Complicações

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POV WILL

-- Acho melhor você entrar, sua "namorada"-- Ele disse a palavra com auto tom de sarcasmo-- Estar cogitando vir averiguar se você não cabulou aula comigo. -- Ele disse me dando um selinho rápido e se soltando facilmente dos meus braços.

Eu estava extasiado com o que acabara de ouvir, Nico di Ângelo estava apaixonado por mim. Eu tinha um sorriso bobo nos lábios e ele não sairia dali nem que o mundo resolvesse acabar nesse segundo, eu morreria feliz e satisfeito. Achei melhor entrar, eu não queria ter uma Silena enchendo meu saco, mais do que o normal. A aula de educação física passou rapidamente. Para poupar tempo, a treinadora Clapp nos mandou ficar com os mesmos parceiros, então Silena foi obrigada a ser minha companheira de time de novo. Assisti ao show de badminton solitário dela sem participar, para a segurança de nós dois. Ela não falou comigo, mas eu não sabia se foi por causa da cena no refeitório, da nossa confusão de ontem ou porque minha expressão estava tão alegre e boba. Tive a famosa sensação de " frio na barriga"  quando passei pela porta do ginásio e vi. Nico na sombra. Tudo estava certo no meu mundo. Um sorriso largo se espalhou automaticamente por meu rosto. Ele reagiu com um sorriso antes de se atirar a outro interrogatório. Mas agora suas perguntas foram diferentes, não eram de resposta tão fácil. Ele queria saber do que eu sentia falta em minha cidade, insistindo nas descrições de qualquer coisa que não conhecesse. Ficamos sentados em frente à casa de Apolo por horas, à medida que o céu escurecia e a chuva descia em volta de nós num dilúvio repentino. Tentei descrever coisas impossíveis, como o cheiro de creosoto — amargo, meio resinoso, mas ainda agradável —, o som alto e agudo das cigarras em julho, as árvores murchas e secas, o céu enorme, estendendo-se azul-esbranquiçado de um canto a outro do horizonte. A coisa mais difícil de explicar era por que aquilo era tão bonito para mim — justificar a beleza que não dependia da vegetação esparsa e espinhosa que sempre parecia meio morta, uma beleza que tinha mais a ver com o formato exposto da terra, com as bacias rasas de vales entre as colinas escarpadas e o modo como resistiam ao sol. Eu me vi usando as mãos ao tentar descrever isso para ele. Suas perguntas em voz baixa me mantiveram falando livremente, esquecendo-me de ficar constrangido por monopolizar a conversa. Por fim, quando tinha terminado de detalhar meu quarto abarrotado em casa, ele parou em vez de responder com outra pergunta.

— Terminou? — perguntei com alívio.

— Nem cheguei perto… mas seu pai vai chegar logo.

— Que horas são? — perguntei em voz alta ao olhar o relógio. Fiquei surpreso ao ver a hora.

— É a hora do crepúsculo — murmurou Nico, olhando o horizonte a oeste, obscurecido pelas nuvens. Sua voz estava pensativa, como se sua mente estivesse em um lugar distante. Olhei para ele enquanto ele fitava sem ver pelo para-brisa. Eu ainda o estava encarando quando seus olhos de repente se voltaram para os meus.

— É a hora do dia mais segura para nós — disse ele, respondendo à pergunta em meus olhos. — A hora mais fácil. Mas também a mais triste, de certa forma… O fim de outro dia, a volta da noite. A escuridão é tão previsível, não acha? — Ele deu um sorriso tristonho.

— Eu gosto da noite. Sem o escuro, nunca veríamos as estrelas. — Franzi a testa.

— Não que a gente veja muitas por aqui.

Ele riu, e o clima ficou mais leve de repente.

— Apolo chegará daqui a alguns minutos. Então, a não ser que queira dizer a ele que vai sair comigo no sábado… — Ele me olhou com esperança.

— Ah, não, obrigado. — Peguei meus livros, percebendo que estava duro de ficar sentado por tanto tempo. — Então amanhã é a minha vez?

— Claro que não! — Ele fingiu estar ultrajado. — Não falei que não tinha acabado?

More than I imagined -Solangelo -twilightOnde histórias criam vida. Descubra agora