Capítulo 39 - Acontecimentos Internos, Parte II

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~James~

Ao ver meu anjo saindo sã e salva de dentro daquele prédio, nem sei como descrever direito aquele sentimento. Eu estava encostado na porta do carro e conversava com Isaac. Mas assim que olhei em seus olhos, sai dali e fui direto ao seu encontro. Não me importei com mais nada.

Ela sorriu ao me ver. Quando eu a alcancei ela tremeu um pouco em meus braços. Observei o seu rosto e ela parecia preocupada. O que será que aconteceu com ela nesse dia? Suas mãos e pernas estavam cobertas com gazes e seus pulsos avermelhados. Ao ver seu estado, eu me preocupei mais ainda.

Mesmo assim, não falei nada, somente a puxei para o meu abraço, me aproximei para sentir o seu cheiro, sentir o toque quente da sua pele perto da minha. Eu precisava daquilo para acreditar que tudo não era um sonho. Ela estava aqui do meu lado, e se ela aceitar, nunca mais vai sair dele.

Minha mãe, Isaac e Bianca se aproximam também a abraçam e avaliam como eu. Todos parecem radiantes por ela estar ali. Eu me afasto um pouco, permitindo que todos falem com ela, mas não me permito afastar demais. Essas quase 24 horas que passei longe dela quase não passaram.

Eu a observo. Seu corpo curvilíneo coberto por um fino vestido claro, cabelos soltos, pés descalços e um olhar cheio de lágrimas e assustado. Nem consigo imaginar pelo o que ela passou, mas tenho certeza que vou estar do lado dela, a apoiando.

O tempo está frio, e noto que ela treme um pouco. Por isso retiro o meu casaco e coloco sobre os seus ombros. Ela me dá um sorriso fraco.

– Que bom que você está ao meu lado anjo. Senti sua falta. E quase morri de preocupação. Desculpe-me por não termos te encontrado mais cedo...

– Eu sei que não foi sua culpa amor. Eu só de você estar aqui, eu estou muito feliz.

– Eu vou te encontrar sempre anjo. Mas espero nunca mais termos que passar por uma situação dessas...

– James, eu tenho, e-e-eu... – ela fala baixo, com os olhos marejados, e acaba por abaixar a cabeça.

Me parte o coração a ver nesse estado. Ela parece tão frágil, nem parece a mulher forte que sempre está ao meu lado. As palavras saem como um sussurro da sua boca, e ela ainda treme muito em meus braços. Não sei se pelo frio, ou pelo medo que ainda sente.

– Calma anjo – a puxo para meus braços e tento acalmá-la. Passo minha mão pelos seus cabelos e tento fazer com que ela pare de tremer. – O que quer que tenha acontecido, eu vou entender. Vamos todos entender. E você não precisa falar agora se não quiser...

– Não James, você não entende... Eu tenho que... Tenho que falar antes que...

O restante dos policiais começam a sair do prédio. Camila congela com a cena, e não fala mais nada. Ainda bem, pois aproveito a oportunidade para prestar atenção no homem que eles vem trazendo. O homem é alto e forte, vem com a cabeça baixa, à passos largos.

Ele não ia passar por mim antes de dar uma boa olhada em seu rosto. Ia olhar no fundo dos olhos desse homem infeliz que nos fez passar por tudo isso. Eu ia colocar finalmente um rosto no meu sofrimento.

Quando o homem ia passando por mim, fez questão de parar e olhar em meus olhos. E eu passei vários segundos olhando para aqueles olhos azuis, pensando que talvez aquilo seja realmente um sonho. Não pode ser verdade.

– Oi maninho – Ian fala na maior tranqüilidade.

Eu estou plantado no meu lugar. Meus braços caem ao lado do meu corpo, e eu não sinto mais o calor de ninguém perto de mim. Como se eu tivesse desligado do mundo. As lembranças do meu irmão mais novo e eu brincando e confidenciando histórias inundam minha mente.

Marcas de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora