Esconde-Esconde

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POV WILL

— O QUE FOI? — eu tinha perdido o controle da voz. Estava sem inflexão, indiferente. Annabeth ficou me olhando. Mantive a expressão vazia e esperei. Os olhos dela. se desviaram do rosto de Percy para o meu, sentindo o caos. Eu sabia o que Percy tinha visto. Uma atmosfera de paz surgiu ao meu redor. Eu não lutei contra. Usei-a para manter as emoções sob controle. Percy também se recuperou. O rosto dele voltou à expressão normal.

— Nada — disse ele, a voz incrivelmente calma e convincente. — Só a mesma sala de antes. — Ele olhou para mim e se concentrou pela primeira vez. — Você quer café da manhã?

— Vou comer no aeroporto. — Eu também estava calmo. Quase como se estivesse pegando o sentido adicional de Annabeth, consegui sentir o desespero escondido de Percy para me tirar da sala para que ele pudesse ficar sozinho com ela. Para contar a ela que eles estavam fazendo alguma coisa de errado, que iam fracassar. Percy ainda estava concentrado em mim.

— Sua mãe está bem?

Tive que engolir uma onda de bile. Eu só podia seguir o roteiro que planejei mais cedo.

— Minha mãe estava preocupada — falei, a voz monótona. — Queria voltar para casa. Tudo bem. Eu a convenci de ficar na Flórida por enquanto.

— Que bom.

— É — concordei roboticamente.

Eu me virei e andei lentamente até o quarto, sentindo os olhos deles me seguindo por todo o caminho. Fechei a porta e fiz o que podia. Tomei banho e me vesti com roupas que cabiam. Vasculhei minha bolsa até achar a meia cheia de dinheiro. Eu a esvaziei no meu bolso. Fiquei ali por um minuto, olhando para o nada, tentando pensar em coisas que podia pensar. Tive uma ideia. Eu me ajoelhei ao lado da mesinha de cabeceira e abri a gaveta de cima. Por baixo do exemplar da Bíblia, havia folhas de papel de carta e uma caneta. Peguei uma folha de papel e um envelope na gaveta.

 "Nico", eu escrevi. Minha mão estava tremendo. As letras estavam quase ilegíveis. 

Eu te amo. Desculpe de novo. Desculpe. Ela está com a minha mãe e eu tenho que tentar. Sei que pode não dar certo. Lamento tanto. Não fique com raiva de Percy e nem de Annabeth. Se eu conseguir me livrar deles, vai ser um milagre. Diga a eles que agradeço. Principalmente a Percy. E, por favor, não vá atrás dela. É o que ela quer. Não consigo suportar a ideia de mais alguém se machucar por minha causa, principalmente você. É a única coisa que posso pedir agora. Por mim. Não lamento ter conhecido você. Nunca vou lamentar amar você. Me perdoe.

Will.

Dobrei o papel em três partes e guardei no envelope. Ela acabaria encontrando. Eu esperava que ela entendesse. Esperava que perdoasse. E, mais do que tudo, esperava que ouvisse. Quando voltei para a sala, eles estavam prontos. Fiquei sentado sozinho dessa vez no banco traseiro do carro. A me olhou pelo espelho quando achou que eu não repararia. Ela me manteve calmo, e gostei disso. Percy estava encostado na porta do passageiro, o rosto virado para Annabeth, mas eu sabia que estava me olhando pela visão periférica. O quanto ele viu? Estava esperando que eu tentasse alguma coisa? Ou estava concentrado nos gestos da rastreadora?

— Percy? — perguntei.

Ele estava cauteloso.

— Sim?

— Escrevi um bilhete para minha mãe — falei, lentamente. — Você daria para ela? Deixaria na casa dela?

— Claro, Will. — A voz dele estava cautelosa, da forma como se falava com alguém de pé em um peitoril. Os dois conseguiam me ver desmoronando. Eu tinha que me controlar melhor.

More than I imagined -Solangelo -twilightOnde histórias criam vida. Descubra agora