DANYELLA...
Ainda não acredito que isso tá acontecendo... Ainda não posso e não quero acreditar. Não deveria ser assim... Meu casamento deveria ser uma data feliz, inesquecível. Eu deveria usar um vestido de noiva branco e brilhante. Entrar na Igreja segurando um lindo buquê... E encontrar o meu noivo no altar... O meu amor. Um homem com quem eu possa contar. O homem que eu amo.
Em vez disso... O que eu tenho?
Uma corrente presa no meu pescoço... E do outro lado, o meu noivo me puxando. Um bebê na minha barriga, me forçando a aceita-lo. Seguranças... Homens que eu não conheço no lugar da minha família...
- Ela não machuca, só se você forçar. - Felipe sorri. Ele segura a corrente com força.
- Não dizem que é azar ver a noiva antes do casamento? - Encaro seus olhos.
- Eu sei o que dizem... Mas estamos no meu mundo, Danyella. Eu que mando. - Ele se aproxima, e com dedos ágeis prende a corrente na coleira em meu pescoço. - Te vejo no altar.Assim que ele sai toco na corrente... Rígida. Duvido muito que eu conseguiria quebra-la.
Volto a me encarar no espelho... A única coisa bela aqui... Eu. O vestido é perfeito... O prateado das pedras combinando com o branco do tecido; o véu cai suavemente pelas costas, preso por uma linda e brilhante coroa, meus cabelos estão presos, deixando a coroa aparecer ainda mais. A maquiagem está impecável... Suave mas ao mesmo tempo impactante. O buquê é de Girassóis... E eu amo Girassóis.
- Está tudo tão lindo lá fora. - Mônica entra sorrindo no quarto. - A neve está coberta com pétalas de rosas e... - Ela para e me encara. - Você está linda.
- Obrigada. - Me sento em uma das poltronas.
- Essas coisas me fazem lembrar do meu casamento. - Ela se senta na poltrona ao meu lado.
- Não sabia que era casada.
- Já fui... Mas faz muito tempo. - Ela se levanta depressa, parecendo nervosa. - Eu vou procurar o meu lugar e...
- Mônica, o que foi?
- Nada, eu...
- Mônica! Me conte o que aconteceu.Ela olha apreensiva para a porta, como se esperasse alguém entrar há qualquer momento. Logo depois, se senta novamente na poltrona preta.
- Eu não deveria estar contando isso... Eu prometi a ele que não contaria.
- Prometeu a quem?
- Ao Felipe...
- O que ele fez com você?
- Eu menti... Quando disse que era amiga da mãe dele. Eu nem conheci a mãe dele... - Ela solta uma risada abafada. - Eu era casada, e o meu marido trabalhava em um dos Hotéis do Felipe... Teve uma confraternização e nós ganhamos um jantar com ele... O Felipe. Era uma oportunidade para conhecê-lo e quem sabe conseguir uma promoção no trabalho. Nessa época Felipe estava se interessando por mulheres mais velhas e...
- Ele te estuprou... - Digo, ainda tentando acreditar. Ele é muito pior do que eu pensei.
- Ele me levou pra casa dele... Não preciso dizer o que aconteceu. Eu fiquei trancada no quarto durante dias. Eu só pensava quando o meu marido invadiria a casa e me salvaria... Não demorou muito pra eu descobrir que o Felipe tinha matado ele. Depois de um tempo ele se cansou. Mas disse que eu não poderia ir embora. Então, eu fiquei aqui. Limpando, cozinhando... Eu sei o que está pensando. Que o Felipe é um Monstro. Eu nunca vi esse lado nele, porque sei que que debaixo daquilo tudo, tem um bom homem.
- Não sei como ainda pode acreditar nisso. Depois de tudo o que ele te fez...
- Pode me chamar de louca, eu não ligo. Mas quero que saiba que se precisar de alguma coisa... Se precisar de alguma amiga, eu estou aqui.
Eu já achava ele um Monstro... Agora tenho certeza. Eu nunca vou sair daqui... Nunca vou ser livre de novo. Encaro o longo tapete vermelho que me leva até o altar. As correntes balançam conforme Felipe vai as puxando. O buquê treme nas minhas mãos... É como se fosse um pesadelo... Um terrível e absurdo pesadelo.
Quando chego no altar, quando paro ao seu lado, Felipe sorri, mostrando seus dentes brancos. Todos os seguranças estão aqui, Mônica está logo atrás de mim... E todos sorriem.
- Estamos aqui reunidos... - E o Padre começa o blá, blá, blá... Os votos, apenas do Felipe, eu não escrevi nada. Como eu poderia? Alianças... Uma pedra brilhante enfeita a minha. Beijos... Forçados. Uma festa... E o Inferno.
(NÃO É ROMANTIZAÇÃO DE ABUSO. ESTÁ OBRA É BASEADA NA SÍNDROME DE ESTOCOLMO, QUANDO VOCÊ SE APEGA A ALGUÉM QUE LHE FEZ MAL)
SE VOCÊ SE SENTE SENSÍVEL COM ESSE ASSUNTO, POR FAVOR, NÃO LEIA!
SE VOCÊ VIVENCIA QUALQUER SITUAÇÃO PARECIDA, POR FAVOR, PROCURE AJUDA. VOCÊ, MULHER, NÃO MERECE ISSO.
AQUI É APENAS UMA HISTÓRIA.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sequestrada Pelo Amor (Uma Vida em Cativeiro)
RomansFelipe (Caio Castro) é dono da maior rede de Hotéis do Rio de Janeiro, mas sua vida não é completa sem Danyella (Taís Araújo), por quem ele mantém uma irresistível obsessão. Durante dois anos, Felipe formou um plano: Sequestrar Danyella e levá-la pa...