Marcas de Fogo

Capítulo 08 - O Hospital

– Acho que vou ter que recorrer os meus pais, Bianca. E já que eu estou quase terminando a faculdade, acho que consigo arrumar alguma coisa. E você vai fazer o que?

– Não sei o que fazer. Pedir auxílio aos meus pais não vou.

Os pais de Bianca são bem ricos. Mas quando Bianca resolveu sair de casa e viver a vida que ela queria, seus pais ficaram muito chateados e desde então eles não se falam direito. Não tiro a razão da Bianca, eles eram mesmo controladores, acho que se eu tivesse no mesmo lugar que ela, acredito que também faria a mesma coisa.

– Bia, não se preocupa amiga, vou sempre estar aqui por você. Não se preocupa agora. Com a ajuda dos meus pais vamos conseguir ficar aqui tempo suficiente até encontramos alguma coisa. Vamos procurar juntas.

– Ai Cah, nem sei como te agradecer, obrigada amiga, obrigada – Bianca me abraça, e começamos a procurar as alternativas.

Liguei para meus pais, expliquei toda a situação, eles foram bastante compreensivos, disseram que eu tinha o tempo que precisasse para me recuperar, e enquanto isso, não precisaria me preocupar financeiramente. Já estava ficando tarde, eram quase dez da noite – ok, talvez não tão tarde assim – e eu já tinha algumas opções de trabalho. Tinha que ligar para James, saber como estava seu pai. Após alguns toques ele atendeu.

– Boa noite James, como você e seu pai estão?

– Ah oi Camila, estou no hospital ainda, não me deram muitas informações, mas pelo que me disseram meu pai não passa muito bem.

– E vocês estão em qual hospital? Posso passar aí pra visitar você, e se quiser, posso levar uma muda de roupa ou qualquer coisa.

– Estamos aqui no Hospital KLJ. Mas não precisa vir Camila, você ainda tem que descansar. Vamos ficar bem.

– Nada disso, daqui a pouco eu te encontro aí. E nem adianta me convencer do contrário. Até James. – e desliguei antes que ele me pedisse para não ir.

Meia hora depois eu entrava no hospital a procura de James. Após procurar um pouco, o encontrei, sentando em uma poltrona do hospital, com a mesma roupa que ele tinha saído da minha casa, com os cotovelos apoiados nos joelhos e com a cabeça abaixada.

– Oi você, – seus olhos encontraram com os meus e pude ver que eles estavam marejados.  Me cortou o coração ver James assim.

– Oi Camila, obrigado por estar aqui.

– Não poderia estar em outro lugar. Essa cadeira está vazia? – perguntei apontando para a poltrona vazia ao seu lado.

– Pode sentar, minha mãe já foi para casa e meus irmãos ainda não chegaram. – Agora que eu tinha reparado, ele estava sozinho lá.

– Obrigada. Sua mãe estava aqui? Porque você está sozinho?

– Estava, consegui convencer ela a ir para casa, ela estava aqui desde ontem, e ela só foi pra casa porque prometi a ela que qualquer novidade, ligaria imediatamente para ela. Meus irmãos estavam aqui, mas saíram de tarde, precisavam organizar algumas coisas da empresa do nosso pai. – ele estendeu a sua mão e apertou de leve a minha. – obrigado por não me deixar sozinho.

– Sempre que precisar. – devolvi o aperto em sua mão.

Já passavam das onze e meia quando o irmão mais novo de James, Ian, chegou ao hospital. Seu irmão parecia muito com James, mas Ian era um pouco mais baixo e um pouco mais magro. Mas os dois tinham os mesmos olhos. Os mesmos lindos olhos azuis. Ele era somente um ano mais novo que James e estava tão devastado quanto ele.