Port Angeles

594 44 7
                                    

POV WILL

CHARLES DIRIGIA MAIS rápido do que Apolo, então chegamos a Port Angeles às quatro horas. Fomos ao florista primeiro, onde a mulher atrás da bancada logo convenceu Frank a mudar de rosas para orquídeas. Frank tomava decisões rápido, mas Charles demorou bem mais tempo para decidir o que queria. A vendedora fez parecer que todos os detalhes seriam muito importantes para as garotas, mas eu tinha dificuldade em acreditar que alguém se importaria muito. Enquanto Charles discutia cores de fita com a mulher, Frank e eu nos sentamos em um banco perto da vitrine.

— Ei, Frank…

Ele ergueu o rosto, provavelmente por notar a tensão na minha voz.

— O quê?

Tentei falar mais como uma pessoa aleatoriamente curiosa, como se não ligasse para qual seria a resposta.

— Hã, os Cullen faltam muita aula? Esse é o comportamento normal deles?

Frank olhou por cima do ombro, pela vitrine, quando respondeu, e tive certeza de que ele estava sendo legal. Sem dúvida conseguia ver o quanto eu me sentia constrangido de perguntar, apesar do meu esforço para parecer descolado.

— Faltam. Quando o tempo está bom, eles saem para acampar sempre, até a doutora. Eles adoram a natureza, eu acho.

Ele não fez nenhuma pergunta e nem comentário malicioso sobre minha paixonite óbvia e patética. Frank devia ser o garoto mais legal da Forks High School.

— Ah — eu disse, e deixei o assunto de lado.

Depois do que pareceu ser muito tempo, Charles finalmente decidiu comprar flores brancas e um laço branco, o que foi meio anticlimático. Mas, quando os pedidos foram assinados e pagos, ainda tínhamos tempo antes de o filme começar. Charles queria ver se havia alguma coisa nova na loja de videogames algumas quadras a leste.

— Vocês se importam se eu for fazer uma coisa? Encontro vocês no cinema.

— Tudo bem.

Charles já estava arrastando Frank rua acima. Foi um alívio ficar sozinho de novo. O passeio estava dando errado. Claro, a resposta de Frank foi encorajadora, mas eu não conseguia me obrigar a ficar de bom humor. Nada me ajudava a pensar menos em Nico. Talvez um livro muito bom. Segui na direção oposta a deles, querendo ficar sozinho. Encontrei uma livraria algumas quadras ao sul do florista, mas não era o que eu estava procurando. As vitrines estavam cheias de cristais, apanhadores de sonhos e livros sobre cura espiritual. Pensei em entrar para perguntar onde havia alguma outra livraria, mas uma olhada no hippie cinquentão com sorriso sonhador atrás da bancada me convenceu de que eu não precisava ter aquela conversa. Eu encontraria uma livraria normal sozinho. Andei por outra rua e fui parar em uma ruazinha menor que me confundiu. Eu esperava estar indo na direção do centro de novo, mas não tinha certeza de que a rua faria uma curva na direção que eu queria. Eu sabia que devia estar prestando mais atenção, mas não consegui parar de pensar no que Frank disse e no sábado e no que eu devia fazer se ele não voltasse, e olhei para a frente e vi um Volvo prata estacionado na rua. Não era um sedã, era um utilitário, mas mesmo assim fiquei zangado de repente. Seriam todos os vampiros tão traiçoeiros? Segui numa direção que achei que fosse nordeste, a caminho de uns prédios de frente de vidro que pareciam promissores, mas, quando cheguei lá, eram só uma loja de conserto de aspiradores e outra loja vazia. Dobrei a esquina da loja de consertos de aspiradores para ver se havia mais ali. Era o caminho errado, só levava a um beco lateral onde ficavam os lixões. Mas não estava vazio. Ao olhar para o círculo de pessoas, tropecei no meio-fio e cambaleei para a frente, fazendo barulho. Seis rostos se viraram na minha direção. Havia quatro homens e duas mulheres. Uma das mulheres e dois homens se viraram rapidamente de costas para mim e enfiaram as mãos nos bolsos, e tive a impressão que estavam escondendo aquilo que estavam segurando. A outra mulher tinha cabelo preto e pareceu estranhamente familiar ao olhar na minha direção. Mas não parei para pensar de onde a conhecia. Quando um dos homens se virou, eu tive o vislumbre de uma coisa que parecia uma arma enfiada na parte de trás da calça jeans. Comecei a andar para atravessar o beco e ir para a rua seguinte, como se não os tivesse reparado ali. Assim que saí de vista, ouvi uma voz sussurrar atrás de mim:

More than I imagined -Solangelo -twilightOnde histórias criam vida. Descubra agora