Livro Aberto

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POV WILL

— Oi — disse uma voz baixa e melodiosa.

Olhei para cima, atordoado por ele estar falando comigo. Estava sentado o mais distante de mim que a carteira permitia, mas a cadeira estava inclinada na minha direção. O cabelo gotejava, e o coque estava despenteado . Mesmo assim, ele parecia ter acabado de gravar um comercial. O rosto perfeito estava simpático, franco, um leve sorriso nos lábios carnudos e rosados. Mas os olhos longos estavam cautelosos.

— Meu nome é Nico di Ângelo — continuou ele. — Não tive a oportunidade de me apresentar na semana passada. Você deve ser Will Solace.

Minha mente girava de tanta confusão. Aquilo tudo teria sido fruto da minha imaginação? Ele agora estava sendo perfeitamente educado. Eu precisava falar; ele estava esperando. Mas não consegui pensar em nada de normal para dizer.

— Co-como você sabe meu nome? — gaguejei.

Ele riu baixinho.

— Ah, acho que todo mundo sabe seu nome. A cidade toda estava esperando você chegar. Eu franzi a testa, embora já soubesse que era algo desse tipo.

— Não — insisti, feito um idiota. — Quer dizer, por que me chamou de Will?

Ele pareceu confuso.

— Prefere William?

— De jeito nenhum — falei. — Mas acho que Apolo… quer dizer, meu pai… deve me chamar assim nas minhas costas. É como todo mundo aqui parece me conhecer — Quanto mais eu tentava explicar, mais idiota a explicação parecia.

— Ah. — Ele deixou o assunto de lado. Eu desviei os olhos, sem graça.

Felizmente, a Sra. Banner começou a aula naquele momento. Tentei me concentrar enquanto ela explicava a prática de laboratório que íamos fazer hoje. As lâminas na caixa estavam fora de ordem. Trabalhando em equipe, teríamos que separar as lâminas de células de ponta de raiz de cebola nas fases de mitose que representavam e rotulá-las corretamente. Não devíamos usar os livros. Em vinte minutos, ela voltaria para ver o que tínhamos conseguido.

— Podem começar — ordenou ela.

— Posso começar? — perguntou Nico.

Olhei para ele e o vi dando um sorriso com covinhas tão perfeito que só pude ficar olhando como um idiota. Ele ergueu as sobrancelhas.

— Ah, claro, pode começar — falei

Vi o olhar dele se dirigir para os pontos vermelhos surgindo nas minhas bochechas. Por que meu sangue não podia ficar nas veias, onde era o lugar dele? Ele desviou o olhar rapidamente e puxou o microscópio para o lado dele da mesa. Ele observou a primeira lâmina por um quarto de segundo, talvez até menos.

— Prófase. Ele botou a lâmina seguinte no microscópio, mas parou e olhou para mim.

— Ou você queria verificar? — desafiou ele.

— Ah, não, tudo bem — falei.

Ele escreveu a palavra prófase com capricho na primeira linha da folha de papel. Até a letra dele era perfeita, como se ele tivesse feito aulas de caligrafia ou alguma coisa assim. Alguém ainda fazia essas aulas? Ele mal olhou o microscópio com a segunda lâmina, depois escreveu anáfase na linha de baixo, fazendo uma curva no A, como se estivesse escrevendo um envelope de convite de casamento. Eu precisei fazer os convites do casamento da minha mãe. Imprimi etiquetas com uma fonte elegante que não chegava nem perto da letra de Nico. Ele colocou a terceira lâmina no lugar. Eu aproveitei que sua atenção estava voltada para isso e fiquei olhando para ele. Tão de perto, era de se pensar que daria para ver alguma coisa errada, uma sombra de espinha, um fio torto na sobrancelha, um poro, alguma coisa. Mas não havia nada. De repente, ele se voltou para a frente da sala, logo antes de a Sra. Banner chamar:

More than I imagined -Solangelo -twilightOnde histórias criam vida. Descubra agora