Marcas de Fogo

Capítulo 15 - A Entrevista

No dia da entrevista...

– Biancaaaaaaaaa, pelo amor de Deus, você viu minha saia preta social? – gritei, desesperada revirando meu guarda-roupa inteiro de cabeça pra baixo.

– Cah, tenta no meu armário, acho que eu peguei ela emprestada e esqueci de te devolver.

– Bianca me ajuda, vou me atrasar pra entrevista, você sabe que foi uma luta pra conseguir esse horário... Preciso parecer apresentável pra essa entrevista. Cadê minha saia preta??

Tinha conseguido marcar um horário graças a um professor meu, que conhecia um dos donos da empresa.

Estava muito nervosa. Aquela seria uma oportunidade única pra mim, tinha que impressionar todo mundo. Depois de muito procurar, encontrei minha saia preta, vesti com uma blusa azul com uma pequena manguinha e coloquei um salto alto preto. Prendi meu cabelo no alto da cabeça com um coque um pouco frouxo e fiz uma maquiagem mínima. Me olhei no espelho, parecia bem profissional. Acho que está bom, sexy sem deixar de ser profissional. Melhor eu me apressar, senão vou perder a hora.

Pisei um pouco mais forte no acelerador do que normalmente faço, mas cheguei ao prédio no horário que eu queria. Me apresentei na portaria, e me dirigi aos elevadores. Minha entrevista iria ser no 10° andar.

Chegando no 10° andar, fui recebida por uma mulher, que deveria estar na casa dos cinqüenta anos, com um sorriso simpático e o cabelo muito bem arrumado.

– Você deve ser a senhorita Martins, correto?

– Sou sim, mas pode me chamar de Camila.

– Muito bem Camila, prazer, meu nome é Susana e eu vou organizar a sua entrevista. Primeiro você vai falar com alguns chefes de departamento, e já como seu currículo impressionou o pessoal do RH, muito provavelmente com o presidente da empresa.

– Eu vou falar com o presidente da empresa? – perguntei já sentindo as palmas das minhas mãos suarem.

– Acredito que sim, se tudo for bem com a conversa com os chefes de departamento, o senhor Rodrigues deve receber a senhorita pra uma entrevista final.

– Ah, tudo bem então.

– Você aceita um café ou um chá?

– Se você tiver água, eu aceito.

– Claro. Você pode esperar sentada aqui nessa cadeira, que já volto com a sua água.

– Obrigada.

Sentei na cadeira e tentei me acalmar o máximo possível. Relaxa Camila, o presidente deve ser um senhor simpático de 60 anos, não há motivos para pirar. Repeti isso no mínimo umas 40 vezes na minha mente.

A entrevista com os chefes de departamento foram rápidas, todos foram muito simpáticos. Nenhum me disse direito o que eu poderia fazer na empresa. Muitos disseram que a empresa estava passando por um período de ajustes, mas não entraram em detalhes maiores. Acho que eles gostaram de mim, pois pouco mais de uma hora depois eu estava subindo para o último andar do prédio para falar com o presidente da empresa.

Droga! Deveria pelo menos ter pesquisado quem era o presidente. Odeio estar despreparada assim. Quando as portas do elevador se abriram senti meu estômago revirar. Quase não saí do elevador. Forcei minhas pernas para frente e saí do elevador, caminhei por um largo corredor e encontrei uma moça muito bonita sentada logo antes da sala que parecia ser a do CEO.

– Boa tarde moça. Eu estou aqui pra falar com o senhor Rodrigues. – ela me analisa da cabeça aos pés e com uma expressão próxima ao nojo, ela me responde.