Distração

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POV Will 

Eu o segui para a varanda e parei. Ali, atrás da minha picape, estava um Jeep monstruoso. Seus pneus eram da altura da minha cintura. Havia grades de metal sobre os faróis e as lanternas traseiras, e quatro refletores grandes presos no para-choque. A capota rígida era vermelho-vivo.

Apolo soltou um assovio baixo.

— Coloquem o cinto.

Fui até o lado do motorista para abrir a porta para Nico. Ele entrou com um pulinho eficiente, mas fiquei feliz de estarmos no lado mais distante de Apolo, porque não pareceu totalmente natural. Fui até o meu lado e subi desajeitadamente. Ele já estava com o motor ligado, e reconheci o rugido que me surpreendeu antes. Não era tão alto quanto o da minha picape, mas parecia bem mais poderoso. Por hábito (ele não começaria a dirigir enquanto eu não colocasse o cinto), estiquei o braço para o cinto de segurança.

— O que… er… o que é tudo isso? Como eu…?

— É um arnês de off-road — explicou ele.

— Ah.

Tentei encontrar os lugares certos para todas as fivelas, mas não estava sendo muito rápido. De repente, as mãos dele estavam ali, voando em velocidade quase invisível, e sumiram de novo. Fiquei feliz que a chuva estivesse pesada demais para que Apolo enxergasse com clareza da varanda, porque isso significava que também não conseguia me ver com clareza.

— Er, obrigado.

— De nada.

Eu sabia que não devia perguntar se ele não colocaria o arnês dele.

Ele se afastou da casa.

— Mas é um… hã… Jeep bem grande o que você tem.

— É de Annabeth. Ela me emprestou para a gente não ter que correr o caminho todo.

— Onde vocês guardam essa coisa?

— Reformamos um dos anexos da casa e fizemos uma garagem.

De repente, a resposta anterior voltou à minha mente.

— Espere. Correr o caminho todo? Querendo dizer que ainda vamos ter que correr parte do caminho? — perguntei.

Ele repuxou os lábios como se estivesse tentando não sorrir.

— Você não vai correr.

Eu grunhi.

— Vou vomitar na frente da sua família, da última vez eu não vomitei por bem pouco.

— Mantenha os olhos fechados e vai ficar bem.

Balancei a cabeça, suspirei e estiquei a mão para segurar a dele.

— Oi, senti saudade.

Ele riu, um som agudo, não exatamente humano.

— Também senti. Não é estranho?

— Estranho por quê?

— Era de se pensar que eu teria aprendido a ser mais paciente nos últimos cem anos. E aqui estou, com dificuldade de passar uma tarde sem você.

— Que bom que não sou só eu.

Ele se inclinou para dar um beijo na minha bochecha, e  suspirou. — Você cheira ainda melhor na chuva.

— De um jeito bom ou de um jeito ruim?

Ele franziu a testa.

— Sempre os dois.

More than I imagined -Solangelo -twilightOnde histórias criam vida. Descubra agora