More than I imagined -Solangelo -twilight

Visita Indesejada

POV WILL

ESTAVA COMEÇANDO A chover quando Nico entrou na minha rua. Até aquele momento, eu não tinha dúvidas de que ele ia ficar comigo enquanto eu passava algumas poucas horas no mundo real. Mas vi o carro preto velho estacionado na entrada de carros de Apolo e ouvi Nico murmurar alguma coisa ininteligível numa voz baixa e rouca.

Fugindo da chuva na pequena varanda da frente, Travis estava atrás da cadeira de rodas da mãe. O rosto de Ártemis era impassível como pedra enquanto Nico estacionava minha picape junto ao meio-fio. Travis olhou para baixo com expressão mortificada. A voz baixa de Nico soou furiosa.

— Isso está passando dos limites.

— Ela veio alertar Apolo? — conjecturei, mais apavorado do que irritado.

Nico limitou-se a assentir, respondendo ao olhar de Ártemis com os olhos semicerrados. Pelo menos, Apolo ainda não estava em casa. Talvez o desastre pudesse ser evitado.

— Deixe que eu cuido disso — sugeri. O olhar de Nico parecia… sério demais.

Para minha surpresa, ele concordou.

— Acho que é melhor. Mas tome cuidado. A criança não faz ideia.

— Criança? Sabe, Travis não é muito mais novo do que eu.

Nico olhou para mim, a raiva desaparecendo. Sorriu.

— Ah, eu sei.

Eu suspirei.

— Leve-os para dentro, para eu ir embora — disse ele. — Voltarei ao anoitecer.

— Pode ir com a picape — sugeri.

Ele revirou os olhos.

— Andando consigo ir até em casa mais rápido do que esta picape.

Eu não queria me separar dele

— Você não precisa ir embora.

Ele tocou na minha testa franzida e sorriu.

— Na verdade, preciso. Depois que se livrar deles — ele lançou um olhar sombrio na direção de Ártemis e Travis —, você ainda terá que preparar Apolo para conhecer seu novo namorado.

Nico riu da minha cara. Acho que conseguia perceber o quanto eu estava animado com isso. Não era que eu não quisesse que Apolo soubesse sobre Nico. Eu sabia que ele gostava dos Cullen, e como poderia não gostar de Nico?  Mas agora saber que seu único filho é gay e ainda querer que a reação dele fosse boa, era pedir demais.

— Volto logo — prometeu ele. Seus olhos voltaram à varanda, e ele se inclinou para me dar um beijo rápido na lateral do pescoço. Meu coração quicou na caixa torácica e também olhei a varanda. A cara de Ártemis não estava mais impassível e suas mãos se fecharam nos braços da cadeira.

— Logo — falei enquanto abria a porta e saía para a chuva. Pude sentir os olhos dele nas minhas costas enquanto quase corria até a varanda.

— Oi, Travis. Oi, Ártemis. — Cumprimentei-os do modo mais animado que pude.

— Apolo está passando o dia fora. Espero que não estejam aguardando há muito tempo.

— Não muito — disse Ártemis num tom de derrota. Seus olhos escuros eram penetrantes. — Eu só queria trazer isto. — Ela indicou um saco de papel pardo em seu colo.

— Obrigado — eu disse automaticamente, mas não fazia ideia do que podia ser.

— Por que não entram por um minuto e se secam?