Port Angeles parte 2

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POV WILL

Comecei com a pergunta fácil. — Por que você está em Port Angeles hoje? 

Percebi que, inconscientemente, tínhamos nos inclinado na direção um do outro sobre a mesa, porque nós dois nos endireitamos quando a garçonete se aproximou. 

Ela colocou o prato diante de mim "parecia muito bom" e se virou rapidamente para Nico.

— Mudou de ideia? — perguntou ela.— Não há nada que eu possa trazer para você? — Eu achava que não estava imaginando o duplo sentido da proposta.

— Outro refrigerante seria bom — disse ele, indicando os copos vazios sem afastar o olhar de mim. A garçonete olhou para mim agora, e consegui perceber que ela estava se perguntando por que uma pessoa como Nico estava olhando para alguém como eu daquele jeito. Ah, também era um mistério para mim. Ela pegou os copos e saiu andando.

--Você, Port Angeles, hoje? Arqueei uma das sombrancelhas o questionando novamente.

Ele olhou para baixo e cruzou as mãos lentamente sobre a mesa vazia à frente dele. Olhou para mim por baixo dos cílios longos, e havia sugestão de sorriso no rosto.

— Próxima — disse ele.

— Mas essa foi a mais fácil!

Ele deu de ombros.

— Próxima?

Olhei para baixo, frustrado. Tirei os talheres do guardanapo, peguei o garfo e espetei com cuidado um ravióli. Coloquei-o na boca devagar, ainda de olhos baixos, mastigando enquanto pensava. Os cogumelos estavam bons. Engoli e tomei outro gole da Coca antes de olhar para ele.

— Tudo bem, então. — Eu o fitei e continuei devagar. — Digamos, hipoteticamente, que… alguém… pudesse saber o que as pessoas estão pensando, ler a mente delas, sabe como é… com algumas exceções. — Parecia idiotice. Não tinha como, se ele não ia responder a primeira… 

Mas ele olhou para mim com calma e disse. — Só uma exceção. Hipoteticamente.

Ah, caramba. Demorei um minuto para me recuperar. Ele esperou com paciência.

— Tudo bem. — Tentei parecer casual. — Só uma exceção, então. Como uma coisa assim funcionaria? Quais são as limitações? Como… esse alguém… acharia outra pessoa exatamente na hora certa? Como poderia saber que eu estava numa encrenca? — Minhas perguntas convolutas não faziam nenhum sentido no final.

— Hipoteticamente? — perguntou ele.

— Claro.

— Bom, se… esse alguém…

— Vamos chamá-la de Jane — sugeri.

Ele deu um sorriso torto.

— Se sua Jane Hipotética estivesse prestando mais atenção, o momento não teria que ter sido tão preciso. — Ele revirou os olhos. — Ainda não entendo como isso pode acontecer. Como alguém se mete tanto em confusão, de forma tão consistente e em lugares tão improváveis? Você teria acabado com as estatísticas de criminalidade de Port Angeles por uma década, sabe.

— Não entendo como isso pode ser minha culpa.

Ele ficou me olhando com a frustração familiar nos olhos.

— Eu também não. Mas não sei quem culpar.

— Como você soube?

Ele olhou nos meus olhos, dividido, e achei que estava lutando contra o desejo de simplesmente me contar a verdade.

More than I imagined -Solangelo -twilightOnde histórias criam vida. Descubra agora