Adaptando

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POV WILL

O resto da semana foi calmo. Eu me acostumei com a rotina das aulas. Na sexta-feira, já conseguia reconhecer e me lembrar do nome de quase todos os alunos da escola. Na educação física, as pessoas do meu time aprenderam a não jogar a bola na minha direção. Eu ficava fora do caminho de todo mundo. Nico di Ângelo não voltou à escola. Todo dia, eu observava, fingindo não estar olhando, até os demais Cullen entrarem no refeitório sem ele. Depois, conseguia relaxar e participar da conversa. Centrava-se principalmente numa viagem a praia de La Push  dali a duas semanas, que Silena estava organizando. Fui convidado e aceitei ir, mais por educação do que por vontade de ir à praia. Eu achava que as praias devem ser quentes e, fora o mar, secas. Na sexta-feira, eu estava perfeitamente à vontade na hora de entrar na aula de biologia; sem me preocupar mais se Nico apareceria. Pelo que eu sabia, ele tinha saído da escola. Tentei não pensar nele, mas não conseguia reprimir completamente a preocupação de que eu fosse o responsável por sua ausência contínua, embora isso fosse ridículo. Meu primeiro fim de semana em Forks prosseguiu sem incidentes. Apolo trabalhou na maior parte do tempo. Escrevi mais e-mails falsamente animados para minha mãe, adiantei o dever e arrumei a casa; obviamente, Apolo não tinha problema de TOC. Fui à biblioteca no sábado, mas nem me dei o trabalho de fazer um cartão de inscrição; não havia nada de interessante que eu já não tivesse lido. Eu teria de ir a Olympia ou a Seattle em breve e encontrar uma boa livraria. Imaginei qual seria o consumo de combustível da picape… e estremeci ao pensar nisso. A chuva continuou branda pelo fim de semana, tranquila, então consegui dormir. As pessoas me cumprimentaram no estacionamento na segunda-feira de manhã. Eu não sabia o nome de todos, mas sorri para todo mundo. Estava mais frio naquela manhã, mas pelo menos não estava chovendo. Na aula de inglês, Silena tomou seu lugar de costume ao meu lado. Teve um teste relâmpago sobre O morro dos ventos uivantes. Foi simples, muito fácil. No geral, eu estava me sentindo muito mais à vontade do que pensava que estaria àquela altura. Mais à vontade do que esperava me sentir ali um dia. Quando saímos da sala de aula, o ar estava cheio de pontinhos brancos rodopiando. Eu podia ouvir as pessoas gritando animadas umas com as outras. O vento congelava meu rosto, meu nariz.

— Puxa — disse Silena. — Está nevando. 

Olhei para os pequenos tufos de algodão que se acumulavam pelas calçadas e giravam erraticamente por meu rosto.

— Ugh. — Neve. Lá se foi meu dia bom.

Ela pareceu surpresa.

— Não gosta da neve?

— Neve significa que está frio demais para chover. — Obviamente.

— Além disso, pensei que devia cair em flocos… Sabe como é, cada um é único e essas coisas. Isso aqui só parece ponta de cotonete.

— Você nunca viu neve cair? — perguntou ela, incrédula.

— Claro que vi. — Eu hesitei. — Na TV.

Silena riu. E aí, uma bola grande e molhada de neve gotejante bateu na

cabeça dela. Nós dois nos viramos para ver de onde tinha vindo. Eu tinha minhas desconfianças de Lou Ellen, que estava se afastando, de costas para nós — na direção contrária a da primeira aula dela. Silena teve a mesma ideia. Ela se curvou e começou a formar um morro de papa branca.

— A gente se vê no almoço, está bem? — Continuei andando enquanto falava.

A última coisa que queria era uma bolota de gelo sujo derretendo pelo meu pescoço durante o resto do dia.

Ela só assentiu, o olhar nas costas de Lou Ellen. Segui em estado de alerta para o refeitório com Charles, depois da aula de espanhol. Voavam bolas empapadas por todo lado. Fiquei com o fichário na mão, pronto para usá-lo como escudo, se necessário. Charles me achou hilário, mas alguma coisa na minha expressão impediu que ele me lançasse uma bola de neve. Silena nos encontrou quando passávamos pela porta, rindo, com o cabelo normalmente liso ficando ondulado por causa do gelo. Ela e Charles conversaram animadamente sobre a guerra de neve enquanto entrávamos na fila para comprar comida. Olhei a mesa do canto, mais por hábito. E gelei. Havia cinco pessoas à mesa. Charles puxou meu braço.

More than I imagined -Solangelo -twilightOnde histórias criam vida. Descubra agora