POV WILL
FOI DIFERENTE DE manhã. Todas as coisas que pareceram possíveis na noite anterior, no escuro, pareciam piadas ruins com o sol no céu, mesmo dentro da minha cabeça. Aquilo aconteceu mesmo? Eu me lembrava das palavras direito? Ele tinha mesmo dito aquelas coisas para mim? Eu fui mesmo corajoso o bastante para dizer as coisas que achei que tinha dito? A jaqueta dele, estava dobrada em cima da minha mochila, e tive que ir até ali para tocar nela. Aquela parte era real, pelo menos. Do lado de fora da minha janela, havia neblina e estava escuro, absolutamente perfeito. Ele não tinha motivos para não ir à escola hoje. Coloquei camadas de roupas, lembrando que não estava com o casaco e torcendo para não ficar encharcado até conseguir recuperá-lo. Quando desci, Apolo já havia saído; eu estava mais atrasado do que tinha percebido. Engoli uma barra de cereal em três dentadas, empurrei para dentro com leite bebido direto da caixa e corri porta afora. Com sorte, a chuva daria um tempo até eu poder encontrar Charles. Com sorte, meu casaco ainda estaria no carro dele. A neblina estava muito densa; o ar era quase fumarento. A bruma era gelada onde tocava no meu rosto, e eu mal podia esperar para ligar o aquecimento da minha picape. Era uma neblina tão densa que eu estava a pouca distância da entrada de veículos antes de reparar que havia outro carro ali; um carro prata familiar. Meu coração deu aquele salto duplo esquisito, e torci para não estar desenvolvendo nenhum problema cardíaco. A janela do passageiro estava abaixada, e ele estava inclinado na minha direção, tentando não rir da minha cara de "posso estar tendo um ataque cardíaco".
— Quer uma carona para a escola? — perguntou ele.
Apesar de estar sorrindo, havia incerteza na voz dele. Ele não queria que eu fizesse nada por ímpeto, queria que eu pensasse no que estava fazendo. Talvez até quisesse que eu dissesse não. Mas isso não ia acontecer.
— Quero, obrigado — eu disse, tentando parecer casual. Quando entrei no carro, percebi uma jaqueta caramelo pendurada no banco do carona.
— O que é isso?
— A jaqueta de Thalia. Eu não queria que você pegasse um resfriado nem nada, é unissex então não se preocupe com isso.
Coloquei a jaqueta com cuidado no banco de trás. Ele não parecia se importar de pegar as coisas dos irmãos, mas quem sabia o que eles achavam? Uma das imagens confusas que eu lembrava do acidente de carro, mesmo tendo sido semanas antes, era dos rostos dos irmãos olhando de longe. A palavra que melhor resumia a expressão de Thalia era fúria. Eu podia ter dificuldade de ter medo de Nico, mas achava que não teria o mesmo problema com Thalia. Peguei a jaqueta de Nico na mochila e coloquei em cima da jaqueta aclara.
— Estou bem — falei, e bati com o punho no peito duas vezes. — Meu sistema imunológico está em ótima forma.
Ele riu, mas eu não sabia se por me achar engraçado ou ridículo. Ah, tudo bem. Desde que eu o fizesse rir.
Ele dirigiu pelas ruas envoltas de névoa, sempre rápido demais, mal olhando para a pista. O cabelo estava preso em um nó na base da nuca, desgrenhado, com mechas caídas para todo lado, e a forma como exibia o pescoço esguio também era uma distração. Senti vontade de passar os labios por aquele pescoço… Mas eu tinha que tomar mais cuidado, como ele me avisou na noite anterior. Eu não sabia direito o que ele quis dizer, mas faria o melhor que pudesse, porque era uma coisa que ele precisava de mim. Eu não faria nada que fosse assustá-lo.
— E aí, não tem jogo das vinte perguntas hoje? — perguntou ele.
— Foi incômodo ontem à noite?
— Não incômodo, só… confuso.
Fiquei surpreso de ele achar isso. Parecia que a pessoa no escuro era ele.
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More than I imagined -Solangelo -twilight
RomanceNUNCA PENSEI MUITO em como morreria, embora nos últimos meses tivesse motivos suficientes para isso, mas, mesmo que tivesse pensado, não teria imaginado que seria assim. Olhei fixamente através do grande salão, dentro dos olhos escuros da caçadora...