME DE ESTOCOLMO, QUANDO VOCÊ SE APEGA A ALGUÉM QUE LHE FEZ MAL)

SE VOCÊ SE SENTE SENSÍVEL COM ESSE ASSUNTO, POR FAVOR, NÃO LEIA!

SE VOCÊ VIVENCIA QUALQUER SITUAÇÃO PARECIDA, POR FAVOR, PROCURE AJUDA. VOCÊ, MULHER, NÃO MERECE ISSO.

AQUI É APENAS UMA HISTÓRIA.