Declarações

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POV WILL

Era só Lou Ellen. Comecei a andar novamente

— Oi, Lou Ellen — falei.

— Oi, Will.

— E aí? — perguntei enquanto ia abrir a porta.

Olhei para ela e me enrolei com a chave. Ela parecia pouco à vontade.

— Hã, eu queria saber se você gostaria de ir ao baile de primavera comigo. Enfiei a chave na fechadura com cuidado.

— Me desculpe, eu não vou ao baile.

Precisei olhar para ela nessa hora. O rosto dela estava virado para baixo e o cabelo preto escondia os olhos.

— Ah, tá.

— Porque vou para Seattle — acrescentei rapidamente, tentando fazê-la se sentir melhor. — É o único dia em que posso ir. Então, você sabe, né. Espero que seja divertido e tudo. Ela ergueu o rosto.

— Tudo bem — disse ela, mas a voz estava um pouco mais alegre agora.

Quem sabe no próximo.

— Claro — concordei, mas me arrependi na mesma hora. Eu esperava que ela não entendesse isso tão literalmente.

— Tchau — disse ela por cima do ombro. Ela já estava fugindo. Eu acenei, mas ela não viu.

Ouvi um risinho baixo.

Nico estava passando pela minha picape, olhando para a frente, e a boca não dava nem sinal de sorriso. Parei por um segundo. Eu não estava preparado para ficar tão perto dele. Estava acostumado a me preparar antes da aula de biologia, mas aquilo foi inesperado. Ele continuou andando. Abri o carro num rompante e pulei para dentro, batendo a porta ruidosamente. Acelerei o motor ensurdecedor duas vezes e dei a ré para a rua. Nico já estava no carro dele, a duas vagas de distância, passando suavemente por mim, me dando uma fechada. Ele parou ali — para esperar pela família, eu supus. Pude ver os quatro se aproximando, mas ainda perto do refeitório. Olhei pelo retrovisor. Vi que começava a se formar uma fila. Bem atrás de mim, Calipso estava no Sentra usado recém-adquirido, acenando. Eu baixei a cabeça e fingi não a ver. Enquanto eu estava sentado ali, concentrando todos os meus esforços em não olhar para a motorista na minha frente, ouvi uma batida na janela do carona. Era Calipso. Olhei novamente pelo retrovisor, confuso. O carro dela ainda estava ligado, a porta, aberta. Inclinei-me na cabine para abrir a janela. Estava dura. Consegui abrir pela metade, depois desisti.

— Desculpe, Calipso, não posso andar. Estou preso. — Eu indiquei o Volvo. Era óbvio que não havia nada que eu pudesse fazer.

— Ah, eu sei. Eu só queria perguntar uma coisa enquanto estamos atolados aqui.— Ela sorriu.

Qual era o problema daquela escola? Era algum tipo de pegadinha? Confundir o cara novo?

— Quer ir ao baile de primavera comigo? — continuou ela.

— Eu não estarei na cidade, Calipso. — Percebi que fui meio ríspido. Tive que me lembrar de que não era culpa de Calipso que Silena e Lou Ellen já tivessem gasto minha quota de paciência.

— É, Silena me contou — admitiu ela.

— Então por quê…?

Ela deu de ombros.

— Eu esperava que você só estivesse se livrando dela do jeito mais fácil.

Tudo bem, a culpa era toda dela.

— Desculpe, Calipso — pedi, não me sentindo tão mal quanto fiquei quando recusei Silena e Lou Ellen. — Eu não vou ao baile.

— Tudo bem — disse ela, sem se deixar afetar. — Ainda temos o baile dos estudantes.

More than I imagined -Solangelo -twilightOnde histórias criam vida. Descubra agora